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quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Narração - Larissa Beulke.

Ontem era um dia normal. Eu digo "era", não por ser passado, bom talvez sim. O mundo que conhecíamos acabou no segundo em que o caos reinou na Terra. Eu achei que era brincadeira, muitos de vocês também acharam, ou ficaram se perguntando o que diabos estava acontecendo quando as pessoas andavam, ou se mexiam memso depois de tiros e coisas inúteis que tentávamos fazer para nos defender. Inúteis. Eles eram zumbis, qualquer um no século XXI sabia disso, depois da indústria de jogos lançar um jogo de zumbis atrás do outro qualquer um podia reconhecer os sinais.
Meu nome é Sieglinder Larissa Beulke, ou Lari, ou mais recentemente, doutora Larissa. Se bem que a faculdade de medicina agora já não importa mais. Minha história começa três meses atrás, numa cirurgia esperimental da faculdade....

-Então, o que fazemos para resolver esse problema? Alguém sabe?
Gilson era meu professor de neurocirurgia, uma parte fundamental da medicina. Apesar de não ser muito comum, ainda fazíamos parceria em cirurgias de verdade, com riscos reais. Nada de computadores, ou hologramas nem nada tecnologico. Apenas um corpo inerte com um problema que eu já sabia a resposta.
-Primeiro temos que limpar a área da incisão.
Eu estava com um caderno e uma caneta em mãos, apesar dos palpites, os alunos de medicina da faculdade apenas observavam a cirurgia em tempo real ( E muito perto, para o desgosto de alguns).
-Ótimo, mas pelo tempo que demoraram para responder, o paciente poderia estar em risco.
É claro que esse paciente não estava em risco. Ele estava morto. Insuficiencia renal, dizia o laudo. mas é claro que se fosse numa cirurgia real, com médicos agindo ágil e rapidamente o tempo seria crucial.
-Depois de limpar com gaze e este líquido aqui - ele mexeu o vidro escuro- Pegamos o bisturi e começamos com uma incisão...
Antes que ele terminasse, uma mulher alta, loira e de óculos entrou correndo na sala.
-Doutor, precisamos que venha rápido!
Ela estava ofegante, estranho. Ele a encarou por alguns segundo e ela lhe lançou um olhar significativo.
-Bom, Escrevam seus nomes nesta folha aqui e estão dispensados.
A folha foi passando de mãos em mãos até chegar em mim, os alunos estavam discutindo o que estaria acontecendo. Eu estava andando devagar pelo longo corredor dos laboratórios, logo estava sozinha.
-Sinistro.
Não que me agrade ficar sozinha perto de salas com cadáveres mais não adiantaria nada correr para a saída, minha carona só chegaria em quinze minutos. Eu ouvi passos largos atrás de mim, me virei.
A mesma mulher que entrou na sala estava correndo com uma bandeja cheia de coisas até uma sala estranha que eu nunca tinha reparado. Com cuidado eu a segui. A porta era cinza, diferente de todas as outras. A pequena janela tinha grades, outra coisa incomum em faculdades de medicina, mas nada contra. A mulher andava preocupada de um lado para o outro, ela tinha uma seringa em mãos.
Sem querer espiar nem nada, mas a cena era realmente estranha. Veja bem, uma mulher estranha e aflita corre com uma bandeja cheia de coisas para uma sala estranha que eu nunca tinha reparado, onde estavam acontecendo coisas estranhas que eu não entendia, estranho não? A mesma cena se demorou por mais alguns minutos e então a mulher suspirou de alívio e levou as costas da mão á testa para limpar o suor. Depois vários professores de matérias diferentes se runiram e começaram a discutir alguma coisa. Colocaram a mão no meu ombro, eu pulei.
-Ei, calma. Sou só eu.
Phe riu. Só para informar que ele é meu namorado e que veio me buscar na faculdade, não que eu não tenha carro nem nada. É legal, porque quando ele vem me buscar, geralmente vamos no shopping damos uma volta e voltamos para casa.
-O que você estva vendo ali?
Ele riu.
-Apenas coisas estranhas que eu provavelmente nunca vou entender. Nada de mais.
Naquela semana nada mais de estranho aconteceu, á não ser pela minha nota em um teste, tirando isso tudo normal. Agora eu vou avançar um mês quando o inferno na minha vida começou.
-Bisturi.
Eu estava no meio de uma cirurgia, uma cirurgia real onde a vida do paciente dependia da minha. Era uma menino, 12 ou 13 anos. Foi atingido na barriga por uma bala perdida, a bala perfurou três órgãos, quebrou uma costela e se alojou em algum lugar por ali. Eu tinha que abrir o menino, procurar a bala e reparar todos os danos sem deixar nada de ruim acontecer. Complicado mas não impossível. Era a minha primeira cirurgia de nível crítico. Eu estava na sala com uma médica chamada Candice Camargos, ela tinha uns 30 e poucos anos e estava gritando comigo.
-Me passa logo esse bisturi ou faça alguma coisa você mesma!
Na sala também estavam doi enfermeiros, um cuidava dos batimentos da criança e o outro via a pressão arterial. Eu fiz a incisão e logo saiu todo aquele sangue nojento, escorreu para os lados da mesa de metal que o menino estava deitado. A médica rapidamente colocou a mão lá dentro e começou a remecher tudo por ali, claro que quando ela achou a bala ela usou a pinça pra tirar mas foi nojento.
-Os batimentos estão diminuindo, o sangue não está sendo bombeado!
As enfermeiras mexiam nos aparelhos e depois anotavam tudo. A médica fazia o que eu deveria fazer, se eu não tivesse pensando com tanta clareza, com certeza estaria em choque.
-Droga, ele precisa de Adrenalina.
Adrenalina é uma droga que aumenta os batimentos cardíacos, pulsando o sangue mais rapidamente para o corpo. O problema é que não tínhamos na sala. E esse foi o erro. Primeiro Candice saiu correndo, depois as enfermeiras e logo eu estava sozinha numa sala com um menino que estava morrendo.
-Eu tenho que fazer alguma coisa.
Eu corri para as prateleiras, procurando um frasco de Adrenalina.
-Qual é! Que raios de hospital não tem todos os remédios em uma sala de cirurgia?
Eu achei um frasquinho de Adrenalina bem no fundo, atrás de todos os remédios. Peguei a ficha do garoto para ver o peso dele e poder aplicar a quantidade certa do remédio. Ele pesava 48 quilos então pelas minhas contas 30 militros seriam suficiente para tudo voltar ao normal. Eu coloquei o remédio no soro que ele recebia, logo o peito dele começou a oscilar normalmente. por um minuto estava tudo certo. Por um minuto. O corpo do menino começou a se debater na mesa de metal, ele estava literalmente pulando e então ele parou. Do nada ele ficou quieto e um barulho encheu a sala. Um "piiiiiii" contínuo anunciava que o coração dele havia parado de bater.
-Não, não, não...
Eu corri até ele e comecei a reanima-lo.
-1, 2, 3. 1, 2, 3.
Acabou. O meninp havia morrido por minha causa. Candice e as enfermeiras entraram na sala e a primeira coisa que ouviram foi o som inconfundível de um coração parado. É claro que ela gritou comigo, as enfermeiras não sabiam o que fazer e eu estava catatônica.
[Continua...]

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