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quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

No Caminho Certo.

A loja não ficava muito longe do mercado, eu deveria saber.Foram apenas oito quadras e mais sete porque a última estava com a rua bloqueada por walkers( não sei se esse termo vai pegar). Milly, Wood, Gabe e Anne vieram comigo e com Lucas na caçamba. Eu estava começando a me acostumar com esse lugar. Milly e Wood eram namorados, e eu não descobri isso de um jeito legal. Eles começaram a se pegar bem na nossa frente.
-Não liga não, esses dois são assim mesmo. Do nada estão quase um engolindo o outro.
Eca, Anne estava com um celular em mãos. Falando nisso, havia algo no bolso da minha calça jeans, eu supuz ser meu celular. Não que fosse importante, dentro de algumas horas não haveria mais sinal nenhum. E nem pessoas com quem se comunicar. Eu não percebi que Lucas ainda segurava minha mão até que ele desceu do carro segurando-a.
-Quer ajuda pra descer?
Ele sorriu.
-Não, valeu.
E então pulei de alguns pequenos metros sem esforço nenhum. Eu nunca fui do tipo de menina muito delicada, seria bobagem começar a ser logo agora.
A loja não era muito grande, apenas uns 15 carros estacionados em um lugar coberto.
-Tá, vocês vão escolhendo os carros enquanto eu vou pegando as chaves que devem estar no escritório.
Eles se dividiram em grupos, basicamente os mesmos de sempre. Seria bom procurar as chaves sozinha, seria bom pensar e analisar o que havia acontecido. Certo, ele estava vivo ou melhor, estava vivo e conseguiu me encontrar. Logo aqui, no meu paraíso secreto. Eu demorei tanto tempo pra negar o que sentia por aquele menino, demorei tanto pra aceitar que  o que ele fez foi errado, que agora que o tive na minha frente, quase não disse o que havia planejado e ignorei todos os meus pensamentos por mais um momento com ele. Era estranho pensar assim, mas é estranho que zumbis existam então eu não duvido de mais nada. não duvido que ele esteja lá ainda. Certamente pensando em mim. NÃO.  Eu não posso me deixar levar assim. Que coisa. Se eu fosse tão molenga, como sobreviveria a essa era de sangue?
Eu cheguei á uma porta cinza, entreaberta. Um mal sinal. Eu pensei em dar meia volta e chamar o Phe, ou o Wood, ou o Gabe talvez até o Lucas, mas eu não posso depender de outras pessoas para tudo agora. A arma ainda estava comigo. Não sei como não me incomodou quando sentei no carro, mas ela estava carregada e pronta para disparar. Eu pensei em entrar, mas seria muito medrosa se ouvesse algo por trás daquela porta. Então, como eles fazem nos filmes, resolvi fazer um pouco de barulho para atrair o que ouvesse ali dentro, ao meu encontro. Devo admitir que parecia uma boba. Imagine uma menina de quinze anos, com uma arma consideravelmente pesada em mãos e um medo percorrendo sua espinha. Agora imagine essa garota tremendo muito. Era eu. Eu não poderia disparar um alarme de carro, poderia atrair mais zumbis pra cá. Então, muito inteligente da minha parte, eu fechei a porta e comecei a chutá-la. Um chute, nada aconteceu. Dois chutes, nada ainda. Eu estava quase entrando de qualquer jeito quando puseram a mão no meu ombro machucado.
-Problemas com a porta?
Lucas riu.
-Aí - Eu estava tirando a mão dele do meu ombro- Na verdade, estou me certificando que eu não vou morrer lá dentro.
-Desculpa. Ei, você não devia deixar a porta aberta, daí se alguma coisa estivesse lá dentro ela saíria e você atiraria nela?
Ele sorriu.
-São apenas detalhes meu caro.
Ele pegou minha mão e com a outra abriu a porta.
-Viu, nada aqui dentro.
Bem, havia algo ali. Mas estava meio impossibilitado de se levantar, ou de fazer alguma coisa. O corpo irreconhecível estava jogado no chão, todo aberto e cheio de mordidas.
-Vamos procurar rápido, sim?
Eu estava começando a enjoar. Procuramos em três gavetas, bom pelo menos eu procurei. Lucas encarou uma gavetinha menor por pelo menos três minutos. Depois ele arrancou a gaveta apenas puxando-a com uma certa delicadeza.
-Cara, a gaveta estaav trancada. Como você puxou ela assim?
Ele estava começando a me assustar. Não só pelo fato de saber coisas que eu não sabia sobre esse lugar, ou pelo fato de ter se envolvido em um acidente de carro que matou a menina que ele gostava. mas pelo fato de ser incrivelmente forte e destemido. Algo que nem o Phe, o garoto mais velho que eu tenho contato, consegue ser completamente. Ele não tem medo, nem dos zumbis e nem da morte. E isso, é muito estranho.
-Mágica.
Ele riu, eu não achei graça.
Voltamos para onde o pessoal estava reunido. Lucas tentou pegar minha mão denovo, mas eu não deixei. Não enquanto ele parece ser um completo estranho pra mim.
-Escolheram?
-Sim!
Gabe, Milly e Wood estavam perto de um Chevy 68 com pinturas de corrida. Não me pergunte como eu sei o nome do carro, eu apenas sei. E Tatz, Iara e a Jamille estavam quase que abraçando um Jipe amarelo. Certo. Não era a minha porsche, e nem era um carro veloz. Mas era amarelo e isso já bastava. No geral, todas as mulheres gostam de carrinhos amarelos. É estranho, mas nem tanto quanto um apocalipse zumbi. Depois de algumas tentativas com chaves de diferentes formatos, conseguimos ligar os carros.
-Gente?
Gabe estava apoaido no Chevy.
-Sim?
Eu me virei para olhá-lo melhor. Ele com certeza era mais velho que eu. Era um pouco mais alto que o Lucas, era moreno e tinha olhos azuis como o mar. Ele estava com a mão no ponto que tinha sangue do curativo. Ele estava muito pálido, a Lala deveria dar uma olhada nele.
-Não sei se alguém aqui viu Resident Evil, mas nos filmes eles protegiam os carros com grades e tudo mais, vocês não acham que deveríamos fazer o mesmo?
-É, tem razão, mas não temos nem material, nem ferramentas e muito menos a mão de obra pra fazer isso.
-Qual é Bia, está subestimando o poder masculino da força de vontade.
- Não senhor, Phe, eu estou subestimando o tempo e a criatividade de vocês.
Eles riram, não foi uma piada. Eles queriam chegar quando na praia? Porque, pra mim, aquele sim era um lugar seguro. Não uma loja qualquer. Gabe andou devagar até a Hilux e pegou uma mochila preta, de dentro dela ele tirou algumas ferramentas que dariam conta do recado.
-Bom, eu tenho as ferramentas e com alguma ajuda, podemos ter a mão de obra.
Eu sorri.
-Mas e o material?
-Bem, eles não vão se importar se alguns dos carros estiverem um pouco mais deformados do que estavam antes, certo?
Milly estava de novo com o canivete em mãos, qual era a dela? Logo, todo mundo foi fazer alguma coisa. Jamille foi procurar alguma coisa pra comer, claro que o Colírio foi com ela. Iara e a Tatz estavam desmanchando os carros, tirando peças que não seriam muito necessárias, como bancos e marchas e... Marchas? Como elas tiraram aquilo?  O Phe e a Lala estavam com a Anne, todos estavam cortando com algumas serras que achamos na oficina da loja, partes para fazer algumas grades.
Eu o Lucas e o Gabe estávamos dando um jeito de montar tudo isso nos carros. Começamos pelo Jipe. Gabe estava deitado em baixo do carro mexendo em alguma coisa lá. Lucas estava brincando com o fogo do maçarico que também estava na oficina.
-Tudo bem aí em baixo?
Eu perguntei pro Gabe que estava ali fazia um bom tempo.
-Tudo - Ele riu- Eu preciso de uma chave de fenda, consegue pegar pra mim?
-Claro.
A caixa de ferramentas estava ao lado da perna dele. Eu remexi a caixa e encontrei o que ele precisava. Estendi para ele mas recolhi pouco depois.
-Pra quê você precisa disso aí em baixo se o nosso trabalho é aqui em cima?
Ele riu outra vez.
-Eu só vou apertar um negocinho aqui, antes que o carro desmonte. Depois podemos colocar o ferro pra proteger as janelas.
-Hum, sei.
Ele ficou lá em baixo por mais alguns minutos. Lucas o ajudou a levantar.
-Pronto pra parte pesada?
-Mais que pronto, já sei até o que vamos fazer pra dar tudo certo.
Eu não fui muito útil nessa parte. Ele não me deixaram pegar o ferro que o Phe trazia por causa do meu ombro. E o Gabe não largava o maçarico de jeito nenhum. Então, como meu ombro doeu quando eu fui tentar cortar o ferro em partes menores, não pude faezer nada s enão olhar o que eles estavam fazendo. Depois de algumas horas lá eu estava realmente com fome. Ainda não estava escuro, mas não era noite e eu não tinha almoçado. Saí da oficina e encontrei o grupo rindo e comendo várias coisas como doritos e refrigerante, e sanduíches que pegamos no mercado. Até enlatados que pegamos ontem. Parecia um acampamento. Vários amigos reunidos em círculo em volta de mochilas com comida. Era parte de um sonho meu, e em breve estaríamos no caminho certo pro nosso paraíso.

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