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segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Coisas que perdemos pelo caminho.

Estávamos na avenida, num trânsito caótico, infectados, civis e pessoas armadas pra todo lado. Os tiros nos deixavam surdas, nesse momento Phe estava com o carro bem ao lado do nosso, sinalisou para que abaixássemos o vidro.
-Eu acho que vai ser mais demorado do que o normal, tem uma barricada lá na frente.
Droga, justo agora o governo tinha que ser eficiente? Mais um tiro é ouvido.
-Eu não sei chegar por outra rota, sou uma menina de 14 anos, o que vocês esperavam?
Iara tocou meu ombro com a mão.
-Eu acho que quero voltar.
Todos olharam pra ela. Eu me virei.
- Olha, desculpa. mas você tinha que ter feito essa decisão antes de sair do seu condomìnio. Estamos muito longe pra dar meia volta e eu não vou deixar você sair sozinha.
Pamella abaixou o vidro pra participar.
- Não se preocupe tá legal, eles estão num lugar seguro. Vão ficar bem.
A Tatz aparece por de trás dela.
- Relaxa tá legal, pense nisso como uma viagem entre amigos, eu você a Bih, a Lala, a Pammy e o Phe. Todos juntos escutando Highway to Hell, o que acha?
Eu me intrometi.
- Eu acho que não precisamos de estrada pra chegar no inferno, ou melhor, na sua casa Tatz. O inferno agora está bem aqui.
E um infectado leva um tiro antes que chegue perto das nossas janelas, o sangue espirra na cara da Pammy, ela dá um grito. Um militar chega com um rifle e tapa a boca dela.
- Garota, acho melhor você não gritar.
Eu apareci na janela, ao lado dele.
- Ah, me desculpe mas o senhor não vai ajudar á contê-los com o barulho desses rifles, só vai atrair mais deles para cá. E me desculpe pelo pedido,  mas eu gostaria de passar para o outro lado, antes que um deles acabe nos mordendo, se você não se incomoda.
A Lala e o Phe me olham como se eu estivesse correndo muito perigo.
-Desculpe, mas vou ter que recusar o seu pedido, ninguém entra e ninguém sai, aquela agora é uma área de isolamento.
A Pamella se irritou e falou quando o militar soltou sua boca.
- Ah sim, ninguém entra, ninguém sai e todos morrem aqui. Ótimo, é bem o jeito que eu queria morrer mesmo.
A Tatz completou:
- Você nunca viu um filme de zumbi? Em toda a sua vida? Nós temos um plano, e precisamos sair daqui imediatamente, não quero ser meio grossa como minha amiga ali, mas logo vai ser tarde e não vai mais ter munição, enquanto o número deles aumenta e o seu diminui. E já vai escurecer, eu acho que não vai ser uma boa idéia manter civis desarmado, com fome e sede por uma noite inteira com essas coisas.
Uau, partircularmente eu nunca achei que a Tatz tinha tanto poder de convicção, mas lá estava ela, nos garantindo uma passagem livre para o Guarujá. O militar percebeu que ela tinha rasão, pediu para alguns carros abrirem passagem enquanto passávamos pela barricada.
- E qual o plano de vocês?
Eu tive que responder meio abreviado porquê alguns civis enciumados tentavam derrubar a barricada.
- Vamos até a ilha do Guarujá, lá deve estar mais estável.
O militar sorriu.
- E de quem foi essa idéia?
Eu sorri.
- MInha é claro!
- Bom, estou surpreso, mas desejo boa sorte pra vocês.
-Obrigada!
Eu disse da janela do porsche amarelo em alta velocidade.
Bom, agora é pra valer, estamos á caminho do Guarujá, uma estrada livre e isolada até o pedágio. Passamos pelas vielas antes da estrada, estava tudo meio (perdoem pelo trocadilho) morto, por assim dizer. As janelas estavam fechadas, não havia ninguém na rua. Tudo num silêncio que incomodava á cada acelerada dos nossos carros.
Agora estávamos parados no acostamento, precisávamos da gasolina que pegamos lá no posto.
- Quem diria que seria assim não é?
Pamella estava sentada no capô do carro, junto comigo e com as meninas logo na nossa frente.
- Eu nunca imaginei que acontecesse de verdade, foi um plano idiota de criança.
-Mas foi esse seu plano idiota e de criança que nos salvou.
O Phe estava abraçado com a Lala.
-É Bia, nos salvou. Graças a sua criancisse e crença em zumbis estamos parcialmente salvos.
-É, seria melhor ter armas, mas estou feliz que todos estão bem.
Bia. Esse é meu apelido desde que nasci. Estava na hora de esquecer meu passado. Meus pais nunca passariam da barricada até o nascer do sol.
-Ah, pessoal, de agora em diante, você podem me chamar de Nathalia?
Eles riram.
-Porquê?
A Iara me perguntou.
- Eu quero esquecer meu passado, meus pais nunca vão passar da barricada e vão morrer pelo amanhecer, eu não quero lembrar disso toda vez que me chamarem, será que vocês podem fazer isso, por favor?
- Por mim, tudo bem.
-É, por mim também.
- E eu também.
- E eu.
- Eu não gosto muito de Nathalia, mas tudo bem.
Entramos de novo nos carros, era hora de seguir com o plano.
-Ah, "Nathalia".
Lala riu enquanto falava meu novo nome.
-Você não quer dirigir?
Ela me perguntou e eu não pude evitar um largo sorriso.
-Uau! De verdade? Nossa,mas é claro que sim!
- Que Deus me ajude, eu não quero morrer agora!
Iara estava agarrada no banco traseiro do meu lindo porsche amarelo. Eu e Lala trocamos de lugar, e a Iara apertou o cinto lá a trás.
Bom, eu não ví problema algum em dirigir numa estrada vazia. Era até divertido apostar corrida com o Phe e tudo mais. Estávamos nos divertindo em meio ao caos que o mundo era agora.

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