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sexta-feira, 27 de abril de 2012

Fora De Rumo.


Anne, Milly e Colírio estavam no banco de trás comigo, não consegui ver quem dirigia. Mas se o Colírio estava aqui significava que a Jamille estava também. Ou não. Eles começaram a discutir como um bando daqueles estava escondido na floresta. Sério. Não havia sentido em todos aqueles zumbis estarem esperando na floresta. Eu encostei minha cabeça no vidro, ciente de que a arma não estava comigo, eu saí do carro e corri em direção á porta de ferro que agora estava totalmente aberta. O corpo dele estava lá, os braços aberto do lado do corpo, os olhos terrivelmente abertos, sangue por todo o rosto. Eu puxei as mangas, de repente estava muito frio ali dentro. Eu cheguei mais perto, a bala fez um buraco não muito fundo em sua cabeça, eu me abaixei e fechei seus olhos. Não aguentaria olha-los por muito tempo. Peguei a arma e andei de volta, um barulho de porta se fechando fez com que eu parasse, de repente meu coração bateu mais rápido com a falsa impressão de que ele pudesse ter sobrevivido, depois voltou ao estado de depressão que se encontrava antes. Eu voltei correndo, ele não sobreviveu havia mais alguém ali. Quando entrei, não havia corpo, não havia o menino que eu matara porque era necessário. Só havia o sangue, e rastros de que alguém o puxou porta afora. Cheguei bem á tempo de ver um homem alto e moreno carregando o corpo do Vinnicius para dentro de uma caminhonete vermelha. Eu não consegui gritar, a cena era estranha demais. Eu só consegui gravar um detalhe antes do carro aparecer na estrada, eu ví aquela caminhonete vermelha no noticiário 3 meses antes. Algo sobre algum sequestro ou algo assim, o cara era maluco. Tatz e a Pamella chegaram poucos minutos depois que o carro zuniu pela estrada. Elas estavam preocupadas.
-O que você tá fazendo aqui fora sua maluca?
-Alguém levou o corpo dele.
Eu estava em choque.
- Quem Bia? O corpo de quem?
-Do Vinny, um cara levou o corpo dele.
Elas se entreolharam.
-Vamos pro carro, a gente fala com o Phe sobre isso.
Eu as segui, ainda com a cena na cabeça. Quando eu entrei no carro, disseram que eu ia dirigir.
-Bom, já que insistem!
Jamille, Colírio, Anne e Milly estavam no carro comigo. A estrada parecia longa, sem rumo e diferente agora que eu matara alguém, alguém cujo o coração ainda batia, cujos olhos ainda imploravam para que eu não atirasse, cujo as mãos estavam estendidas para mim. As lágrimas começaram a cair e eu só ví a pedra estava no meio da estrada tarde demais para pensar em outra coisa á não ser desviar o carro. Entramos na floresta, o carro passava zunindo pelas árvores mesmo quando o meu pé estava apertando o freio. Estávamos num barranco e só Deus sabe onde iria parar.
-Bia!
Eu olhei para a Jamille que estava agarrada ao banco como se sua vida dependesse disso. Pelo retrovisor, Colírio olhava espantado pela janela, Milly olhava para suas mãos e Anne era a única que parecia estar se divertindo. Isso era estranho. O carro parou, estávamos numa clareira, ás árvores formando um círculo quase perfeito, o céu azul com poucas nuvens era convidativo e agradável. Eu tinha uma certeza, estávamos presos ali em baixo. Saímos do carro e encaramos o lugar, era até bonito. O padrão das folhas, as cores que iam florescendo e ganhando vida conforme o verão se aproximava mais e mais. Estávamos numa espécie de buraco, as paredes de terra ficavam mais íngremes quando estavam mais perto de nós e se aproximavam do nível do asfalto ao subir um pouco mais. Não era fundo, mas o carro não iria subir de jeito nenhum. Tínhamos outro problema, não poderíamos passar a noite no meio da floresta com zumbis á solta.
-Bia!
Alguém gritou meu nome lá de cima, provavelmente a Lala ou o Phe.
-Estamos aqui!
Um momento e responderam.
-Conseguem subir?
-Não tenho certeza de que o carro consegue, mas nós conseguimos!
-Não vai caber todo mundo na Hilux, tenta achar outro caminho!
-Tá legal!
Antes de eu dar o primeiro passo em direção as árvores, o Colírio me parou.
-Deixa que eu vou.
-Tem certeza?
-Tenho sim.
Ele sorriu e saiu andando por entre as árvores. Enquanto isso estávamos presas em um círculo de folhas secas e coloridas, eu me sentei. Não havia como escapar de tudo isso, eu estava cansada e o dial mal havia começado. Alguém sentou do meu lado.
-Ei.
-Ei.
Alguns minutos em silêncio.
-O seu nome é Bia ou Nathalia? É que eu estou meio confusa.
Eu ri, Anne era uma das poucas pessoas que ainda não sabiam o meu nome.
-O meu nome é Beatriz, mas fica muito agressivo então eu digo Bia, mas me traz lembranças demais então eu mudei para Nathalia, um nome que eu sempre gostei.
Ela me encarou por alguns instantes e falou.
-Eu prefiro Bia sabe? Parece mais com você.
Ela riu e depois ficamos em silêncio.
-Como é seu sobrenome mesmo? É que ele é meio difícil de se decorar.
Ela sorriu.
-Tsubaki, mas não é realmente o meu sobrenome. Anne nem é meu verdadeiro nome, é Anna, mas eu prefiro assim. É mais como eu sou.
-E como você é?
-Difícil de se definir, incontente com o que tem e muito temperamental.
Eu sorri.
-Não seria minha definição...
Alguém grita o meu nome na direção onde o Colírio foi. Sem perceber eu já estava correndo e bem perto do lugar minha mente estava cheia de " Ele está em perigo! Eu deixei a porcaria da arma no carro! O que será que aconteceu? Eu preciso ir mais rápido."
Quando eu cheguei ele estava perto de uma trilha de terra, havia um riacho, uma cachoeira e muitas árvores, daqui eu não conseguia ver o céu. Ele estava ajoelhado na perna direita e eu não conseguia ver onde estava o outra perna dele. Algo estava errado, por que ele não estava de pé?
-Aqui Bia!
-Não precisa gritar Colírio já estou aqui.
Andei em sua direção percebendo o que estava errado, o lugar estava com cheiro de sangue e eu ví que ele tinha sido pego por uma armadilha de caça. Algo muito incomum no litoral de São Paulo.
-Ai meu Deus! Não se mexe tá legal! Eu vou buscar ajuda, espera ai...
-Não Bia.
-Não venha com essa menino, eu vou ali buscar ajuda e já volto pra te tirar daí!
-Bia...
-O que foi?
-A estrada fica por ali, o carro deles está á uns vinte metros da entrada.
Ele sorriu.
-Ah, então tá. Fica ai. Eu já volto.
Enquanto subia para a estrada eu só conseguia pensar na perna dele, e no que eu ficava dizendo. "Fica ai..." Como se ele fosse realmente se levantar e fugir de mim. O outro grupo, formado pela Lala, Phe, Tatz, Pammy, Iara, Lucas e Gabe estava discutindo alguma coisa quando eu cheguei.
-Galera!
Eles me olharam e vieram do meu lado.
-Graças a Deus você conseguiu subir.
-Onde estão os outros?
-Eles estão bem?
-Você consegue trazer o carro?
-Gente, o carro está por ali, a saída da clareira é daquele lado e eu preciso que a Lala venha comigo com a mochila dela.
 Eu já estava com a mochila preta e pesada da Lala quando comecei a puxá-la pelo braço.
-O resto de você fica ai!
Eu andei com ela de volta para a cachoeira explicando o que tinha acontecido. A pedra, o carro caindo, o que eles falaram e como o Colírio ficou preso. Quando chegamos ele estava no mesmo lugar que o deixei, ainda preso na armadilha.
-Bom, não é algo que eu tenha aprendido á fazer, mas não pode ser complicado.
Ele estava preso pela calça, a armadilha tinha pego boa parte da calça dele mas pouca parte de sua perna. De onde vinha o cheiro de sangue então?  Assim que cortamos metade da calça do Colírio ele se levantou dizendo para mim que sabia que não era nada sério mas eu parecia estar muito agitada então ele me deixou ir pegar ajuda. Ele riu.
-Não tem graça sabia. Eu achei que era alguma coisa bem séria.
Voltamos para onde deixei o carro, as meninas pareciam preocupadas.
-Calma gente, achei uma saída daqui, podemos seguir com a viagem.
Elas se levantaram.
-Ja tá na hora da gente chegar nessa praia aí né Bia, ai vamos ter chuveiro e cama e comida!
-Se o problema é banho, tem uma cachoeira logo ali naquela direção.
Ela não pareceu gostar da idéia.
-A gente podia acampar por aqui. A viagem até Bertioga vai demorar mais duas horas, chegando lá a gente vai ter que arranjar um lugar pra ficar mesmo, por que não passar a noite aqui?
Anne e Milly estavam de acordo com a ideia, o Colírio pareceu aceitar qualquer coisa que propuséssemos, a Jamille não ficou muito contente com a ideia de dormir nos carros ou nas barracas no meio do mato. No estacionamento de uma loja de usados tudo bem, mas no meio do mato nuca! A Lala disse que precisava pensar e então voltamos com o carro para o encontro com o resto de nossos amigos. Depois de explicar que teríamos que fazer turnos para a vigilância e etc, eles concordaram. Uma noite no meio da floresta era bem melhor do que passar a noite tirando sangue das paredes. Depois de almoçar ficamos conversando, eu aproveitei pra subir numa árvore e olhar em volta. Era definitivamente bonito por ali. Ás árvores, as folhas, as flores e o riacho. Todos os sons faziam do lugar um paraíso, ao pôr do sol alguém teve a ideia de entrarmos na água. Eu tenho sérios problemas com água gelada então só coloquei os pés. Depois jogaram água em mim e eu acabei entrando na brincadeira. A noite chegou logo e já estávamos montando o turno de guarda. Eu iria ser a segunda já que o Lucas se ofereceu para ir primeiro. Arrumamos os carros de modo que se algo acontecesse ficaria fácil para fugir, arrumamos a barraca, algumas pessoas escolheram dormir nos carros e eu quis dormir no capô de novo. Era legal ficar ali e observar como a lua fazia desenhos com as folhas. Depois de algum tempo eu dormi. Estava na mesma sala em que atirei no Vinny horas antes, mas havia algo diferente. O corpo estava ali, do jeito que eu encontrei, mas os olhos estavam fechados e o sangue fazia uma poça do lado dele. Quando eu cheguei mais perto os olhos dele se abriram e brilharam em vermelho vivo, ele havia se levantado e avançava contra mim no pequeno espaço, eu tentava sair de lá mas a porta estava trancada e eu não estava com a arma. Ele iria me morder se eu não tivesse acordado gritando.
-Ei.. Tudo bem?
Alguém estava segurando a minha mão no escuro, eu tinha quase certeza de quem era.
-Tudo.. Tudo bem sim.
-Tem certeza? Você não parece muito legal.
Eu me levantei. Não. Não estava legal. Tinha sido um dia estranho e cheio de mortes e preocupações, não era nada legal saber que eu tinha matado alguém.
-Quer ir dar uma volta e esfriar a cabeça?
-Quero.
Lucas foi me guiando ate pegar uma lanterna em qualquer lugar, nos afastamos para que não acordássemos ninguém. Ainda assim não me parecia seguro falar o que estava me incomodando.
-Melhor agora?
Ele me perguntou, eu suspirei. Não iria melhorar até que eu voltasse pra minha vida normal.
-Como você aguenta? Eu digo, toda aquela história de que você matou por acidente a garota dos seus sonhos e fugiu, eu sei que não faz muito tempo mas eu... Eu não aguento.
Ele me olhou.
-Eu também não. Antes de dormir me culpo por cada movimento que eu fiz naquela noite. Se eu não tivesse me distraído ela estaria viva, e eu não teria que viver com a culpa. Mas por que isso agora? porque você não aguenta, ou melhor, o que você não aguenta.
-Nada, quer dizer, tudo...
- O que aconteceu naquela sala quando os zumbis invadiram, eu vi que você estava chorando.
Eu suspirei, não queria contar mas se guardasse talvez nunca mais  poderia dormir.
-Eu matei ele.
A voz saiu tão baixa que até eu me estranhei. Mas ele entendeu, claro que entendeu, porque logo em seguida ele me abraçou, rapidamente e depois me olhou.
-Eu sinto muito.
E então eu contei pra ele, o que o Vinny havia dito, o que eu respondi, como eu me senti depois que a arma disparou. Eu estava chorando, estava triste, sobrecarregada. Não sou a pessoa certa pra guiar todo mundo pra essa praia. Foi exatamente o que eu falei.
-Olha, eu sei que é difícil , principalmente com todo esse peso sobre você. mas olha pra nós, pra todos nós, estamos vivos e bem perto de chegar não é? Isso não seria possível sem você, ou sem o seu plano maluco de fugir, ou sem a sua capacidade de arrumar as coisas. A gente não estaria aqui se não fosse por você.
No fundo ele tinha razão, não estaríamos aqui. Nem tão perto, provavelmente estaríamos mortos, ou transformados em zumbis. Ou em algum canto escuro com medo de morrer. Mas estamos aqui, no meio da floresta, dormindo quase que tranquilamente esperando o dia chegar para poder seguir com o plano. E o dia realmente chegou. Depois de chamar e Phe e voltar a dormir o sol logo nasceu, resolvi andar por aí já que não voltaria a dormir. Acabei por chegar onde o riacho formava uma poça. o cheiro de sangue havia voltado, agora mais forte, eu, curiosa como sempre, segui o cheiro que de sangue se transformou em algo podre e nojento, havia uma uma cerca que me separava de um barranco. lá em baixo, bem lá em baixo haviam centenas, talvez milhares de zumbis. Mais ao longe tinha uma casinha de montanha, daquelas com porta de madeira e chaminé. Acontece que os zumbis estavam presos numa grade que separavam a casinha do campo. E a chaminé da casinha, soltava fumaça sem parar.


quinta-feira, 19 de abril de 2012

Narração- Larissa Beulke

* 2 meses antes do apocalipse zumbi* ( Parte Final)
-Então a senhorita sabe que, pelo motivo aqui tratado teremos que remover a sua licença para fazer cirurgias experimentais e reprová-la na matéria, voltando-a para o primeiro semestre da faculdade.
-Eu entendo e aceito as condições.
-Senhorita Beulke, você deve saber que isso acarreta todos os males possíveis para você, e muitas consequências viram com a sua decisão. Os pais do garoto querem abrir um processo contra você, a condição para que eles não abram é a sua total expulsão da faculdade. Então você tem duas opções, desistir da faculdade e tentar outro vestibular no ano que vem, ou acarretar as consequências e aceitar o processo, voltando a cursar a faculdade de onde parou, tendo que fazer um trabalho como reposição da nota.
-Eu...
O que eu deveria dizer? Que aceito levar um processo com apenas 19 anos de idade? Ou que desisto do meu grande sonho de me formar na faculdade? As paredes claras da pequena sala da diretora geral da minha faculdade se fechavam contra mim. Eu não tinha escolha, não agora, abalada, chocada e confusa.
-Eu preciso pensar... Te trago uma resposta na segunda feira.
-Eu entendo a sua situação, querida. Para todos nós o primeiro erro sempre vem.
Ela pegou minha tremula mão que repousava em cima da sua mesa de mármore.
-Eu sinto tanto por você querida, sinto que isso tenha lhe ocorrido com tanta pouca idade. Pense muito bem em sua decisão, volta quando tiver certeza está bem?
-Sim senhora.
E então eu saí da sala, peguei o metrô que me deixava á poucos quarteirões de casa e considerei as opções. Quando cheguei expliquei tudo aos meus pais.
-Filha, você não pode desistir da sua faculdade, você trabalhou tanto pra isso!
-Eu sei pai mas...
-E vamos te ajudar com o que for preciso se aquela família seguir com aquela ideia.
-Sim, mas eu não tenho certeza sobre o que fazer. Eu vou tomar um banho, dormir um pouco e amanha eu falo sobre isso.
Foi uma noite cheia de pesadelos, o corpo do menino tremendo e depois totalmente parado, o rosto pálido da diretora, as enfermeiras incompetentes que me deixaram sozinha. Quando eu acordei já havia tomado minha decisão, eu não ia desistir. Não ia mesmo.
* 5 semanas depois *
-Eu marco um recesso para daqui á duas horas.
A juíza bateu o martelo e adiou o resto da "reunião" para podermos pensar. A família tinha toda a razão, eu fui a culpada pela morte do filho deles, não havia dinheiro ou qualquer outra coisa que pudesse trazê-lo á vida. Eu estava andando pelos corredores da corte onde o julgamento estava acontecendo quando ouvi vozes vindo de uma pequena sala.
-Poisé, a metidinha daquela doutorazinha não sabe o que vem por aí.
Uma risada.
-Ela nem imagina que aquilo tudo era uma cirurgia falsa, com um corpo falso e uma família falsa.
Outra risada.
-E esse processo que ela tá levando vai deixar ela bem longe da faculdade,  aquela enxerida!
Deus! Como assim! Eu fiquei em choque, ouvi minha mãe eu meu pai me chamando, andei até eles.
-Filha, o que você vai fazer?
-Não esquenta mãe, mentirosos são descobertos muito facilmente nas mãos de alguém sem culpa.
Eu tinha um plano, só tinha que falar com a minha advogada. Assim que expliquei para Letícia Mendes o que havia acontecido ela quase pulou de alegria.
-Bem, então o seu caso é muito fácil. Se elas estavam comentando sobre isso aqui, e agora, quer dizer que não conseguem guardar um segredo por muito tempo. A juíza voltou e reiniciou o caso, minha advogada não me explicou o que fazer, disse que tinha tudo em mãos.
-Eu chamo, a  clínica geral responsável no dia, Candice Camargo, para depor.
Primeiro ela ficou surpresa, depois ajeitou os óculos e jogou o longo cabelo ruivo para trás. Andou até o lugar e jurou falar somente a verdade perante os júris.
-Então doutora, é verdade que era você a responsável pelo local?
-Sim.
-E então, de acordo com as testemunhas você saiu da sala em meio a cirurgia?
-Sim, estávamos em falta de um remédio na sala e precisávamos urgentemente.
-Obrigada e sem mais perguntas meritíssima.
O advogado da familia fez algumas perguntas irrelevantes para ela e depois a dispensou. Logo após isso eles me chamaram para depor, foi um choque, eu admito. Não achei que eles iriam querer ouvir o que eu tinha pra dizer.
-Sieglinder Larissa Beulke, você jura dizer a verdade, apenas a verdade e somente a verdade perante o júri?
-Eu juro.
-Prossiga.
-Bom, senhorita, Larissa, o que aconteceu no dia em questão?
-Estávamos todos na sala, eu, Candice e mais duas enfermeiras.
Eu as apontei no meio da multidão, elas não reagiram.
-Então a cirurgia começou a dar errado, não havia adrenalina na sala e Candice saiu seguida pelas enfermeiras, me deixando sozinha com a criança. Eu achei um frasco do remédio na prateleira e de acordo com as anotações das enfermeiras apliquei o remédio, o corpo do menino entrou em colapso e depois o coração dele parou de bater. Candice e as enfermeiras voltaram e me culparam pela morte do garoto, designando a mim a tarefa de contar aos pais a notícia. Foi isso.
-Sim, sem mais perguntas meritíssimo.
A minha advogada me parabenizou pela calma com que eu falei, e depois chamou a enfermaira Beatrice Klain para depor. Ela ficou tão branca e tão nervosa que quase não conseguiu balbucear um sim perante o julgamento. A parte seguinte foi tão rápida que eu não consegui distinguir as perguntas da advogada, ela apenas ia falando e enquanto ela falava a enfermeira ficava mais nervosa e  então ela falou.
-Não! Não foi isso que aconteceu! Era tudo uma farsa, ainda é! O corpo era falso, a operação falsa e a família não é nem de verdade! A gente só queria tirar essa enxerida do caminho, ela viu o que não devia e então tinha que ser punida. Pronto! Chega de mentiras!
A juíza ficou surpresa.
-Bom, então eu dou o ganho de causa para Sieglinder Talita Beulke, eu a declaro inocente.
Comemoramos, é claro, dois dias depois eu ainda não havia voltado para a faculdade. Estava pensando em desistir, porque não seria a primeira vez que eu veria algo estranho como a Loura de óculos interrompendo a nossa aula, e essa com certeza não era a pior coisa que eles poderiam fazer. nas semanas seguintes um amigo de infância do Phe foi preso, colocaram uma enorme matéria sobre isso nos jornais, falaram disso por semanas. O jovem brilhante que enlouqueceu. Não imaginávamos que ele havia ficado tão louco á ponto de sequestrar a minha irmã.
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Cara, eu me senti na obrigação de responder ao comentário da Mari porque ela foi muito fofa e eu to falando sério. Muito obrigada mesmo linda *-*
( Pra Tatz não ficar com ciúme : Se você não postar eu vou entrar em greve u-u hahahahaah )

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Narração- Phelipe Braga

Depois que a Lala conseguiu salvar a Bia, tudo ficou melhor. não que os acontecimentos recentes fossem motivo de alegria, mas podíamos sorrir por algum tempo antes que algum zumbi faminto corresse atrás de nós.
-Lala? A gente podia parar um pouco pra descansar assim você dava uma olhada na Bia e tudo. A gente já passou pelos túneis, eu preciso dela acordada desse ponto.
-Tudo bem, eu quero mesmo esticar as pernas.
Saímos do carro e montamos um pequeno acampamento, todos ao redor de uma fogueira, comendo e rindo. Talvez fosse a cena mais feliz que eu tenha visto nesses últimos meses.
 * 3 meses antes do apocalipse zumbi *
-Ela ja chegou?
-Não ! Ela devia estar em casa faz uns 20 minutos.
- Calma Lala, ela deve ter se atrasado na escola.
-Ela não atende o celular. Onde ela deve estar?
Assim que a Dona Denise disse isso o telefone tocou. O senhor Beulke, pai das meninas, atendeu.
-Tudo bem.
Uma única resposta, algo estava errado.
-Ela foi sequestrada. Nossa filha foi sequestrada.
Ele estava em choque, tanto que a Lala foi buscar alguma coisa na cozinha. Pouco tempo depois ele nos explicou, o cara queria 1milhão e passar pelo firewall da maior empresa do mundo. Ele era louco. E então eu me lembrei, na escola, havia um amigo meu que tinha uma idéia um tanto louca. Ele queria se formar em ciência biológica, criar um antídoto para qualquer coisa e ficar muito rico. Ele não batia muito bem da cabeça, sempre todo retraído e estranho. Eu nunca o levei a sério até que ele foi preso por entrar no banco de dados da Medi-Com, ele ficou preso até mês passado eu acho.
Sexta passou muito devagar, Denise, o Beulke e a Lala ficavam aflitos, choravam e esperavam pela chegada da polícia. Depois que eles foram embora eu decidi ir também, não havia muito o que eu podia fazer se não lembrar das estranhas palavras de Jason, meu amigo do colégio.
"Eu tenho essa ideia Braga, eu vou ficar rico!" Essas palavras ficaram na minha mente até que eu caí no sono. No sábado, os policiais esperaram uma ligação que não veio. Finalmente no Domingo eu pude acompanhá-los até um galpão velho onde acharam ele. Jason Mueller. Ele havia sequestrado a Tatz e a Iara, louco por vingança, antes de fugir ele olhou para mim e disse :" Isso ainda não acabou Braga, eu vou revolucionar o mundo!" E então ele correu.
-Tudo bem?
A Lala me tirou dos pensamentos.
-Tudo sim, eu ainda não acredito que escondemos tudo da Bia, ela precisava saber.
-Phe, na época em que tudo aconteceu ela tinha acabado de sair do castigo por ser presa, ainda estava tentando se recuperar da raiva que ela sentida daquele menino. Não era uma boa hora pra contar que a melhor amiga dela tinha side sequestrada e que o cara tava solto.
-Eu sei, mas porque a gente mentiu pra ela dizendo que a Tatz tinha passado mal, e que a Iara estava gripada. A gente devia ter dito a verdade, mesmo depois de tudo.
-Porque você tá se importando com isso agora bobinho?
Ela me beijou e fomos comer. Depois colocamos a Bia no banco de trás do carro para que a Lala pudesse ver melhor o ferimento.
-É, não parece uma boa ideia estragar tudo isso agora.
Comemos, rimos e concordamos em manter segredo sobre o incidente do começo do ano. Quando as meninas começaram a brincar de lutinha.
-Qual é Tatz, você é a mais fraca de todos nós. Só ganha porque tem essas unhas de Zé do caixão.
A Iara mostrou a lingua. E elas começaram a se empurrar até que a Tatz bateu no vidro e a Bia gritou, altamente e tão agudo que meus ouvidos doeram. Ajudamos ela a sair do carro, a Tatz sorriu, todos a saudaram felizes por ela estar viva.

-Pessoal, eu acho que seria melhor a gente ir.
Lala veio falar comigo.
-Você vai querer comer primeiro, deve estar muito fraca, perdeu bastante sangue.
-Eu não acho que tenhamos tempo para isso.
Assim que ela disse isso, um bando enorme de zumbis nos alcançou, correndo, espumando e sedentos por nosso sangue. Tentamos encaixar a Bia no banco de trás mas a cada tentativa era um grito dela e uma aproximação dos zumbis.
-Você vai ter que ir na caçamba. sinto muito.
-Que seja! Só tire a gente daqui.
Colocamos ela lá atrás com os amigos da Bia e entramos no carro. Eu tentei girar a chave, uma , duas , três vezes, a chave travou.
-Phe! Tira a gente daqui!
-A chave emperrou!
-Phe!
-Eu sei fazer ligação direta.
- O quê?!
O menino estranho falou pela primeira vez, em meio ao carro apertado eu troquei de lugar com ele, assim que o menino juntou os fios o carro pegou e aceleramos na estrada. Peguei a mão da Lala e adormecemos grande parte do caminho.