Bem Vindos...

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Velhos E Novos Amigos.

Após quase sermos mortos por dezenas de zumbis no mercado, ficamos um pouco apreensivos quando entramos no mercado menor. Tipo 98,9% de vezes menor do que o outro.
-Porque não nos separamos? Será mais rápido pra sair daqui?
Iara, que ficou bem perto dos zumbis estava bem agitada.
-Assim também será bem mais rápido para sermos mortos...
Eu sempre ví, lí e aprendi que se você se separar do grupo, você morre. Pena que as 15 regras de ouro para um filme de terror foram esquecidas no outro mercado.
-Tá, temos que pegar o que aqui?
-Esqueci dos acendedores de churrasqueira, e de algumas panelas.
O Colírio queria parecer forte e não se importar, mas olhava para os lados como se estivesse sendo perseguido. não que eu vá zoar ele ou coisa assim, ele ficou cara a cara com um zumbi que estava sem metade da cabeça. É forte até para mim, só que por sorte eu estava com o efeito da adrenalina do momento no sangue. Todos estavam abalados, a maioria ficou bem perto de um zumbi sangrento bem perto do seu nariz.
-Seguinte, vamos corredor por corredor, o que for útil a gente pega, ok?
-Ok!
Eles disseram em coro, e depois sorriram.
No corredor um havia produtos de limpeza, pegamos algumas coisas muito úteis como sabonetes, desodorantes, coisas para lavar roupa e é claro, papel higiênico. Você pode achar que isso não faz falta, tente acampar no meio do nada por três longos dias. Os produtos para lavar roupa eu peguei pensando na casa que iríamos ficar, eu já tinha passado por ela. Várias e várias vezes. Ótimo esconderijo desses monstros. Muros altos, sistema de segunrança por câmeras, fora que a eletricidade é gerada de um gerador á etanol. Os donos faziam parte do Green-Peace e outros órgãos protetores da natureza. No fim do corredor ainda não tinha nada do que se espantar, nem sangue, nem intestinos, cérebros, ou zumbis vindo em nossa direção. Era apenas um mercado bem pequeno com alguns consumidores que saíriam sem pagar.
-Esta tudo muito quieto né?
Lala perguntou para o Phe.
-Não diz isso Lala, regra de prata - Era como chamávamos as regras menos importantes- Nunca fale está tudo quieto, porque a pessoa vai responder, quieto demais. Aí pronto, fudeu. Aparece um pisicopata com uma serra elétrica por de trás da cortina.
Eu ri. Tudo bem, era verdade, mas agora a Tatz estava errada, não seria um pisicopata, mas sim um walker. ( Resolvi usar o termo que usam no The Walking Dead, mesmo sabendo que eu nunca saberei o que vai acontecer no capítulo final da temporada)
-Tá quieto sim- eu respondi- mas a gente nao viu nada quebrado e nem manchas de sangue como no outro mercado- eu me virei e continuei andando de frente para eles- vai ver que esse aqui não tem ninguém.
Assim que eu acabei de falar, algo duro encostou na minha cabeça e o pessoal fez cara de assustado. o Phe colocou a mão para trás pra pegar a arma certamente.
-Parado aí!
Era um homem, não tão velho quanto o do posto. Talvez vinte e poucos anos. Um clique e a arma da pessoa atrás de mim estava carregada.
-Ótimo, escapei de vinte zumbis para morrer por um humano.
Ele apertou mais a arma na minha cabeça.
-Solta ela, a gente não quer nada aqui. Só estamos de passagem.
Lala estava prestes a dar um passo para frente. Outra pessoa passou por mim, uma menina mais ou menos da minha altura. Estava com o cabelo preso em rabo de cavalo e usava uma camiseta preta, uma calça jeans e um tênis.
-Tarde demais, vocês vão atrair aquelas coisas para cá.
Ela estava com uma pistola apontada pra Lala.
-Calma- Eu disse- A gente sai sem fazer barulho.
Eu olhei para o Phe e inclinei a  cabeça em direção da menina, ele assentiu.
Num movimento rápido eu girei e passei por baixo do braço do menino, agarrei sua mão e dobrei seu braço. Ele estava com o braço em "v" com a arma apontada para a própria cabeça e eu estava usando seu corpo como escudo. Como eu fiz isso? Algumas brigas com o meu irmão e muitas horas jogando Play Station Move.  Mas ainda assim era uma proeza o que eu acabei de fazer.
Eu sorria enquanto vía o que fiz, a menina olhava assustada para mim e alternava o olhar entre o Phe e eu. Ela abaixou a arma e se afastou dela, a Lala pegou a arma e apontou para além de nós. Eu virei um pouco a cabeça, havia outra menina com uma chave inglesa levantada. Uma chave inglesa, não é tão ridiculo quanto uma mangueira de gasolina mas, eu nunca havia visto uma assim de tão perto. Ela estava bem atrás de mim.
-Solta isso.
Eu apontei para a chave inglesa na mão dela. Analisando a situação, ela soltou a "arma" que fez um som alto e estranho.
-Solta ele.
A outra menina dava passos pequenos em minha direção.
-Fica longe, ou ele mesmo vai estourar a própria cabeça.
Ela parou.
-Por favor, a gente não queria machucar vocês, é só que estamos seguros aqui e nada pode estragar isso.
-A sua amiga  e seu amigo aqui mostraram o contrário.
Ela ergueu as mãos em rendição.
-Me solta, eu prometo que não vou tentar nada, olha a arma está sem munição, me deixa ir.
O menino que eu segurava não tentou se soltar, mas eu o soltei.
-Tá de brincadeira né! Como você ameaça uma pessoa com uma arma sem balas!
-Usamos todas para limpar o lugar.
A menina da chave inglesa me respondeu.
-Meu nome é Anne Tsubaki, muito prazer.
Eu coloquei a arma como eles fazem nos filmes, mesmo sem balas e mesmo desconfortável.
-Tsubaki né? Nome diferente... Eu sou a Nathalia.
Estendi a mão para ela e ela sacudiu.
-Eu sou Wood.
O menino que eu segurei veio se apresentar. Já tava virando festa. Depois dele a outra menina veio falar comigo.
-Sou a Milly.
Depois disso eles se apresentaram para os outros.
-Tsubaki? Você vía Soul Eater?
Iara e Talita estavam enchendo a menina com perguntas sobre animes e essas coisas. O Phe me deu um pente de munição e me mostrou como carregar a arma. Eu não sabia atirar, mas já fiz algumas aulas com o meu tio que era policial, e jogando muito paintall com o meu irmão. Se o alvo estivesse perto, estava tudo bem.
Logo, todos estavam conversando sobre assuntos variados, eu fui dar uma pequena volta que durou apenas 23 passos. Em uma sala com a porta entreaberta, havia uma cadeira.
Eu entrei devagar e na cadeira havia uma menino, eu apontei a arma e ele levantou rapidamente, logo gemendo de dor.
Ele estava com a camisa aberta e estava com as costelas enfaixadas,havia um ponto de sangue nas bandagens.
- Eu ergueria as mãos, mas você está vendo o meu estado.
Ele sorriu.
-Tudo bem eu... O que foi isso aí? Não foi uma mordida certo?
Eu apontei a arma para a cebça dele.
-Talvez eu responda se você abaixar a arma.
-Não estou brincando, você sabe o que acontece com os mordidos, certo?
-Relaxa, eu sei. Os mordidos estão mortos e não há volta.
Eu sorri, ele viu os filmes do Resident Evil.
-O que aconteceu com o pessoal? Estão todos bem?
-Relaxa, houve um pequeno mal entendido no começo mas estão todos comversando agora.
-Ele se sentou de novo na cadeira, aliviado.
-Hum.. Meu nome é Nathalia.
-Ah sim, Oi, meu nome é Gabe.
-Tá, eu já volto sim?
-Tudo bem.
Eu não sou muito sociável, admito. Também sou a pessoa mais sem assunto que existe na face da Terra. 23 passos de volta e eles ainda estavam conversando. Anne Tsbubaki veio falar comigo.
-Você o viu?
-Quem?
-Gabe. Ele se machucou quando tentamos sair daqui, mas não é uma mordida, eu garanto.
-Sei disso, ele me disse.
-Ele falou com você?
Ela parecia espantada.
-Sim, em português alto e claro.
-Ele estava em choque até agora.
Anne era um pouco mais alta do que eu, estava com uma camiseta de mangas curtas vermelha, uma calça jeans, all-star e tinha uma pulseira, clássica dos rockeiros no pulso esquerdo.
-Bom, acho que ele esta melhor agora.
Eu sorri. Ela também.
-Eu vou vê-lo, aquele machucado pode infeccionar.
Ela foi andando na direção da porta entreaberta onde Gabe estava, por alguns minutos eu fiquei sozinha. Me recostei na prateleira do mercado, acho que grandes amizades comaçariam assim agora.
"Abaixa a arma. Não abaixa você.- os dois abaixam as armas- Nossa, como você não me matou, vamos ser amigos e trabalhar juntos para sobreviver nesse apocalipse zumbi."
Lucas me viu e veio andando na minha direção.
-Não gosta muito de falar, não é?
-Eu só não tenho assuntos que sejam motivos de conversa.
Ele se sentou no chão e fez um gesto para que eu sentasse com ele.
-Eles vão vir com a gente?
-Se eles quizerem, mas eles tem tudo organizado aqui.
-Você vai perguntar se eles vão vir pra praia das conchas com a gente?
Praia das conchas. Era a praia da ponta direita olhando para o mar, depois da praia de São Pedro. Eu nunca disse os nomes das praias para ninguém, nem pras meninas. E na hora no mercado ele havia dito que o outro mercado que ele conhecia ficava á 2 km do outro. Realmente ficavam a essa distância. Ele pode ter morado aqui, ou ter uma praia aqui. Mas ele nunca saberia o nome das praias e a distância exata dos mercados. Eu sei porque eu morava dois meses aqui. Todo ano eu ficava dois meses no memso lugar, desde pequena. Mas ele não. Ou pelo menos, não que eu saiba. Quem era aquele garoto?

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