Bem Vindos...

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Narração- Larissa Beulke

Depois de colocar todo mundo no carro, depois de acordar a Bia e depois de voltar com os amigos dela, bom... Olha o que aconteceu:
-Phe! tira a gente daqui!
Estava todo mundo nos carros, a Bia estava lá atrás com um menino estranho que não falou nada até agora. Sei lá, os amigos estranhos são dela mas aquele menino era esquisito demais.
-Phe?
Eles estavam pegando as armas, eu me virei e olhei pela janelinha do carro enquanto as meninas gritavam e o Phe olhava para a estrada e acelerava, os amigos da Bia se abaichavam e cobriam as cabeças. Eu olhava e infelizmente ví o que não queria. A Bia gritava e olhava par aos lados e de repente ela veio para frente e olhou para o céu. Uma mancha vermelha começou a se formar na blusa dela e aí, ela caiu. Simplesmente assim, como se não fosse nada.
Eu gritei. Foi imperceptível em meio a tanto caos. O vento que entrava na Hilux bagunçava o meu cabelo e eu não tirava a cena da minha cabeça. A Bia revirava os olhos e caía, exatamente como nos filmes. Só que mais assustador. Ela tinha levado um tiro. Isso não era nada legal.
-Cadê a Bia?
Iara a Pamella a Tatz e a amiga da Bia estavam olhando umas para as outras quando não a viram pela janela. Daí o menino com capuz falou pela primeira vez.
-Tamos que parar agora!
Daí o Phe respondeu com toda a calma do mundo, claro, ele não tinha visto alguém levar um tiro.
-Vou ter que entrar no meio da mata.
-Tanto faz, ela ta sangrando!
Daí as meninas começaram a gritar de novo. Talvez eu estivesse em choque, não tive reação nenhuma, a não ser gritar mas isso é normal.
Demorou alguns minutos para entrarmos na floresta. O tempo agora era crucial. Assim que paramos eu desci e fui vê-la. Nem me importei com a presença do menino estranho. Ela precisava ser salva.
-Faz quanto tempo que ela caiu?
-Cinco talvez sete minutos.
-Bom, a bala provavelmente está aí dentro então eu vou ter que tirar.
-Você sabe como fazer isso?
-Sim. Infelizmente sim.
Por sorte,eu inventei de trazer umas ferramentas médicas que estavam na minha bancada pra fazer um trabalho. Os professorem inventam de tudo. Então, na pressa, eu coloquei tudo da bancada na mochila.
-Cadê o diabo da minha mochila...
Eu estava resmungando enquanto tentava não encostar na Bia, nem no menino e ignorar os olhares curiosos de todos atrás de mim enquanto procurava a minha mochila preta. Infelizmente havia outras três mochilas pretas. Algum tempo depois eu achei, um tempo não muito longo eu espero.
-Cai fora.
Eu apontei pro menino estranho que estava ao lado da Bia.
-Porquê?
-Sai logo!
E daí ele se levantou e pulou depois foi andando em direção á uma árvore.
-Vocês também!
O resto também saiu, eles estavam preocupados. E eu me ví na mesma situação que estava meses atrás.
-Vai ter que dar certo.
Eu sussurrei para mim mesma enquanto tinha que tirar a blusa manchada da Bia para começar a improvisada cirurgia.
-Eu não vou deixar você morrer Bia.
Eu sussurrei as palavras para mim,  enquanto as imagens do meu erro médico passavam pela minha mente.
Foi difícil, não só porque o sangue ainda estava escorrendo e eu não tinha tempo pra pensar. Iria doer, sorte que ela estava desacordada. Eu peguei o bisturi e  fiz a incisão, ainda não estava inflamado. Por sorte eu retirei a bala bem rápido, pude fechar o ferimento e rezar para que ela acordasse. Foi a mesma experiência.
Mas dessa vez eu estava feliz por ter conseguido. Logo ela iria acordar.
-Phe!
Ele veio correndo.
-O que aconteceu?
-Eu consegui! Ela vai ficar bem.
Eu estava sorrindo, não só porque finalmente superei o meu erro como pude ajudar alguém sem ter terminado a faculdade.
-Gente!
Eles aos poucos se levantavam a vinham correndo para perto do carro.
-Ela está bem?
-Quando ela vai acordar?
- O que vai acontecer?
-Me diz que ela vai ficar bem...
-Calma gente...
Eles estavam com olhares preocupados no rosto, felizmente eu tinha boas notícias para dar.
-Ela vai ficar bem, vai demorar um pouco até que ela acorde mas ela vai ficar bem!
E eles abriram sorrisos e começaram a falar todos ao mesmo tempo.
-Bom, agora acho que a gente tinha que sair daqui, não é uma boa ideia ficar no meio da mata.
Então entramos no carro, aquele menino estranho voltou com a Bia, como o carro estava cheio ela teve que voltar lá atrás mesmo. A estrada agora estava um pouco mais feliz, talvez a Bia tivesse razão. Talvez estamos mesmo indo em direção ao paraíso.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Narração- Phelipe Braga

[Continuação...]* Dia do fim do mundo aproximadamente 18:40*
-Tatz?
-Sim?
-Você não acha que estamos indo um pouco rápido demais?
-Não, olha um carro turbo merece ser acelerado, certo?
Ela estava sim indo rapido demais, rápido demais para as leis de trânsito e rápido demais para que os freios funcionassem.
-Tatz...
-Sim?
-Carro.
Ela desviou muito rápido e puxou o carro para a esquerda, o carro estava bem mais devagar agora, mas infelizmente batemos o carro favorito da Bia numa árvore.
-Phe?
Ela olhou para mim.
-Acho que vamos ter encrenca.
-Sim, a Bia vai te matar.
Saímos do carro e ficamos um olhando para o outro.
-Eu disse que era má idéia. A Bia vai te matar Tatz.
-Ela não ousaria, talvez ela me bata, muito, mas nada além disso.
O Phe chegou até a janela.
-Tudo bem aí?
-Com a gente ta tudo legal, mas e com vocês?
-Estamos de boa.
Iara apareceu por de trás da cabeça da Lala sorrindo.
-Você sabe que a Bih não vai perdoar isso né?
-Eu não estava ao volante, me tira dessa.
Ergui os braços em rendição.
-Ela não vai matar ninguém se não descobrir.
Eu, Iara, Lala e Pammy caímos na risada.
-Cara, era o carro favorito dela desde Lua Nova. Você arrebentou ele. Ela com certeza vai perguntar pelo carro.
-Quer apostar?
-Cinco reais que ela pergunta pelo porsche quando acordar.
-Feito.
-Feito.
Elas apostaram e depois entramos no carro. Um pouco de aperto no banco de trás.
-A Bia tá dromindo desde o posto?
Nossa, ela devia estar cansada.
-Não - Lala riu- Ela bateu a cabeça quando vocês arrebentaram o porsche.
-A tá, tomara que ela fique bem.
-Ela vai ficar.
*Estrada para o Guarujá algum horário antes de escurecer.*
- Precisamos acordar a Bia.
-O que tem depois desse túnel?
Lala estava no banco da frente enquanto as meninas não estavam sendo esmagadas lá atrás.
-Eu não sei, por isso que a Bia tem que acordar, vai que eu não estou no caminho certo...
Pammy, Iara e Tatz estavam falando sobre ela.
-Será que ela vai acordar?
-Mas é claro que sim Pamella! Ela não morreu, ainda.
Eu sorri.
-Tomara que ela acorde logo, eu não sei o caminho.
Lala olhou para trás.
-Ela vai acordar, eu sei disso.
Eu fiz uma curva pra direita e alguém bateu alguma coisa.
-Ai.
-Não disse?
-Ai.
-O que foi?
Lala olhou para Bia.
-Bom, além de eu não enchergar nadinha, minha cabeça doí e meu pescoço queima e minhas costas estão doloridas.
-Ah, só isso?
As meninas estavam segurando o riso.
-Sim, só isso.
Ela se sentou e fez uma cara engraçada.
-Tudo bem?
A Iara colocou a mão no ombro da Bia. Depois de algum tempo ela falou de novo.
-Eu... Eu não estou me sentindo bem pessoal.
-Eu preciso que você me diga o caminho, tá legal?
Estávamos indo em direção á um túnel.
-Esse é o primeiro?
-O que?
A voz dela estava esquisita.
-O primeiro túnel, temos quatro pela frente se esse é o primeiro. Depois deles tem mais uma meia hora de estrada com placas sinalizadas para o Guarujá. Esse é o caminho.
-Tudo bem, você precisa de alguma coisa?
-Agora não vai ter nada pela estrada e vocês não vão se arriscar por minha causa. Sigam com a viagem, lá tem alguma coisa pra mim.
-Tá legal.
Seguimos com a viagem, ela deve ter adormecido uma ou duas vezes e acordado com o balanço do carro. Ela estava com algo em mãos, e sorriu ao ver o que quer que fosse. Depois ela colocou o celular no ouvido.
-Gordinha? Onde você tá?
Uma resposta mal ouvida.
-Gorda, me escuta. Eu vou voltar pra te buscar. Me espera, eu já estou indo.
-Phe?
Eu olhei pelo retrovisor.
-Sim?
-Preciso de um enorme favor de vocês. Minha amiga ficou presa com aqueles caras na barricada. A gente precisa ir buscar ela, só que ela não está sozinha. Acho que estão dois meninos com ela, a ligação estava falhando. Eu posso contar com vocês pra isso?
-Claro.
-Sim.
-Pode ser.
-Acho que sim.
-Eu não sei.
Eu olhei para a Pammy, que havia descartado a proposta.
-Porque?
-Sofremos um bocado pra passar de lá, e agora você quer voltar pra buscar uma amiga sua? Me desculpa, mas eu descordo. Eu deixei para trás muitas amigas minhas, ainda bem que estou com vocês, mas voltar pra buscar sua amiga seria como voltar para buscar as minhas amigas.
-Pamella. Eu entendo o que você sente. Não vou dizer que respeito a sua opnião porque não respeito. Eu quero voltar pra buscar ela, não porque ela é minha amiga. Mas porque ela não tem idéia do que fazer, e aqueles caras podem fazer coisas ruins com ela. E ainda tem meus amigos que estão sozinhos e com medo. Eu não te obriguei a vir, não te obriguai a abandonar tudo o que conheceu para fugir do caos. Eu não obriguei ninguém. No entanto vocês quiseram me acompanhar. E se a maioria quiser seguir em frente eu vou ser obrigada a ficar e voltar. E então?
-Acho que nossas opniões não mudaram. A gente volta pra buscar sua amiga.
E então foi isso. Demos meia volta e seguimos para a barreira que sofremos para passar.
-Dessa vez a gente não vai estar em desvantagem.
Eu levantei a arma que peguei. A Bia deu um berrinho.
- Onde diabos você conseguiu isso?
-Dentro da loja. um policial teve o azar de encontrar com aqueles militares eu acho. Tinha um tiro na cabeça mas não parecia estar infectado. Eu peguei a arma, algumas balas e um pente reserva. Graças a seis meses no exército, eu aprendi algumas coisas úteis.
Lala aumentou o volume do rádio. Wolfmother, Woman.
-Alguma recordação meninas?
Elas riram.
-Bons dias eram aqueles que a gente jogava guitar hero no recreio.
-É, agora não vão mais existir.
Um silêncio mortal se formou.
-Não vão mais existir, mas pelo menos eu ainda sei a letra.
A estrada seria diferente agora, espero que tudo dê certo.
[Continua...]

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

No Caminho Certo.

A loja não ficava muito longe do mercado, eu deveria saber.Foram apenas oito quadras e mais sete porque a última estava com a rua bloqueada por walkers( não sei se esse termo vai pegar). Milly, Wood, Gabe e Anne vieram comigo e com Lucas na caçamba. Eu estava começando a me acostumar com esse lugar. Milly e Wood eram namorados, e eu não descobri isso de um jeito legal. Eles começaram a se pegar bem na nossa frente.
-Não liga não, esses dois são assim mesmo. Do nada estão quase um engolindo o outro.
Eca, Anne estava com um celular em mãos. Falando nisso, havia algo no bolso da minha calça jeans, eu supuz ser meu celular. Não que fosse importante, dentro de algumas horas não haveria mais sinal nenhum. E nem pessoas com quem se comunicar. Eu não percebi que Lucas ainda segurava minha mão até que ele desceu do carro segurando-a.
-Quer ajuda pra descer?
Ele sorriu.
-Não, valeu.
E então pulei de alguns pequenos metros sem esforço nenhum. Eu nunca fui do tipo de menina muito delicada, seria bobagem começar a ser logo agora.
A loja não era muito grande, apenas uns 15 carros estacionados em um lugar coberto.
-Tá, vocês vão escolhendo os carros enquanto eu vou pegando as chaves que devem estar no escritório.
Eles se dividiram em grupos, basicamente os mesmos de sempre. Seria bom procurar as chaves sozinha, seria bom pensar e analisar o que havia acontecido. Certo, ele estava vivo ou melhor, estava vivo e conseguiu me encontrar. Logo aqui, no meu paraíso secreto. Eu demorei tanto tempo pra negar o que sentia por aquele menino, demorei tanto pra aceitar que  o que ele fez foi errado, que agora que o tive na minha frente, quase não disse o que havia planejado e ignorei todos os meus pensamentos por mais um momento com ele. Era estranho pensar assim, mas é estranho que zumbis existam então eu não duvido de mais nada. não duvido que ele esteja lá ainda. Certamente pensando em mim. NÃO.  Eu não posso me deixar levar assim. Que coisa. Se eu fosse tão molenga, como sobreviveria a essa era de sangue?
Eu cheguei á uma porta cinza, entreaberta. Um mal sinal. Eu pensei em dar meia volta e chamar o Phe, ou o Wood, ou o Gabe talvez até o Lucas, mas eu não posso depender de outras pessoas para tudo agora. A arma ainda estava comigo. Não sei como não me incomodou quando sentei no carro, mas ela estava carregada e pronta para disparar. Eu pensei em entrar, mas seria muito medrosa se ouvesse algo por trás daquela porta. Então, como eles fazem nos filmes, resolvi fazer um pouco de barulho para atrair o que ouvesse ali dentro, ao meu encontro. Devo admitir que parecia uma boba. Imagine uma menina de quinze anos, com uma arma consideravelmente pesada em mãos e um medo percorrendo sua espinha. Agora imagine essa garota tremendo muito. Era eu. Eu não poderia disparar um alarme de carro, poderia atrair mais zumbis pra cá. Então, muito inteligente da minha parte, eu fechei a porta e comecei a chutá-la. Um chute, nada aconteceu. Dois chutes, nada ainda. Eu estava quase entrando de qualquer jeito quando puseram a mão no meu ombro machucado.
-Problemas com a porta?
Lucas riu.
-Aí - Eu estava tirando a mão dele do meu ombro- Na verdade, estou me certificando que eu não vou morrer lá dentro.
-Desculpa. Ei, você não devia deixar a porta aberta, daí se alguma coisa estivesse lá dentro ela saíria e você atiraria nela?
Ele sorriu.
-São apenas detalhes meu caro.
Ele pegou minha mão e com a outra abriu a porta.
-Viu, nada aqui dentro.
Bem, havia algo ali. Mas estava meio impossibilitado de se levantar, ou de fazer alguma coisa. O corpo irreconhecível estava jogado no chão, todo aberto e cheio de mordidas.
-Vamos procurar rápido, sim?
Eu estava começando a enjoar. Procuramos em três gavetas, bom pelo menos eu procurei. Lucas encarou uma gavetinha menor por pelo menos três minutos. Depois ele arrancou a gaveta apenas puxando-a com uma certa delicadeza.
-Cara, a gaveta estaav trancada. Como você puxou ela assim?
Ele estava começando a me assustar. Não só pelo fato de saber coisas que eu não sabia sobre esse lugar, ou pelo fato de ter se envolvido em um acidente de carro que matou a menina que ele gostava. mas pelo fato de ser incrivelmente forte e destemido. Algo que nem o Phe, o garoto mais velho que eu tenho contato, consegue ser completamente. Ele não tem medo, nem dos zumbis e nem da morte. E isso, é muito estranho.
-Mágica.
Ele riu, eu não achei graça.
Voltamos para onde o pessoal estava reunido. Lucas tentou pegar minha mão denovo, mas eu não deixei. Não enquanto ele parece ser um completo estranho pra mim.
-Escolheram?
-Sim!
Gabe, Milly e Wood estavam perto de um Chevy 68 com pinturas de corrida. Não me pergunte como eu sei o nome do carro, eu apenas sei. E Tatz, Iara e a Jamille estavam quase que abraçando um Jipe amarelo. Certo. Não era a minha porsche, e nem era um carro veloz. Mas era amarelo e isso já bastava. No geral, todas as mulheres gostam de carrinhos amarelos. É estranho, mas nem tanto quanto um apocalipse zumbi. Depois de algumas tentativas com chaves de diferentes formatos, conseguimos ligar os carros.
-Gente?
Gabe estava apoaido no Chevy.
-Sim?
Eu me virei para olhá-lo melhor. Ele com certeza era mais velho que eu. Era um pouco mais alto que o Lucas, era moreno e tinha olhos azuis como o mar. Ele estava com a mão no ponto que tinha sangue do curativo. Ele estava muito pálido, a Lala deveria dar uma olhada nele.
-Não sei se alguém aqui viu Resident Evil, mas nos filmes eles protegiam os carros com grades e tudo mais, vocês não acham que deveríamos fazer o mesmo?
-É, tem razão, mas não temos nem material, nem ferramentas e muito menos a mão de obra pra fazer isso.
-Qual é Bia, está subestimando o poder masculino da força de vontade.
- Não senhor, Phe, eu estou subestimando o tempo e a criatividade de vocês.
Eles riram, não foi uma piada. Eles queriam chegar quando na praia? Porque, pra mim, aquele sim era um lugar seguro. Não uma loja qualquer. Gabe andou devagar até a Hilux e pegou uma mochila preta, de dentro dela ele tirou algumas ferramentas que dariam conta do recado.
-Bom, eu tenho as ferramentas e com alguma ajuda, podemos ter a mão de obra.
Eu sorri.
-Mas e o material?
-Bem, eles não vão se importar se alguns dos carros estiverem um pouco mais deformados do que estavam antes, certo?
Milly estava de novo com o canivete em mãos, qual era a dela? Logo, todo mundo foi fazer alguma coisa. Jamille foi procurar alguma coisa pra comer, claro que o Colírio foi com ela. Iara e a Tatz estavam desmanchando os carros, tirando peças que não seriam muito necessárias, como bancos e marchas e... Marchas? Como elas tiraram aquilo?  O Phe e a Lala estavam com a Anne, todos estavam cortando com algumas serras que achamos na oficina da loja, partes para fazer algumas grades.
Eu o Lucas e o Gabe estávamos dando um jeito de montar tudo isso nos carros. Começamos pelo Jipe. Gabe estava deitado em baixo do carro mexendo em alguma coisa lá. Lucas estava brincando com o fogo do maçarico que também estava na oficina.
-Tudo bem aí em baixo?
Eu perguntei pro Gabe que estava ali fazia um bom tempo.
-Tudo - Ele riu- Eu preciso de uma chave de fenda, consegue pegar pra mim?
-Claro.
A caixa de ferramentas estava ao lado da perna dele. Eu remexi a caixa e encontrei o que ele precisava. Estendi para ele mas recolhi pouco depois.
-Pra quê você precisa disso aí em baixo se o nosso trabalho é aqui em cima?
Ele riu outra vez.
-Eu só vou apertar um negocinho aqui, antes que o carro desmonte. Depois podemos colocar o ferro pra proteger as janelas.
-Hum, sei.
Ele ficou lá em baixo por mais alguns minutos. Lucas o ajudou a levantar.
-Pronto pra parte pesada?
-Mais que pronto, já sei até o que vamos fazer pra dar tudo certo.
Eu não fui muito útil nessa parte. Ele não me deixaram pegar o ferro que o Phe trazia por causa do meu ombro. E o Gabe não largava o maçarico de jeito nenhum. Então, como meu ombro doeu quando eu fui tentar cortar o ferro em partes menores, não pude faezer nada s enão olhar o que eles estavam fazendo. Depois de algumas horas lá eu estava realmente com fome. Ainda não estava escuro, mas não era noite e eu não tinha almoçado. Saí da oficina e encontrei o grupo rindo e comendo várias coisas como doritos e refrigerante, e sanduíches que pegamos no mercado. Até enlatados que pegamos ontem. Parecia um acampamento. Vários amigos reunidos em círculo em volta de mochilas com comida. Era parte de um sonho meu, e em breve estaríamos no caminho certo pro nosso paraíso.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Velhos e Novos Amigos Parte II

-O que foi?Ele olhava para mim enquanto eu percebia algumas coisas sobre ele.
-Nada, eu só... Como você sabe que estamos indo para a Praia das Conchas?
-É que...
Ele iria falar alguma coisa mas Anne veio correndo em nossa direção.
-Milly! Wood! Venham aqui, agora!
Eles saíram correndo, e eu como sou extremamente curiosa, fui atrás.
-Ele estava aqui e derrepente as luzes apagaram e eu ouvi vozes e barulhos e daí quando as luzes ascenderam ele havia sumido e tinha um cara alto que trancou a porta e... E ele falou para eu ficar quieta ou ele ia me matar como ia fazer com o Gabe!
Ela estava chorando, realmente. Quando você está de boa e do nada levam o seu amigo, ou sei lá o que ele seja dela, embora seria além de estranho, perturbador.
A porta estava sem a maçaneta, ela deve ter arrombado para poder sair. Mas ela disse que tinha um menino na porta, tinha a porta, ela e nós. Onde estava o menino. Eu saí da sala, depois de alguns passos eu estava em um corredor mal iluminado, alguns passos adiante havia uma curva fechada para a direita. Eu só saberia o que tinha depois da curva, passando por ela. Parecia um estúpido filme de terror, eu estava sozinha, Assim que eu percebi isso, de novo. Dei meia volta, mas algo agarrou meu braço, eu pensei em gritar, mas lembrei que tinha uma arma carregada na minha cintura. Estava escuro mas a pessoa percebeu que tinha algo apontado pra cabeça dela.
-Calma! Você não atiraria em alguém desarmado, atiraria?
Essa voz, não poderia ser. Ele deveria estar morto, ou bem longe de mim. Endireitei os ombros e falei com a voz mais firme que pude encontrar.
-Eu atiraria sim.
Ele ficou em silêncio por alguns minutos e depois soltou meu braço par me abraçar.
-Bia!
Ele disse meu nome como um suspiro.
-Me solta eu... Não sou a Bia.
Ele se afastou e apontou uma lanterna para a minha cara.
-Deixa de brincadeira, é você sim!
El me abraçou de novo,  me deixando sem ar.
-Me solta!  Agora!
-O que foi? Eu tenho você aqui na minha frente, depois de tanto tempo!
-Eu que o diga Vinicius, você ficou longe! Você escolheu ir embora, não me venha com essa!
Eu puxei meu braço mas ele me seugurou com mais força, a arma ainda estava apontada para ele.
-Me larga!
Eu encostei a arma na testa dele.
-Você não seria capaz de me matar, não depois de tudo o que tivemos.
-Eu sei que por sua culpa, tive uma ficha bem extensa na policia.
Eu puxei meu braço outra vez, mais forte agora. Saí andando nos primeiros 15 passos, e depois corri de encontro ao pessoal.
-Gente, vamos embora daqui.
Anne, Milly e Wood me seguiram quando eu passei em disparada por eles.
-Mas, porque? O que houve nos corredores?
-Nada.
Resposta rápida demais.
-Jamille? Vem comigo, sim?
Eu praticamente a arrastei por todo o caminho até o carro, sentei no capô e esperei até ela falar comigo.
-Tá, isso foi muito estranho. O que aconteceu lá atrás?
-Ele está aqui.
-Ele quem Bia?
-O Viniucius, ele me puxou pelo braço. Ele estava a qiunze centímetros de mim.
-O que você fez?
-Apontei a arma na cabeça dele.
-Eu teria atirado de primeira.
Ela deu de ombros.
-Essa não é a questão, Jamille. Eu quero saber o porquê dessa criatura aparecer quando está tudo certo...
-O que o Lucas estava falando com você hein?
-Ele é um outro assunto que devemos tratar depois, agora precisamos ir embora. O quão antes.
-Vamos chamar eles então.
Andamos de volta para o mercado, tanto o nosso "grupo" quanto os novos amigos estavam reunidos, inclusive Gabe.
-Bih! O que foi aquilo?
Iara, Tatz e Lala estavam juntas.
-Nada, a gente precisa ir embora daqui.
-Mas, porquê?
-Eu não posso falar em voz alta, não na frente de todo mundo aqui.
-Se vocês vão... Gostaríamos de ir com vocês onde quer que vão.
Milly, Wood, Gabe e Anne estavam meio que amontoados vindo na minha direção.
-Seria muito legal se vocês viessem, mas eu acho que não temos espaço no nosso carro.
-Isso não é problema, tem uma loja ali atrás, acho que não seria grande coisa se um carro sumisse.
Milly tinha um canivete em mãos. Como e não notei isso antes e como diabos um canivete se encaichava no que ela acabou de dizer?
-Tudo bem então, mas não será uma viagem muito fácil, estamos indo pro Leste em direção á Bertioga.
-Conhecemos a região, não vai ser problema.
Enquanto saíamos Vinicius veio correndo em nossa direção com mais dois meninos.
-Bia! Espera!
Todo mundo olhou para ele, a Iara e a Tatz se olharam como se entendessem o motivo da saída repentina. Lala e o Phe estavam apenas olhando. Colírio estava meio que segurando o braço da Jamille, antes que ela batesse nele como havia me prometido meses atrás. Lucas estava carregando a Hilux, nem sabia do que tudo isso se tratava. Milly e Wood estavam conversando e não puderam segurar Anne que correu em direção á um dos meninos.
-Seu imbecil! Olha o que você fez com ele! Não viu que ele estava machucado? Babaca.
E aí, ela deu um belo tapa na cara do menino. Ele se irritou, bastante. mas a mão do Vinicius o impediu de avançar na menina em sua frente.
-Bia, fala comigo. por favor!
Eu me virei, e caminhei em sua direção.
-Eu e você, não temos nada pra falar. Tudo ficou bem claro quando você e seus amigos estúpidos deixaram que eu fosse presa, e depois tudo ficou mais claro ainda quando você  não veio falar comigo. Até agora Vinicius, faz 8 meses desde que tudo aquilo aconteceu. Então boa sorte eu sinceramente espero que você sobreviva nessa loucura.
Me virei e passei pelo grupo que falava coisas como: "Então é esse o garoto?" "Quem são aqueles dois?" "Eu não acredito que ele veio atrás da Bih." "Eu deveria mandar ele pro inferno." "Esse é o menino que vocês estavam falando na praia?" "Sorte a dele que eu estou longe."
E enfim eu entrei no carro, o ombro que até agora estava na dele, resolveu começar a doer. talvez seja porque eu tenha feito um golpe super irado em um dos nossos novos amigos, ou porquê, tomada pela raiva, eu puxei mau braço com muita força.
Um por um, as pessoas entravam no carro. Eu iria na caçamba outra vez, não me incomodava mais. Eu veria a paisagem bonita da estrada que tomaríamos para o nosso paraíso secreto. Antes de subir, lancei um último olhar para o menino que deixei para trás pela última vez. Depois de alguns segundos, Lucas sentou do meu lado e segurou minha mão. E pela primeira vez em muito tempo, eu não me importava com esse fato.

Velhos E Novos Amigos.

Após quase sermos mortos por dezenas de zumbis no mercado, ficamos um pouco apreensivos quando entramos no mercado menor. Tipo 98,9% de vezes menor do que o outro.
-Porque não nos separamos? Será mais rápido pra sair daqui?
Iara, que ficou bem perto dos zumbis estava bem agitada.
-Assim também será bem mais rápido para sermos mortos...
Eu sempre ví, lí e aprendi que se você se separar do grupo, você morre. Pena que as 15 regras de ouro para um filme de terror foram esquecidas no outro mercado.
-Tá, temos que pegar o que aqui?
-Esqueci dos acendedores de churrasqueira, e de algumas panelas.
O Colírio queria parecer forte e não se importar, mas olhava para os lados como se estivesse sendo perseguido. não que eu vá zoar ele ou coisa assim, ele ficou cara a cara com um zumbi que estava sem metade da cabeça. É forte até para mim, só que por sorte eu estava com o efeito da adrenalina do momento no sangue. Todos estavam abalados, a maioria ficou bem perto de um zumbi sangrento bem perto do seu nariz.
-Seguinte, vamos corredor por corredor, o que for útil a gente pega, ok?
-Ok!
Eles disseram em coro, e depois sorriram.
No corredor um havia produtos de limpeza, pegamos algumas coisas muito úteis como sabonetes, desodorantes, coisas para lavar roupa e é claro, papel higiênico. Você pode achar que isso não faz falta, tente acampar no meio do nada por três longos dias. Os produtos para lavar roupa eu peguei pensando na casa que iríamos ficar, eu já tinha passado por ela. Várias e várias vezes. Ótimo esconderijo desses monstros. Muros altos, sistema de segunrança por câmeras, fora que a eletricidade é gerada de um gerador á etanol. Os donos faziam parte do Green-Peace e outros órgãos protetores da natureza. No fim do corredor ainda não tinha nada do que se espantar, nem sangue, nem intestinos, cérebros, ou zumbis vindo em nossa direção. Era apenas um mercado bem pequeno com alguns consumidores que saíriam sem pagar.
-Esta tudo muito quieto né?
Lala perguntou para o Phe.
-Não diz isso Lala, regra de prata - Era como chamávamos as regras menos importantes- Nunca fale está tudo quieto, porque a pessoa vai responder, quieto demais. Aí pronto, fudeu. Aparece um pisicopata com uma serra elétrica por de trás da cortina.
Eu ri. Tudo bem, era verdade, mas agora a Tatz estava errada, não seria um pisicopata, mas sim um walker. ( Resolvi usar o termo que usam no The Walking Dead, mesmo sabendo que eu nunca saberei o que vai acontecer no capítulo final da temporada)
-Tá quieto sim- eu respondi- mas a gente nao viu nada quebrado e nem manchas de sangue como no outro mercado- eu me virei e continuei andando de frente para eles- vai ver que esse aqui não tem ninguém.
Assim que eu acabei de falar, algo duro encostou na minha cabeça e o pessoal fez cara de assustado. o Phe colocou a mão para trás pra pegar a arma certamente.
-Parado aí!
Era um homem, não tão velho quanto o do posto. Talvez vinte e poucos anos. Um clique e a arma da pessoa atrás de mim estava carregada.
-Ótimo, escapei de vinte zumbis para morrer por um humano.
Ele apertou mais a arma na minha cabeça.
-Solta ela, a gente não quer nada aqui. Só estamos de passagem.
Lala estava prestes a dar um passo para frente. Outra pessoa passou por mim, uma menina mais ou menos da minha altura. Estava com o cabelo preso em rabo de cavalo e usava uma camiseta preta, uma calça jeans e um tênis.
-Tarde demais, vocês vão atrair aquelas coisas para cá.
Ela estava com uma pistola apontada pra Lala.
-Calma- Eu disse- A gente sai sem fazer barulho.
Eu olhei para o Phe e inclinei a  cabeça em direção da menina, ele assentiu.
Num movimento rápido eu girei e passei por baixo do braço do menino, agarrei sua mão e dobrei seu braço. Ele estava com o braço em "v" com a arma apontada para a própria cabeça e eu estava usando seu corpo como escudo. Como eu fiz isso? Algumas brigas com o meu irmão e muitas horas jogando Play Station Move.  Mas ainda assim era uma proeza o que eu acabei de fazer.
Eu sorria enquanto vía o que fiz, a menina olhava assustada para mim e alternava o olhar entre o Phe e eu. Ela abaixou a arma e se afastou dela, a Lala pegou a arma e apontou para além de nós. Eu virei um pouco a cabeça, havia outra menina com uma chave inglesa levantada. Uma chave inglesa, não é tão ridiculo quanto uma mangueira de gasolina mas, eu nunca havia visto uma assim de tão perto. Ela estava bem atrás de mim.
-Solta isso.
Eu apontei para a chave inglesa na mão dela. Analisando a situação, ela soltou a "arma" que fez um som alto e estranho.
-Solta ele.
A outra menina dava passos pequenos em minha direção.
-Fica longe, ou ele mesmo vai estourar a própria cabeça.
Ela parou.
-Por favor, a gente não queria machucar vocês, é só que estamos seguros aqui e nada pode estragar isso.
-A sua amiga  e seu amigo aqui mostraram o contrário.
Ela ergueu as mãos em rendição.
-Me solta, eu prometo que não vou tentar nada, olha a arma está sem munição, me deixa ir.
O menino que eu segurava não tentou se soltar, mas eu o soltei.
-Tá de brincadeira né! Como você ameaça uma pessoa com uma arma sem balas!
-Usamos todas para limpar o lugar.
A menina da chave inglesa me respondeu.
-Meu nome é Anne Tsubaki, muito prazer.
Eu coloquei a arma como eles fazem nos filmes, mesmo sem balas e mesmo desconfortável.
-Tsubaki né? Nome diferente... Eu sou a Nathalia.
Estendi a mão para ela e ela sacudiu.
-Eu sou Wood.
O menino que eu segurei veio se apresentar. Já tava virando festa. Depois dele a outra menina veio falar comigo.
-Sou a Milly.
Depois disso eles se apresentaram para os outros.
-Tsubaki? Você vía Soul Eater?
Iara e Talita estavam enchendo a menina com perguntas sobre animes e essas coisas. O Phe me deu um pente de munição e me mostrou como carregar a arma. Eu não sabia atirar, mas já fiz algumas aulas com o meu tio que era policial, e jogando muito paintall com o meu irmão. Se o alvo estivesse perto, estava tudo bem.
Logo, todos estavam conversando sobre assuntos variados, eu fui dar uma pequena volta que durou apenas 23 passos. Em uma sala com a porta entreaberta, havia uma cadeira.
Eu entrei devagar e na cadeira havia uma menino, eu apontei a arma e ele levantou rapidamente, logo gemendo de dor.
Ele estava com a camisa aberta e estava com as costelas enfaixadas,havia um ponto de sangue nas bandagens.
- Eu ergueria as mãos, mas você está vendo o meu estado.
Ele sorriu.
-Tudo bem eu... O que foi isso aí? Não foi uma mordida certo?
Eu apontei a arma para a cebça dele.
-Talvez eu responda se você abaixar a arma.
-Não estou brincando, você sabe o que acontece com os mordidos, certo?
-Relaxa, eu sei. Os mordidos estão mortos e não há volta.
Eu sorri, ele viu os filmes do Resident Evil.
-O que aconteceu com o pessoal? Estão todos bem?
-Relaxa, houve um pequeno mal entendido no começo mas estão todos comversando agora.
-Ele se sentou de novo na cadeira, aliviado.
-Hum.. Meu nome é Nathalia.
-Ah sim, Oi, meu nome é Gabe.
-Tá, eu já volto sim?
-Tudo bem.
Eu não sou muito sociável, admito. Também sou a pessoa mais sem assunto que existe na face da Terra. 23 passos de volta e eles ainda estavam conversando. Anne Tsbubaki veio falar comigo.
-Você o viu?
-Quem?
-Gabe. Ele se machucou quando tentamos sair daqui, mas não é uma mordida, eu garanto.
-Sei disso, ele me disse.
-Ele falou com você?
Ela parecia espantada.
-Sim, em português alto e claro.
-Ele estava em choque até agora.
Anne era um pouco mais alta do que eu, estava com uma camiseta de mangas curtas vermelha, uma calça jeans, all-star e tinha uma pulseira, clássica dos rockeiros no pulso esquerdo.
-Bom, acho que ele esta melhor agora.
Eu sorri. Ela também.
-Eu vou vê-lo, aquele machucado pode infeccionar.
Ela foi andando na direção da porta entreaberta onde Gabe estava, por alguns minutos eu fiquei sozinha. Me recostei na prateleira do mercado, acho que grandes amizades comaçariam assim agora.
"Abaixa a arma. Não abaixa você.- os dois abaixam as armas- Nossa, como você não me matou, vamos ser amigos e trabalhar juntos para sobreviver nesse apocalipse zumbi."
Lucas me viu e veio andando na minha direção.
-Não gosta muito de falar, não é?
-Eu só não tenho assuntos que sejam motivos de conversa.
Ele se sentou no chão e fez um gesto para que eu sentasse com ele.
-Eles vão vir com a gente?
-Se eles quizerem, mas eles tem tudo organizado aqui.
-Você vai perguntar se eles vão vir pra praia das conchas com a gente?
Praia das conchas. Era a praia da ponta direita olhando para o mar, depois da praia de São Pedro. Eu nunca disse os nomes das praias para ninguém, nem pras meninas. E na hora no mercado ele havia dito que o outro mercado que ele conhecia ficava á 2 km do outro. Realmente ficavam a essa distância. Ele pode ter morado aqui, ou ter uma praia aqui. Mas ele nunca saberia o nome das praias e a distância exata dos mercados. Eu sei porque eu morava dois meses aqui. Todo ano eu ficava dois meses no memso lugar, desde pequena. Mas ele não. Ou pelo menos, não que eu saiba. Quem era aquele garoto?

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Narração- Larissa Beulke

[ Continuação...]
-Bom, já que a proeza de matar uma pessoa foi sua, acho que você deve contar pra família daquele garoto o porquê que eles não vão comemorar mais o seu aníversário, nem buscar ele na escola, nem vestí-lo para o halloween, nem vê-lo crescer, nem vê-lo se formar...
Candice estava me dando nos nervos.
-Tudo bem Candice, eu entendi. Vou contar para a família do garoto que o procedimento deu errado.
-Não esqueça de dizer que foi por sua culpa.
Ela tinha um sorriso malicioso, estranho no rosto. Quase como se quisesse apanhar de alguém.
-Tudo bem Candice.
-E é doutora Candice pra você.
 Eu revirei os olhos e segui para a sala de espera do hospital. A família estava toda ali, posso jurar que estavam até os primos de oitavo grau ou algo assim, era muita gente num lugarzinho pequeno.
Assim que eles me viram se aproximando, levantaram.
-Doutora?
-Bem,ainda não sou doutora. Faltam algumas etapas para o meu diploma. Meu nome é Larissa Beulke eu sou estudante de medicina e estava acompanhando o procedimento do seu filho.
O homem, provavelmente o pai me olhou seriamente.
-Por favor, fale o que tiver que falar. A gente não aguenta mais nenhuma pausa.
-Entao- Um suspiro- Eu sinto informar que o seu filho, infelizmente não resistiu aos ferimentos. A bala perfurou muitos órgãos, eu sinto muito. De verdade.
A mãe do menino começou a chorar, e o marido dela teve que segurá-la para que ela não caísse. O homem também começou a chorar pouco depois. Eu deveria me retirar, deveria pegar minhas coisas e voltar pra minha casa. Mas algo impedia os meus pés de se moverem, meu corpo se recusava a parecer uma daquelas médicas arrogantes que não estão nem aí ( Candice me veio a mente, não sei porque.) Enuqanto eu vía a cena, uma das crianças, uma menina, veio falar comigo.
-Meu irmão não vai voltar não é?
A vozinha dela, era de partir o coração.
-Não... Eu, sinto muito.
Ela, em mio as lágrimas, sorriu.
-Tudo bem moça. Meu irmão está no céu agora, ele vai estar sempre com a nossa família. Ele era um menino bom, com certeza Deus deve ter um lugar especial para ele.
Ela pegou minha mão.
-Esse aqui é o colar que eu fiz para ele, tome. Ele iria gostar que ficasse com você.
A menina, não deveria ter nem seis anos. Eu fiquei sem palavras. Em minha mão, havia um cordão preto e na ponta, uma pedrinha marrom qualquer. Eu coloquei o colar no pescoço, me despedi da garotinha e fui ao meu professor me retirar do curso de cirurgia.

*Dia do fim do mundo 17:50*
Eu estou na Hilux com a Bia inconsiente. Ótimo. Eu não sei o que aquele cara fez com ela, ou há quanto tempo ele ficou segurando-a no ar. Mas ainda bem que ele vai ter uma morte lenta e dolorosa. Ela é apenas uma criança, e ele parecia bem mais velho do que 30 anos. Enquanto dirigia, dístraída em pensamentos em lembranças, minha mão alcançava o colar, coberto pela minha blusa.
-Ainda lembrando daquele dia?
Iara, uma das poucas pessoas que sabia do que havia acontecido, estava comigo no banco da frente do carro.
-Eu não consigo tirar o rosto daquela menina da minha cabeça. Ela parecia tão...Tão pequena, e tão frágil. Foi horrível ter que falar que seu irmão havia morrido.
-Lala, foi um erro médico. Poderia ter acontecido com qualquer um.
Iara estava falando um pouco alto demais. Eu não queria que ninguém soubesse sobre isso. A minha pequena lista de pessoas não passava de mim, dos meus pais, da Tatz, do Phe e da Iara. A Bia não sabia disso, mais porque ainda estava incorajando-a a fazer medicina, mesmo depois de ter desistido do curso, mesmo tendo quase abandonado a faculdade. Eu não queria que ela soubesse o quão horrível é tirar a vida de uma pessoa.
- Mas aconteceu comigo. Ponto Final.
-Tudo bem então.
-Pammy?
Ela resmungou alguma coisa, estava dormindo desde o posto de gasolina.
-Pammy, vê se a Bia já acordou por favor?
Pelo retrovisor eu vía a Pamella mechendo o braço para a frente e para trás. Um resmungo baixinho.
-Bia?
-Hum?
-Tudo bem?
-Huhum.
-Certeza?
-Huhum.
Eu sorri, era um pouco engraçado.
-Consegue falar alguma coisa concreta?
-Assim está bom pra você doutora?
Ela riu e depois resmungou de dor.
-Dói muito?
-Só meu pescoço, e meus punhos estão formigando para bater naquele cara.
-Isso não vai ser preciso Bih, ele virou isca de zumbi.
-Sério Iara, uma rima agora?
Pamella estava olhando para nós e depois riu. Iara desviou o olhar para o retrovisor.
-O que diabos....
O porsche amarelo que continha o Phe e a Tatz estava vindo em alta velocidade em nossa direção.
-O que ele ta fazendo?
Iara continuava olhando para o retrovisor enquanto falava.
-Ele não, ela. A Tatz ta dirigindo.
Assim que a Pamella disse, foram eu, ela e a Iara apertando os cintos. A Bia continuou sentada como ela estava.
O carro se aproximava mais e mais e derrepente ele fez uma curva para a direita e acertou uma árvore. Eu me assustei achando que o carro nos acertaria e desviei para a esquerda, por pouco não arrebento o carro. Na curva, a Bia que estava sem cinto bateu a cabeça na janela e caiu deitada no banco.
-Pammy?
-Sim?
-Vê se ela tá viva por favor?
-Tá!
Saindo do porsche, Phe e Tatz caminhavam com olhares assustados em nossa direção.
-Eu disse que era má idéia. A Bia vai te matar Tatz.
-Ela  não ousaria, talvez ela me bata, muito, mas nada além disso.
O Phe chegou até a janela.
-Tudo bem aí?
-Com a gente ta tudo legal, mas e com vocês?
-Estamos de boa.
Iara apareceu por de trás da minha cabeça sorrindo.
-Você sabe que a Bih não vai perdoar isso né?
-Eu não estava ao volante, me tira dessa.
O Phe ergueu os braços em rendição.
-Ela não vai matar ninguém se não descobrir.
Eu, Iara, Phe e Pammy caímos na risada.
-Cara, era o carro favorito dela desde Lua Nova. Você arrebentou ele. Ela com certeza vai perguntar pelo carro.
-Quer apostar?
-Cinco reais que ela pergunta pelo porsche quando acordar.
-Feito.
-Feito.
[Continua]

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Narração- Phelipe Braga.

* Dia do início do fim do mundo- 15:43*
 Estávamos na Hilux roubada, ainda não me acostumei com a idéia de que isso está realmente acontecendo. Nem que há zumbis famintos por cérebro perambulando nas ruas e nem que eu roubei um carro, quer dizer estou dirigindo um carro roubado. Faz uns minutos que entramos em uma pequena discussão sobre Deus. Olha o que isso está fazendo, faz apenas três horas que essa loucura começou e já criou problemas. A Bia que criou esse plano maluco de irmos para o litoral onde ela tem um apartamento na praia, mas ela disse que não vamos ficar nele por questões de segurança. Que vamos para uma praia privativa com mansões. Vê se pode, ela tem 15 anos agora e nos salvou de um apocalipse zumbi.

*Dia do início do fim do mundo- 17:03*
Paramos num posto de gasolina logo depois de uma barreira militar, quase que fomos mortos, como se não bastasse aquelas criaturas andando por aí. Lala- que é minha namorada faz dois anos e alguns meses- pediu para entrar numa loja de biquinis.
- Tem problema eu entrar naquela loja?
A Tatz estava ajudando a Bia, ou Nathalia a guardar a gasolina que pegamos no posto.
-Eu não sei não, acho melhor não bobiar.
Ela estava guardando a última garrafa quando respondeu, Lala ficou visívelmente decepcionada.
- Sabe, na correria de fugir daquele inferno eu não pude pegar nada de útil.
Ela estava implorando para entrar?
 -Tudo bem, você tem cinco minutos. Não vai provar nada e vai pegar o que der. Cinco minutos e a gente te tira de lá, ok?
Bia falou isso quase como um suspiro.
 Ok!
Ela entrou quase correndo, foi até um pouco engraçado, as meninas estavam recostadas no porsche
- Não deveria ter deixado ela ir. Não estou com um bom pressentimento sobre isso.
- Relaxa Bih, ela vai ficar bem. É só uma lojinha de roupas de banho, o que há de mal nisso?
Iara estava comendo uma mini barra de chocolate, que havia trazido de casa.
- Que mal há? Você não sabe o que pode ter la dentro, e você viu as manchas de sangue nas cancelas, aqueles militares podem não ter limpado toda a área, seria imprudente você sair por aí saltitando toda feliz enquanto criaturas sedentas por sangue estão caçando você.
Eu estava quieto enquanto minha irmã menor enchia nossas cabeças com a verdade.
- Eu acho que vou atrás dela. Quanto tempo falta?
Bia olhou no visor do carro, ela tinha menos de um minuto.
-Phe, corre!
E sem pensar já havia disparado para a loja de roupas qua havia ali. Assim que eu entrei um cheiro forte me atingiu, era inconfundível. Sangue. Eu pensei o pior, mas assim que entrei pela porta de vidro que estava aberta, suspirei de alívio percebendo que no chão havia um policial morto e não o corpo da minha namorada.
-Bom, pelo menos não é ela.
Ouvi um barulho, uma cortina sendo puxada. Andei devagar pela loja até a cortina cor de rosa. Parecia até um filme de suspense e assim que eu puxasse a cortina um zumbi iria me atacar. Eu puxei de uma vez e tomei um susto. Lala também pulou ao me ver, então ficamos rindo.
-O que... Você está fazendo aqui?
Ela disse entre as risadas.
-Vim ver se estava tudo bem, você tinha só cinco minutos lembra?
-Infelizmente não.
Ela riu outra vez.
-Então, o que você acha que aconteceu com ele, doutora?
Ela sorriu, Lala passou para a Faculdade de Medicina e ia completar o seu primeiro ano dela, se isso não estivesse acontecendo.
-Bom, eu acho que ele levou um tiro bem no meio da testa.
Ela apontou para o pequeno furo de uma 9mm na testa do policial, eu entendo de armas, não que eu trabalhe com elas. Eu trabalho com computadores, mas tive que passar três meses no exército.
-Será que ele tem alguma arma ainda? Eu não acho que os militares iriam querer uma pistola de um policial e tampouco acho que fomos os únicos que pensamos em fugir.
Foi um pouco nojento revirar o corpo e procurar por uma arma. Mas os resultados foram positivos, além de uma pistola semi-automática encontrei quatro pentes de munição.
-Acho que temos que voltar.
-Também acho.
Caminhamos até a porta e quando eu olhei em direção aos carro ví algo inesperado. Pammy e Tatz estavam Atrás da Hilux, tinha um cara que tinha a Bia em suas mãos, literalmente. Ele pegou ela pelo pescoço e ela estava agonizando para sair. pude até jurar que seus rosto estava ficando azul. Enquanto isso a Iara estava girando uma mangueira da gasolina como se fosse atirá-la contra o estranho. rapidamente eu apontei a arma para ele.
-Vai fazer o que garoto, atirar em mim?
Ele riu.
-É o que parece né!
-Eu aposto que você atinge seu pé e depois vai atirar nessa pirralha aqui.
Ele sacudiu a Bia como se ela pesasse menos que uma pena. Eu atirei no joelho dele e a Bia caiu no chão, não acho que tinha batido a cabeça, mas nunca se sabe. Ela estava desacordada e o homem se levantou com um pouco de dificuldade.
-Qualquer um é homem o bastante para atirar no joelho garoto, quero ver se você é homem o bastante para me matar.
Por um momento eu mirei na cabeça dele, mas se eu atirasse, não seria melhor que ele. Poderia até ser pior. Eu atirei no ombro esquerdo dele e ele se dobrou de dor.
-Eu sabia moleque, você não tem coragem nenhuma. Nem pra se aparecer pra sua namorada ali.
Agora eu já estava bem perto dele, a Bia estava a um passo para trás de mim, a raiva corria em minhas veias e eu só ví o golpe depois que a cara do homem estranho estava toda ensanguentada. Ele caiu no chão, mas não estava nem perto de estar morto.
-O que você vai fazer com ele?
A Iara estava atrás de mim olhando para o estranho no chão.
-Vamos deixar que os zumbis decidam isso.
A Tatz saiu de trás do carro.
-Sério? Que maneiro, vamos amarrar ele em algum lugar e deixar ele morrer pelos zumbis! Vamos, vamos!
-Até que não é má idéia Tatz, você viu o que ele fez com a Bia? Aposto que vai ficar roxo.
Pammy saiu logo depois dela.
-Não vai ficar tão feio, ela é forte.
Lala estava perto dela com a mão em uma parte extremamente vermelha.
-Vamos amarrar esse idiota ali e depois seguimos viagem.
Depois de amarrar o cara á um poste, eu carreguei a Bia para dentro da Hilux. Que pena que nada! Essa menina era mais pesada que um quilo de concreto, e ela é tão magrinha!
Na Hilux estavam a Lala a Iara e a Pammy, enquanto eu e a Tatz íamos no porsche amarelo canário 411 turbo. Poxa, de tanto a Bia repetir isso eu até já decorei.
-Posso dirigir?
A Tatz me perguntou quando chegamos ao carro.
-Claro, mas você sabe que a Bia te mata se você fizer um mísero arranhão nesse carro, não sabe?
-Ela não íria me matar por dois motivos: 1- segundo ela eu ja estou morta faz 500 anos, e 2: eu poderia mandá-la para o inferno, você acha mesmo que ela iria me matar?
[Continua...]

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Narração - Larissa Beulke.

Ontem era um dia normal. Eu digo "era", não por ser passado, bom talvez sim. O mundo que conhecíamos acabou no segundo em que o caos reinou na Terra. Eu achei que era brincadeira, muitos de vocês também acharam, ou ficaram se perguntando o que diabos estava acontecendo quando as pessoas andavam, ou se mexiam memso depois de tiros e coisas inúteis que tentávamos fazer para nos defender. Inúteis. Eles eram zumbis, qualquer um no século XXI sabia disso, depois da indústria de jogos lançar um jogo de zumbis atrás do outro qualquer um podia reconhecer os sinais.
Meu nome é Sieglinder Larissa Beulke, ou Lari, ou mais recentemente, doutora Larissa. Se bem que a faculdade de medicina agora já não importa mais. Minha história começa três meses atrás, numa cirurgia esperimental da faculdade....

-Então, o que fazemos para resolver esse problema? Alguém sabe?
Gilson era meu professor de neurocirurgia, uma parte fundamental da medicina. Apesar de não ser muito comum, ainda fazíamos parceria em cirurgias de verdade, com riscos reais. Nada de computadores, ou hologramas nem nada tecnologico. Apenas um corpo inerte com um problema que eu já sabia a resposta.
-Primeiro temos que limpar a área da incisão.
Eu estava com um caderno e uma caneta em mãos, apesar dos palpites, os alunos de medicina da faculdade apenas observavam a cirurgia em tempo real ( E muito perto, para o desgosto de alguns).
-Ótimo, mas pelo tempo que demoraram para responder, o paciente poderia estar em risco.
É claro que esse paciente não estava em risco. Ele estava morto. Insuficiencia renal, dizia o laudo. mas é claro que se fosse numa cirurgia real, com médicos agindo ágil e rapidamente o tempo seria crucial.
-Depois de limpar com gaze e este líquido aqui - ele mexeu o vidro escuro- Pegamos o bisturi e começamos com uma incisão...
Antes que ele terminasse, uma mulher alta, loira e de óculos entrou correndo na sala.
-Doutor, precisamos que venha rápido!
Ela estava ofegante, estranho. Ele a encarou por alguns segundo e ela lhe lançou um olhar significativo.
-Bom, Escrevam seus nomes nesta folha aqui e estão dispensados.
A folha foi passando de mãos em mãos até chegar em mim, os alunos estavam discutindo o que estaria acontecendo. Eu estava andando devagar pelo longo corredor dos laboratórios, logo estava sozinha.
-Sinistro.
Não que me agrade ficar sozinha perto de salas com cadáveres mais não adiantaria nada correr para a saída, minha carona só chegaria em quinze minutos. Eu ouvi passos largos atrás de mim, me virei.
A mesma mulher que entrou na sala estava correndo com uma bandeja cheia de coisas até uma sala estranha que eu nunca tinha reparado. Com cuidado eu a segui. A porta era cinza, diferente de todas as outras. A pequena janela tinha grades, outra coisa incomum em faculdades de medicina, mas nada contra. A mulher andava preocupada de um lado para o outro, ela tinha uma seringa em mãos.
Sem querer espiar nem nada, mas a cena era realmente estranha. Veja bem, uma mulher estranha e aflita corre com uma bandeja cheia de coisas para uma sala estranha que eu nunca tinha reparado, onde estavam acontecendo coisas estranhas que eu não entendia, estranho não? A mesma cena se demorou por mais alguns minutos e então a mulher suspirou de alívio e levou as costas da mão á testa para limpar o suor. Depois vários professores de matérias diferentes se runiram e começaram a discutir alguma coisa. Colocaram a mão no meu ombro, eu pulei.
-Ei, calma. Sou só eu.
Phe riu. Só para informar que ele é meu namorado e que veio me buscar na faculdade, não que eu não tenha carro nem nada. É legal, porque quando ele vem me buscar, geralmente vamos no shopping damos uma volta e voltamos para casa.
-O que você estva vendo ali?
Ele riu.
-Apenas coisas estranhas que eu provavelmente nunca vou entender. Nada de mais.
Naquela semana nada mais de estranho aconteceu, á não ser pela minha nota em um teste, tirando isso tudo normal. Agora eu vou avançar um mês quando o inferno na minha vida começou.
-Bisturi.
Eu estava no meio de uma cirurgia, uma cirurgia real onde a vida do paciente dependia da minha. Era uma menino, 12 ou 13 anos. Foi atingido na barriga por uma bala perdida, a bala perfurou três órgãos, quebrou uma costela e se alojou em algum lugar por ali. Eu tinha que abrir o menino, procurar a bala e reparar todos os danos sem deixar nada de ruim acontecer. Complicado mas não impossível. Era a minha primeira cirurgia de nível crítico. Eu estava na sala com uma médica chamada Candice Camargos, ela tinha uns 30 e poucos anos e estava gritando comigo.
-Me passa logo esse bisturi ou faça alguma coisa você mesma!
Na sala também estavam doi enfermeiros, um cuidava dos batimentos da criança e o outro via a pressão arterial. Eu fiz a incisão e logo saiu todo aquele sangue nojento, escorreu para os lados da mesa de metal que o menino estava deitado. A médica rapidamente colocou a mão lá dentro e começou a remecher tudo por ali, claro que quando ela achou a bala ela usou a pinça pra tirar mas foi nojento.
-Os batimentos estão diminuindo, o sangue não está sendo bombeado!
As enfermeiras mexiam nos aparelhos e depois anotavam tudo. A médica fazia o que eu deveria fazer, se eu não tivesse pensando com tanta clareza, com certeza estaria em choque.
-Droga, ele precisa de Adrenalina.
Adrenalina é uma droga que aumenta os batimentos cardíacos, pulsando o sangue mais rapidamente para o corpo. O problema é que não tínhamos na sala. E esse foi o erro. Primeiro Candice saiu correndo, depois as enfermeiras e logo eu estava sozinha numa sala com um menino que estava morrendo.
-Eu tenho que fazer alguma coisa.
Eu corri para as prateleiras, procurando um frasco de Adrenalina.
-Qual é! Que raios de hospital não tem todos os remédios em uma sala de cirurgia?
Eu achei um frasquinho de Adrenalina bem no fundo, atrás de todos os remédios. Peguei a ficha do garoto para ver o peso dele e poder aplicar a quantidade certa do remédio. Ele pesava 48 quilos então pelas minhas contas 30 militros seriam suficiente para tudo voltar ao normal. Eu coloquei o remédio no soro que ele recebia, logo o peito dele começou a oscilar normalmente. por um minuto estava tudo certo. Por um minuto. O corpo do menino começou a se debater na mesa de metal, ele estava literalmente pulando e então ele parou. Do nada ele ficou quieto e um barulho encheu a sala. Um "piiiiiii" contínuo anunciava que o coração dele havia parado de bater.
-Não, não, não...
Eu corri até ele e comecei a reanima-lo.
-1, 2, 3. 1, 2, 3.
Acabou. O meninp havia morrido por minha causa. Candice e as enfermeiras entraram na sala e a primeira coisa que ouviram foi o som inconfundível de um coração parado. É claro que ela gritou comigo, as enfermeiras não sabiam o que fazer e eu estava catatônica.
[Continua...]