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quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Narração- Phelipe Braga

[Continuação...]* Dia do fim do mundo aproximadamente 18:40*
-Tatz?
-Sim?
-Você não acha que estamos indo um pouco rápido demais?
-Não, olha um carro turbo merece ser acelerado, certo?
Ela estava sim indo rapido demais, rápido demais para as leis de trânsito e rápido demais para que os freios funcionassem.
-Tatz...
-Sim?
-Carro.
Ela desviou muito rápido e puxou o carro para a esquerda, o carro estava bem mais devagar agora, mas infelizmente batemos o carro favorito da Bia numa árvore.
-Phe?
Ela olhou para mim.
-Acho que vamos ter encrenca.
-Sim, a Bia vai te matar.
Saímos do carro e ficamos um olhando para o outro.
-Eu disse que era má idéia. A Bia vai te matar Tatz.
-Ela não ousaria, talvez ela me bata, muito, mas nada além disso.
O Phe chegou até a janela.
-Tudo bem aí?
-Com a gente ta tudo legal, mas e com vocês?
-Estamos de boa.
Iara apareceu por de trás da cabeça da Lala sorrindo.
-Você sabe que a Bih não vai perdoar isso né?
-Eu não estava ao volante, me tira dessa.
Ergui os braços em rendição.
-Ela não vai matar ninguém se não descobrir.
Eu, Iara, Lala e Pammy caímos na risada.
-Cara, era o carro favorito dela desde Lua Nova. Você arrebentou ele. Ela com certeza vai perguntar pelo carro.
-Quer apostar?
-Cinco reais que ela pergunta pelo porsche quando acordar.
-Feito.
-Feito.
Elas apostaram e depois entramos no carro. Um pouco de aperto no banco de trás.
-A Bia tá dromindo desde o posto?
Nossa, ela devia estar cansada.
-Não - Lala riu- Ela bateu a cabeça quando vocês arrebentaram o porsche.
-A tá, tomara que ela fique bem.
-Ela vai ficar.
*Estrada para o Guarujá algum horário antes de escurecer.*
- Precisamos acordar a Bia.
-O que tem depois desse túnel?
Lala estava no banco da frente enquanto as meninas não estavam sendo esmagadas lá atrás.
-Eu não sei, por isso que a Bia tem que acordar, vai que eu não estou no caminho certo...
Pammy, Iara e Tatz estavam falando sobre ela.
-Será que ela vai acordar?
-Mas é claro que sim Pamella! Ela não morreu, ainda.
Eu sorri.
-Tomara que ela acorde logo, eu não sei o caminho.
Lala olhou para trás.
-Ela vai acordar, eu sei disso.
Eu fiz uma curva pra direita e alguém bateu alguma coisa.
-Ai.
-Não disse?
-Ai.
-O que foi?
Lala olhou para Bia.
-Bom, além de eu não enchergar nadinha, minha cabeça doí e meu pescoço queima e minhas costas estão doloridas.
-Ah, só isso?
As meninas estavam segurando o riso.
-Sim, só isso.
Ela se sentou e fez uma cara engraçada.
-Tudo bem?
A Iara colocou a mão no ombro da Bia. Depois de algum tempo ela falou de novo.
-Eu... Eu não estou me sentindo bem pessoal.
-Eu preciso que você me diga o caminho, tá legal?
Estávamos indo em direção á um túnel.
-Esse é o primeiro?
-O que?
A voz dela estava esquisita.
-O primeiro túnel, temos quatro pela frente se esse é o primeiro. Depois deles tem mais uma meia hora de estrada com placas sinalizadas para o Guarujá. Esse é o caminho.
-Tudo bem, você precisa de alguma coisa?
-Agora não vai ter nada pela estrada e vocês não vão se arriscar por minha causa. Sigam com a viagem, lá tem alguma coisa pra mim.
-Tá legal.
Seguimos com a viagem, ela deve ter adormecido uma ou duas vezes e acordado com o balanço do carro. Ela estava com algo em mãos, e sorriu ao ver o que quer que fosse. Depois ela colocou o celular no ouvido.
-Gordinha? Onde você tá?
Uma resposta mal ouvida.
-Gorda, me escuta. Eu vou voltar pra te buscar. Me espera, eu já estou indo.
-Phe?
Eu olhei pelo retrovisor.
-Sim?
-Preciso de um enorme favor de vocês. Minha amiga ficou presa com aqueles caras na barricada. A gente precisa ir buscar ela, só que ela não está sozinha. Acho que estão dois meninos com ela, a ligação estava falhando. Eu posso contar com vocês pra isso?
-Claro.
-Sim.
-Pode ser.
-Acho que sim.
-Eu não sei.
Eu olhei para a Pammy, que havia descartado a proposta.
-Porque?
-Sofremos um bocado pra passar de lá, e agora você quer voltar pra buscar uma amiga sua? Me desculpa, mas eu descordo. Eu deixei para trás muitas amigas minhas, ainda bem que estou com vocês, mas voltar pra buscar sua amiga seria como voltar para buscar as minhas amigas.
-Pamella. Eu entendo o que você sente. Não vou dizer que respeito a sua opnião porque não respeito. Eu quero voltar pra buscar ela, não porque ela é minha amiga. Mas porque ela não tem idéia do que fazer, e aqueles caras podem fazer coisas ruins com ela. E ainda tem meus amigos que estão sozinhos e com medo. Eu não te obriguei a vir, não te obriguai a abandonar tudo o que conheceu para fugir do caos. Eu não obriguei ninguém. No entanto vocês quiseram me acompanhar. E se a maioria quiser seguir em frente eu vou ser obrigada a ficar e voltar. E então?
-Acho que nossas opniões não mudaram. A gente volta pra buscar sua amiga.
E então foi isso. Demos meia volta e seguimos para a barreira que sofremos para passar.
-Dessa vez a gente não vai estar em desvantagem.
Eu levantei a arma que peguei. A Bia deu um berrinho.
- Onde diabos você conseguiu isso?
-Dentro da loja. um policial teve o azar de encontrar com aqueles militares eu acho. Tinha um tiro na cabeça mas não parecia estar infectado. Eu peguei a arma, algumas balas e um pente reserva. Graças a seis meses no exército, eu aprendi algumas coisas úteis.
Lala aumentou o volume do rádio. Wolfmother, Woman.
-Alguma recordação meninas?
Elas riram.
-Bons dias eram aqueles que a gente jogava guitar hero no recreio.
-É, agora não vão mais existir.
Um silêncio mortal se formou.
-Não vão mais existir, mas pelo menos eu ainda sei a letra.
A estrada seria diferente agora, espero que tudo dê certo.
[Continua...]

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