Bem Vindos...

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Um novo começo.

Minha cabeça doía muito. Eu estava deitada em algum lugar e não sonhei, estava ciente das vozes perto de mim. Estava ciente de que queria matar aquele desgraçado que apertou o meu pescoço e estava ciente de que estava em um movimento rápido. No nosso carro, com sorte. -Será que ela vai acordar?
Pammy perguntava com toda a sua inocência de treze anos.
-Mas é claro que sim Pamella! Ela não morreu, ainda.
Ainda? Como assim, ainda? Eu não estou morta e pretendo não morrer por um bom tempo.
-Tomara que ela acorde logo, eu não sei o caminho.
O Phe provavelmente estava dirigindo.
-Ela já vai acordar, eu sei disso.
Uma curva acentuada para direita e eu bato com a cabeça em algo muito duro.
-Ai!
-Não disse?
-Ai!
-O que foi?
Eu ainda não estava com a visão boa estava tudo embaçado e agora tudo doía.
-Bom, além de eu não enchergar nadinha, minha cabeça doí e meu pescoço queima e minhas costas estão doloridas.
-Ah, só isso?
Agora eu podia diferenciar as pessoas. A Pamella estava do meu lado, amontoada com a Tatz e a Iara. Eu estava deitada em três acentos inteiros não deixando espaço pra ninguém. O Phe estava dirigindo e a Lala estava no banco do passageiro.
-Sim, só isso.
Eu me sentei e a sensação não foi muito boa. Minha cabeça estava girando e eu sentia gosto de ferro na boca, não era legal.
-Tudo bem?
Iara estava meio engraçada na minha visão, acho que isso não é bom. Eu não deveria estar sentindo náusea nem tontura, nem esse gosto de ferro na boca. Tem muita coisa errada.
-Galera? Cade o porsche?
- Eu disse! Disse que ela perguntaria pelo carro, podem me dar o dinheiro.
Iara estava cobrando o que parecia uma aposta entre eles.
-Tivemos um pequeno imprevisto com o porsche.
Mil coisas passavam pela minha cabeça. Eles bateram o carro. Eles explodiram o carro. Eles encheram o carro com zumbis. Meu deus eu mato eles se meu carro estiver detonado...
-Eu... Eu não estou me sentindo bem pessoal.
Eu já deveria estar melhor, bem nunca tinha desmaiado antes, mas com certeza os sintomas já deveriam estar amenizados. Mas minha visão estava embaçada e eu estava salivando muito.Eu sei. É nojento. Mas de tantas vezes que já fiquei doente eu sei os sintomas.
.Visão embaçada
.Corpo pesado
.Muita saliva (eca)
.Sono
.Dor de cabeça
.Calafrios
.Dor no corpo
Dos 7 quatro conferem. Eu estava ferrada. Precisava de duas garrafas de gatorade e dois comprimidos seguidos de muitas horas de sono para fazer efeito. Eu não tinha tanto tempo assim.
-Eu preciso que você me diga o caminho, tá legal?
Estávamos indo em direção á um túnel.
-Esse é o primeiro?
-O que?
-O primeiro túnel, temos quatro pela frente se esse é o primeiro. Depois deles tem mais uma meia hora de estrada com placas sinalizadas para o Guarujá. Esse é o caminho.
-Tudo bem, você precisa de alguma coisa?
-Agora não vai ter nada pela estrada e vocês não vão se arriscar por minha causa. Sigam com a viagem, lá tem alguma coisa pra mim.
-Tá legal.
Seguimos com a viagem, eu devo ter adormecido uma ou duas vezes e acordado com o balanço do carro. Foi mais longo do que eu esperava. Meu celular vibrou, ainda estava com ele. Que milagre.
"Bia! Está uma loucura aqui, onde vc tá. precisamos da sua ajuda. Tem uns caras aqui. Me liga!"
Jamille tinha me respondido, pelo menos ela ainda estava viva. Eu disquei o número dela.
-Alô?
-Gordinha? Onde você tá?
Gordinha era o apelido que eu dei pra ela- Eu estou parada com o colírio aqui antes do pedágio. A minha família....Conseguiu.... Preciso....Ajuda. Bia!...Tá...Ouvindo?
Droga, as linhas já estavam caindo. Não tínhamos muito tempo.
-Gorda, me escuta. Eu vou voltar pra te buscar. Me espera, eu já estou indo.
-Tá, mas vem rápido.
-Phe?
-Sim?
-Preciso de um enorme favor de vocês. Minha amiga ficou presa com aqueles caras na barricada. A gente precisa ir buscar ela, só que ela não está sozinha. Acho que estão dois meninos com ela, a ligação estava falhando. Eu posso contar com vocês pra isso?
-Claro.
-Sim.
-Pode ser.
-Acho que sim.
-Eu não sei.
Eu olhei para a Pammy, que havia descartado a minha proposta.
-Porque?
-Sofremos um bocado pra passar de lá, e agora você quer voltar pra buscar uma amiga sua? Me desculpa, mas eu descordo. Eu deixei para trás muitas amigas minhas, ainda bem que estou com vocês, mas voltar pra buscar sua amiga seria como voltar para buscar as minhas amigas.
-Pamella. Eu entendo o que você sente. Não vou dizer que respeito a sua opnião porque não respeito. Eu quero voltar pra buscar ela, não porque ela é minha amiga. Mas porque ela não tem idéia do que fazer, e aqueles caras podem fazer coisas ruins com ela. E ainda tem meus amigos que estão sozinhos e com medo. Eu não te obriguei a vir, não te obriguai a abandonar tudo o que conheceu para fugir do caos. Eu não obriguei ninguém. No entanto vocês quiseram me acompanhar. E se a maioria quiser seguir em frente eu vou ser obrigada a ficar e voltar. E então?
-Acho que nossas opniões não mudaram. A gente volta pra buscar sua amiga.
E então foi isso. Demos meia volta e seguimos para a barreira que sofremos para passar.
-Dessa vez a gente não vai estar em desvantagem.
O Phe levantou um objeto preto e não muito pequeno. Uma arma. Eu dei uma berrinho.
- Onde diabos você conseguiu isso?
Minha voz saiu estridente. Um gritinho agudo e estranho.
-Dentro da loja. um policial teve o azar de encontrar com aqueles militares eu acho. Tinha um tiro na cabeça mas não parecia estar infectado. Eu peguei a arma, algumas balas e um pente reserva. Graças a seis meses no exército, eu aprendi algumas coisas úteis.
Lala aumentou o volume do rádio. Wolfmother, Woman. A música que eu zerei três vezes no celular da Tatz. A música que eu sabia de cor.
-Alguma recordação meninas?
Elas riram.
-Bons dias eram aqueles que a gente jogava guitar hero no recreio.
-É, agora não vão mais existir.
Um silêncio mortal se formou.
-Não vão mais existir, mas pelo menos eu ainda sei a letra.
A estrada agora estava misturada com alguns risos, algumas memórias, uns pesamentos tristes e uma letra do bom e velho rock. Eu enviei uma prece silênciosa para que minha amiga ainda estivesse bem.

domingo, 25 de dezembro de 2011

A terra prometida - e agora?

O posto estava vazio, eu acho. Não tivemos problemas em abastecer e "colecionar" gasolina. O termo veio da Pammy que admirou o nosso estoque com oito garrafas de 2 litros cada uma.
- Tem problema eu entrar naquela loja?
Tatz estava me ajudando  a guardar algumas garrafas quando a Lala perguntou. A loja é um simples cômodo de oito por oito que vende peças avulsas de biquinis.
- Eu não sei não, acho melhor não bobiar.
Ela se decepcionou.
- Sabe, na correria de fugir daquele inferno eu não pude pegar nada de útil.
Ela estava implorando para entrar.
- Tudo bem, você tem cinco minutos. Não vai provar nada e vai pegar o que der. Cinco minutos e a gente te tira de lá, ok?
- Ok!
Ela entrou quase correndo enquanto eu estava recostada no porsche amarelo, esperando aflita por sua volta.
- Não deveria ter deixado ela ir. Não estou com um bom pressentimento sobre isso.
- Relaxa Bih, ela vai ficar bem. É só uma lojinha de roupas de banho, o que há de mal nisso?
Iara estava se deliciando com uma mini barra de chocolate, que havia trazido de casa.
- Que mal há? Você não sabe o que pode ter la dentro, e você viu as manchas de sangue nas cancelas, aqueles militares podem não ter limpado toda a área, seria imprudente você sair por aí saltitando toda feliz enquanto criaturas sedentas por sangue estão caçando você.
O Phe estava quieto enquanto sua irmã menor enchia nossas cabeças com a verdade.
- Eu acho que vou atrás dela. Quanto tempo falta?
Eu olhei no visor do carro, ela tinha menos de um minuto.
-Phe, corre!
Ele saiu em disparada até a entrada de vidro da loja, ele colocou as mãos em concha e olhou pra a escuridão do pequeno recinto. Ele entrou rapidamente e demorou um pouco até ouvirmos um estrondo. BAM! Foi mais ou menos assim. Algo duro se chocando com algo mais duro, se eles não estivessem numa loja de roupas, eu diria que foi o barulho de pedras caindo no chão.
Mas o barulho não veio de lá, e sim da estrada.
-Ora, ora, ora. O que temos aqui?
Um cara de mais ou menos trinta anos estava dirigindo uma Land Hover e a detonou no guard-hail da estrada, tentando ( eu acho) parar o carro. Estava embriagado com certeza, havia manchas escuras em sua roupa. Provavelmente de bebida. As meninas se afastaram, chegaram a ficar coladas em mim.
-Parece que estou com sorte.
Ele se aproximava de nós, um passo manco de cada vez. Em sua perna esquerda havia um torniquete improvisado com um pano escuro. Ele estava acabando de fumar um cigarro enquanto se aproximava da gente. Ele jogou o cigarro no chão e o amassou com o pé direito.
-O que você quer com a gente?
Dava pra ver o pânico na voz da Tatz.
-Eu? Ora minha cara, eu não quero nada.
Elas estavam tensas, ele deu mais um passo em nossa direção. Onde diabos o Phe estava agora? Porque os dois não chegavam logo? Porque? Eu estava começando a ficar realmente nervosa, o fim do mundo começou á apenas algumas horas e já havia maníacos a solta. Que ótimo, isso sim é bem legal de acontecer.
-O que três belas garotas como vocês fazem aqui, sozinhas com dois carros muito caros, numa estrada abandonada?
Ele deu uma risada estrondosa, estranha e sinistra.
-Não é da sua conta.
Pammy estava nervosa demais para pensar suas palavras. mas o homem se irritou e virou um tapa nela. Eu avancei pra cima dele, estava com a mão fechada, pronta para agir.Ele riu.
-Parece que temos uma durona aqui, o que foi pirralha? Ficou bravinha porque eu bati na sua amiga ali?
Nem pensei duas vezes, minha mão acertou o nariz dele. Agora, todos os programas que eu ví sobre combate corporal estavm rodando na minha cabeça. Para afastar um oponente abra a mão e acerto no nariz empurrando-o para cima. Depois disso minha mão estava ensanguentada.
-Ora sua pirralha.
Ele partiu pra cima de mim. Se o agressor está vindo até você corra e pare bruscamente com o braço esticado na altura do estômago. Ele perdeu o fôlego. Cotuvelada nas costas, imobilize o braço atrás das costas e ( isso é o que eu faço com o meu irmão ás vezes) Torça-o até ouvir um estalo.
O braço dele era mais pesado do que o do meu irmão, mas o estalo foi ouvido. Agora, sem fôlego, com o nariz sangrando e imobilizado por uma garota de 14 anos, o homem não passava de um babaca.
- Eu... Não sou... Uma pirralha.
Eu dizia as palavras conforme torcia o braço dele, fazendo-o grunir.
- E acho bom, você não voltar a me perturbar, nem a mim, nem as minhas amigas.
Tá, eu admito que foi muito improvável eu ganhar numa luta com ele, mas depois de horas vendo programas de sobrevivência e ficar brigando com o meu irmão, eu devo ter aprendido alguma coisa.
Eu ainda o segurava, com certeza ele viria para o contra-ataque se estivesse livre. Eu desviei o olhar do homem para ver e a Pammy. O bastante para ele se livrar de mim e me agarrar pelo pescoço.
-Você... Não parece tão durona agora... Pirralha.
Ele estava ofegante( ainda) e com o rosto todo sujo. Me levantou facilmente do chão, eu começava a perder o ar. Porque as meninas não fazem nada nessa hora? Eu olhei para os lados, minha visão começava a embaçar, com certeza um mal sinal.  A Pammy estava sentada e a Tatz estava cuidando dela.. Onde estava a Iara? Olhei mais para o lado, já estava usando a visão periférica. A mangueira de gasolina não estava no lugar. Do outro lado a Iara balançava a mangueira de gasolina, com a ponta de ferro quase nos alcançando. O homem estava ocupado demais para notar a Iara e a "arma" dela, ele se concentrava em apertar mais o meu pescoço.
-Solta a garota.
FInalmente! O Phe tinha voltado e tinha alguma coisa em mãos, Lala estava atrás dele com uma sacola e outra coisa na mão direita. Ótimo, eu estava quase desmaiando. Só pude ouvir do homem atrás de mim um surpreso " Eu não acredito!". Foi tudo o que eu pude escutar antes de apagar por completo.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

As portas do paraíso estão manchadas de sangue.

Depois de me divertir, apostando corrida e acelerando até não poder mais, chegamos ao fim da zona segura. Na minha opnião, a porta de saída do "paraíso". O pedágio separa a linha segura da suposta linha infectada. Já que os sinais de telefones e celulares estão caindo, e á noite está chegando, hesitamos em passar pelas cancelas.
-Eu acho que aqui é o fim da linha.
Estávamos todos fora dos carros, eu Pamella, Tatz, Iara, Phe e Lala. Todos em conflito, todos esperando o meu veredicto. A minha palavra final.
-Eu... Sinceramente gostaria da opnião de vocês, eu criei o plano, e os trouxe aqui. É demais pedir para que concordem comigo em tudo.
Estava com medo de voltar para o porsche, com medo de atravessar as cancelas e encontrar milhares de zumbis sedentos por sangue, correndo em nossa direção.
-É por isso que estamos esperando você decidir, você criou o plano, você pensou em tudo, você nos tirou daquela confusão antes que fosse tarde. Eu não me arrependo de ter deixado parte da minha família, não me arrependo de ter deixado tudo para trás e ter vindo com vocês. Depois de tudo o que você planejou, eu não poderia fazer mais nada além de ser grata por tudo o que você fez.
Pamella parecia decidida ao dizer isso.
-Mas...
- Mas, é graças aos seus planos malucos que estamos vivos Bia, opa quero dizer, Nathalia.
Phe estava junto de Lala que concordava com a cabeça.
-Já que é o plano, vamos seguí-lo.
Entramos no carro, e eu não dirigia mais. Se houvesse perigo, eu não conseguiria escapar dele. Lala odiou ter que sair da porsche, mas o Phe queria dirigí-la um pouco. Ele foi até perto da cancela, deu a ré e voltou. Se houvessem zumbis, de maneira nenhum a carroceria do meu lindo carro seria manchada de sangue. Depois, que o Phe saiu sorrindo do lindo carro amarelo, entramos nos carros. Dessa vez, eu iria na Hilux com o Phe e a Tatz, enquanto a Lala, a Pammy e a Iara iam no meu lindo porsche amarelo. A Hilux iria na frente,por ser um carro grande, espaçoso e por não ser um lindo carrinho amarelo. Eu e ele estávamos em silêncio enquanto passávamos pela cancela, estava tudo como antes, tirando o fato de que as cancelas estavam sjas de sangue. Um sangue escuro e meio seco. Um mal sinal com certeza.
Antes de sair das lojinhas, eu peguei dos walkie-talks para momentos como esse.
-Na escuta, câmbio?
Era desnecessário. Mas era tão divertido.
-Na escuta, algum problema aí na frente?
Tatz estava apertando o cinto quando a Iara respondeu.
- Um mal sinal, e não esqueça de dizer "câmbio", câmbio.
Elas riram do outro lado.
-Tudo bem, qual o problema? Cãmbio.
-Temos uma mancha de sangue, um pouco recente, bem na cancela. Melhor vocês ficarem aí á tras enquanto vamos primeiro. Câmbio.
-Péssima idéia Bih, podemos ser encurraladas. Câmbio.
-Então façamos o seguinte, assim que passarmos completamente pela cancela, contem até três e venham á toda velocidade ao nosso lado.Câmbio.
-Melhor assim, câmbio.
-Ok, nos vemos do outro lado. Câmbio e desligo.
Eu apertei o cinto e me segurei no banco, estava tudo planejado, mas era sem dúvida um risco enorme seguir com o plano. O Phe acelerou e passamos pela cancela. Até aqui, tudo legal.
-Bia, olha lá!
Tatz estava aflita ( e ainda não tinha se tocado que dali em diante eu não era a Bia), mas ela estava apontando o dedo magro e palido com unhas bem-feitas para a criatura sangrenta que vagava pela estrada.Peguei o walkie-talk.
-Na escuta? Galera, tenho más notícias.
-E a história do câmbio?
-Não há tempo pra isso, tem um zumbi bem na minha frente, ainda dá pra voltar, mas eu preciso da opnão de vocês.
Eu ouvi vozes confusas do outro lado da linha.
-Siga com o plano.
-Bia, siga com o plano, você tinha razão, ainda não estamos no Guarujá, confie em mim.
Tatz estava com a mão no meu ombro, sustentando o meu olhar de pânico.
-É Nathalia Tatz, mas ainda assim. Você não me fez roubar dois carros caríssimos, causar um tumulto em uma avenida e dirigir á toda velocidade por uma estrada vazia, para desistir no primeiro zumbi que encontramos.
-Concordo com ele. A lataria desse porsche está pedindo por carne fresca.
Lala riu do outro lado, participando da conversa.
-Ah, você não vai sujar  MEU porsche. Porquê você acha que nos mudamos para a Hilux?
Então era a hora, o Phe estava ganhando velocidade, se aproximando do zumbi. Eu fechei os olhos e esperei pelo barulho que não aconteceu. Exeto por um tiro, um bem alto. Que me deixou temporariamente surda.
-O que diabos...
Haviam militares com uma barricada. Eles atiraram no zumbi que estava vagando. Um deles estava com uma AK-47, ele estava apontando a arma para nós enquanto se aproximava.
-O que vocês fazem aqui, isso é áreaa de isolamento. Não permitidas para civis.
-Desculpe senhor, estamos seguindo para a ilha do Guarujá. Passamos na outra barricada, um militar nos deixou passar.
O militar falou algo no rádio enquanto olhava para nós.
- Estou com três civis, aparentemente desarmados.
Um barulho de resposta.
-Um jovem de aparentemente 16 anos e duas crianças.
-18, e não somos crianças.
Eu estava começando a ficar irritada.
-Um momento senhor.Como é?
- Ele tem 18 anos completos, e eu e minha amiga ali somos científicamente adolescentes. Há um bom tempo.
-Ah, perdoem-me.
Ele zombava.
-Senhor, eles seguiam para o ponto G. Disseram que atravessaram a barricada 1 e seguiram para cá.
Outro barulho.
-Bih, o que aconteceu?
Iara estava no walkie-talk.
-Não é o momento.
Esse é o ruim dos walkie-talks, sempre no momento errado.
-Há mais pessoas com vocês?
O Phe respondeu.
-Três meninas no carro de trás.
-Senhor, são no total seis civis.
Agora o barulho se transformou numa voz, e eu a ouvi claramente.
-São muitos. Extermíne-os.
Eu gritei.
-Phe! Acelera, agora!
Peguei o walkie-talk.
-Iara, fala pra Lala pisar fundo, vamos quebrar mais uma regra.
E então aceleramos e passamos pela barricada, os dois carros em altíssima velocidade.
-Lala, tudo bem aí?
-Na verdade, bem pra caramba Bih! Foi muito legal!
-Beleza, a gente ia parar na lanchonete mas eles podem nos alcançar. Então a gente só vai abastecer, e seguir viagem, ok?
-Ok.
A lanchonete estáva a duzentos metros da barricada, mas eles estavam preocupados em montar a barricada e não seguir seis adolescentes quebrando algumas regras.
Estávamos nos divertindo.Por enquanto.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Coisas que perdemos pelo caminho.

Estávamos na avenida, num trânsito caótico, infectados, civis e pessoas armadas pra todo lado. Os tiros nos deixavam surdas, nesse momento Phe estava com o carro bem ao lado do nosso, sinalisou para que abaixássemos o vidro.
-Eu acho que vai ser mais demorado do que o normal, tem uma barricada lá na frente.
Droga, justo agora o governo tinha que ser eficiente? Mais um tiro é ouvido.
-Eu não sei chegar por outra rota, sou uma menina de 14 anos, o que vocês esperavam?
Iara tocou meu ombro com a mão.
-Eu acho que quero voltar.
Todos olharam pra ela. Eu me virei.
- Olha, desculpa. mas você tinha que ter feito essa decisão antes de sair do seu condomìnio. Estamos muito longe pra dar meia volta e eu não vou deixar você sair sozinha.
Pamella abaixou o vidro pra participar.
- Não se preocupe tá legal, eles estão num lugar seguro. Vão ficar bem.
A Tatz aparece por de trás dela.
- Relaxa tá legal, pense nisso como uma viagem entre amigos, eu você a Bih, a Lala, a Pammy e o Phe. Todos juntos escutando Highway to Hell, o que acha?
Eu me intrometi.
- Eu acho que não precisamos de estrada pra chegar no inferno, ou melhor, na sua casa Tatz. O inferno agora está bem aqui.
E um infectado leva um tiro antes que chegue perto das nossas janelas, o sangue espirra na cara da Pammy, ela dá um grito. Um militar chega com um rifle e tapa a boca dela.
- Garota, acho melhor você não gritar.
Eu apareci na janela, ao lado dele.
- Ah, me desculpe mas o senhor não vai ajudar á contê-los com o barulho desses rifles, só vai atrair mais deles para cá. E me desculpe pelo pedido,  mas eu gostaria de passar para o outro lado, antes que um deles acabe nos mordendo, se você não se incomoda.
A Lala e o Phe me olham como se eu estivesse correndo muito perigo.
-Desculpe, mas vou ter que recusar o seu pedido, ninguém entra e ninguém sai, aquela agora é uma área de isolamento.
A Pamella se irritou e falou quando o militar soltou sua boca.
- Ah sim, ninguém entra, ninguém sai e todos morrem aqui. Ótimo, é bem o jeito que eu queria morrer mesmo.
A Tatz completou:
- Você nunca viu um filme de zumbi? Em toda a sua vida? Nós temos um plano, e precisamos sair daqui imediatamente, não quero ser meio grossa como minha amiga ali, mas logo vai ser tarde e não vai mais ter munição, enquanto o número deles aumenta e o seu diminui. E já vai escurecer, eu acho que não vai ser uma boa idéia manter civis desarmado, com fome e sede por uma noite inteira com essas coisas.
Uau, partircularmente eu nunca achei que a Tatz tinha tanto poder de convicção, mas lá estava ela, nos garantindo uma passagem livre para o Guarujá. O militar percebeu que ela tinha rasão, pediu para alguns carros abrirem passagem enquanto passávamos pela barricada.
- E qual o plano de vocês?
Eu tive que responder meio abreviado porquê alguns civis enciumados tentavam derrubar a barricada.
- Vamos até a ilha do Guarujá, lá deve estar mais estável.
O militar sorriu.
- E de quem foi essa idéia?
Eu sorri.
- MInha é claro!
- Bom, estou surpreso, mas desejo boa sorte pra vocês.
-Obrigada!
Eu disse da janela do porsche amarelo em alta velocidade.
Bom, agora é pra valer, estamos á caminho do Guarujá, uma estrada livre e isolada até o pedágio. Passamos pelas vielas antes da estrada, estava tudo meio (perdoem pelo trocadilho) morto, por assim dizer. As janelas estavam fechadas, não havia ninguém na rua. Tudo num silêncio que incomodava á cada acelerada dos nossos carros.
Agora estávamos parados no acostamento, precisávamos da gasolina que pegamos lá no posto.
- Quem diria que seria assim não é?
Pamella estava sentada no capô do carro, junto comigo e com as meninas logo na nossa frente.
- Eu nunca imaginei que acontecesse de verdade, foi um plano idiota de criança.
-Mas foi esse seu plano idiota e de criança que nos salvou.
O Phe estava abraçado com a Lala.
-É Bia, nos salvou. Graças a sua criancisse e crença em zumbis estamos parcialmente salvos.
-É, seria melhor ter armas, mas estou feliz que todos estão bem.
Bia. Esse é meu apelido desde que nasci. Estava na hora de esquecer meu passado. Meus pais nunca passariam da barricada até o nascer do sol.
-Ah, pessoal, de agora em diante, você podem me chamar de Nathalia?
Eles riram.
-Porquê?
A Iara me perguntou.
- Eu quero esquecer meu passado, meus pais nunca vão passar da barricada e vão morrer pelo amanhecer, eu não quero lembrar disso toda vez que me chamarem, será que vocês podem fazer isso, por favor?
- Por mim, tudo bem.
-É, por mim também.
- E eu também.
- E eu.
- Eu não gosto muito de Nathalia, mas tudo bem.
Entramos de novo nos carros, era hora de seguir com o plano.
-Ah, "Nathalia".
Lala riu enquanto falava meu novo nome.
-Você não quer dirigir?
Ela me perguntou e eu não pude evitar um largo sorriso.
-Uau! De verdade? Nossa,mas é claro que sim!
- Que Deus me ajude, eu não quero morrer agora!
Iara estava agarrada no banco traseiro do meu lindo porsche amarelo. Eu e Lala trocamos de lugar, e a Iara apertou o cinto lá a trás.
Bom, eu não ví problema algum em dirigir numa estrada vazia. Era até divertido apostar corrida com o Phe e tudo mais. Estávamos nos divertindo em meio ao caos que o mundo era agora.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

[OFF] Lista de Planos Para um Apocalipse Zumbi. [OFF]

1- Ir para o Guarujá-
. Encontrar com a Iara na loja de carros da avenida.
.Roubar um carro grande e ir DIRETO para a casa da Tatz.
.Assaltar as lojinhas e pegar o máximo de coisas úteis e possíveis para a viajem.
. Roubar gasolina, vai ser muito útil.
. Roubar armas de uma delegacia, vai ser mais útil do que a gasolina.
.Dirigir pela Espraiada, em direção ao Guarujá.
.Roubar meu porsche *-*
.Roubar um bote, ou barco, ou até mesmo um iate se for possível.
Dirigir até o Gaurujá, imprevistos podem acontecer e uma viajem de duas horas pode se transformar em uma viagem de dois dias.
. Chegar na praia das conchas e ir até a ilha abandonada.
. Construir uma casa ou limpar uma das mansões pra ficar mais tranquilo.
.Viver Feliz e Isolado pra sempre, ou até só restar a gente no mundo.

2. Ficar em casa-
. Evite qualquer contato com eles.
. Estoquem comida, reforcem as portas e não façam barulho.
. Se forem matar eles, mirem NA CABEÇA! Qualquer outro lugar será inútil.
. Os infectados estão mortos, não há como salvá-los.
. Com o tempo vocês vão ter que sair. Evitem á qualquer custo, lugares difíceis de entrar e sair.
. Vocês vão precisar de uma arma, tentem arrombar alguma delegacia ou use objetos pontudos.
. É meio difícil viver num mundo apocalíptico, tentem não se separar da família.
. Se você está cercado, se mate. A dor de ser mordido por eles é pior do que a própria morte.
. Não hesite em matar amigos e família, se eles foram mordidos, eles vão te matar.
. Última regra. Tenha muito cuidado com as escolhas que você faz.

3- Ilha Isolada Que Eu Não Sabia Que Existia. (I.I.Q.E.N.S.Q.E)
. Poisé existe uma ilha no meio do nada ao sul Brasil, ela fica no Rio Grande do Sul e eu não sei á que distância.
.Dirigir até o Rio Grande, saqueando bares e restaurantes, se livrando de possíveis zumbis no caminho.
.Roubar um barco grande, provavelmente um iate, porque eu não sei como vai estar o tempo e se vai ser possível chegar na ilha. Além do mais, qualquer coisa a gente mora no barco mesmo.
. Chegar na ilha ( que provavelmente vai ter zumbis e casas)
.Isolar a área e morar lá forever, fazendo viajens em busca de mentimentos e essas coisas.

No caminho pro Paraíso ( eu espero)

O Trânsito continua até agora, pelo menos conseguimos chegar na concessionária. Agora o porsche amarelo é meu *-*. Não sei porque eu estou tão feliz. Tivemos que matar a vendedora com um pedaço de pau que encontramos na calçada, foi nojento. O Phe fez isso por nós, eu vou ter que deixar o medo de lado se quiser sobreviver, o Phe não vai poder nos ajudar sempre. Ainda bem que era só uma, o cara que ela devorou não tinha muitas condições de levantar no momento. Estamos seguindo viajem agora, mas eu continuo sem dirigir. O Phe está na Hilux com a Pammy e a Tatz, e eu estou no prosche com a Lala e a Iara. Decidi mudar meu nome, nunca gostei do meu. E pra falar a verdade, pra quê se preocupar com isso agora? É só que em meio á tantos filmes que eu ví, as pessoas esqueciam seus nomes para esquecer seu passado e eu? Bem sou só uma menina mimada que mudou de nome porquê quis.
Incrível como em algumas horas a infecção cresceu. O rádio anunciava que três centros estavam lotados e que mais de 80% de São Paulo está tomada pelo vírus, estima-se mais de 800 mil mortes até agora. Tudo isso no primeiro dia. Imagina como estará daqui á meses? Eu recebi uma resposta dos meus pais e da minha amiga.
" Estamos bem, mas queria que você estivesse aqui. Seu irmão tem sido de muita ajuda, também, com todos aqueles video-games... Fizemos quase tudo da sua lista e até agora está tudo bem, mas acho que vou me juntar á vocês, não é seguro ficar aqui. Estamos indo para o Guarujá com você, nos encontre no apartamento da vovó."
Foi o que minha mãe mandou por SMS. Graças a Deus eu tinha tudo preparado á ponto de só sair e partir para o local seguro, apesar de que não tenho certeza que lá é seguro. Eu esperava isso já que é uma ilha e tudo mais, ainda que vamos construir uma casa do zero em uma ilha numa praia fechada, longe do centro do Guarujá. Mas nada é certo, e eu odeio admitir mas estou com muito medo. não podemos ir muito rápido porque está tudo parado e agora pouco um infectado bateu com tudo no vidro, bem do meu lado. Eu pude ver a cara deformada e a mandíbula pendurada, por sorte não vomitei. A Iara fechou os olhos, pelo menos ela não vai sonhar com isso.
"Meu deus, você é o que? Advinha? Eu ao aredito que isso está acontecendo... meu deus eu vi com os meus olhos como esta la fora. Ainda acho idiota, mas você tem sorte em acreditar naqueles filmes, eu nao sei pra onde vou. Minha mae está amedrontada e a Carol nao para de chorar, onde você tá?"
Foi o que minha amiga respondeu, por um momento eu pensei em falar, " Eu te disse pra acreditar em mim! Eu sabia que era verdade e você zombou da minha cara, hahá." Mas ela estava com dificuldade, tinha uma irmã pequena, um pai e uma mãe e uma cadelinha chamada Cléo. Eu deveria chamá-los para vir conosco, mas com certeza eles iriam recusar. Eu resolvi tentar que qualquer jeito.
"Gorda, eu estou indo pro guarujá, como é uma ilha tem uma chance de ser seguro. Vocês podem vir conosco, meu pais estão á caminho. Peguem uma carona com eles, tenho certeza que ão vai ter problema. Cuidado tá?"
Eu estava com medo agora, eles estavam vindo e se eu estiver errada vou por tudo á perder, meus pais e meus amigos estão nas minhas mãos e agora eu não tenho tanta certeza assim, talvez eu deva passar para o plano três.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Operação F.U.G.A.

Eu me saí bem dirigindo pelo Morumbi até chegar no Portal. Onde a Tatz mora. Eles estavam na grade da portaria, com malas enormes e uma despedida no rosto de cada um. Tatz, o Phe, a Lala e a Pammy. Todos eles entraram no carro se despedindo dos pais que ficariam ali, onde achavam seguro. Era uma questão de tempo até o prédio inteiro ser tomado por um deles, até agora eu ví pouquíssimos zumbis, um bom sinal, quer dizer que estamos adiantados. Entramos nas lojinhas e a vendedora nem se importou em nos ver saqueando tudo. Chocolates, filmes, salgadinhos, muita água e enlatados. Além de cobertores, travesseiros e objetos de acampamento. Pouca gente sabe o que é dormir num carro cheio de gente. No posto, um dos frentistas tinha sido mordido, os outros estavam cuidando dele. "Simplesmente inútil, eu disse que os adolescentes sobreviveriam." Foi o que eu disse para o pessoal. Lala e Phe eram maiores de idade fazia uns quatro meses, nenhum deles sabia dirigir, mas acharam melhor me tirar do volante. A gasolina foi cedida de boa vontade quando ninguém me impediu de puxar a alavanca, todos estavam servindo de comida para o frentista infectado. "Coitados, mal sabiam eles da verdade." Isso foi o que eu pensei, antes da caixa da loja de conveniência bater nele com uma barra de ferro, direto na cabeça. Pena que ela estava chorando e não viu quando os outros levantaram, com as tripas aparecendo. Claro que alguns vieram pra cima de nós e eu não consegui cumprir o número três da lista de sobrevivência. Mas haviam outros oito postos em nosso percurso. O único lugar que não nos deixaram entrar foi a delegacia, justo o lugar que eu calculei, o lugar que estaria em completo caos e eles nem ligariam se pegássemos algumas armas. Mas o delegado não me deixou explicar o que estava acontecendo.
-Criança maluca! Você deveria estar em casa, não ouviu que estamos em estado de emergência? Anda logo.
- Mas, além me meter uma bala na cabeça de todo mundo que está com sangue entre os dentes, ou deixar a infecção chegar em nível mortal e jogar uma bomba e acabar com aqueles demônios, o senhor não pode fazer absolutamente nada.
E foi assim que eu ví que o pobre senhor estava com um infectado ali dentro. Ele olhou para os lados, afrouxou a gravata e passou a mão na testa. Coitado dele, apenas mais um que nã vai viver por muito tempo, a não ser que ele saia dali.
- E se eu desse uma arma pra você, você saberia atirar? Recarregar? Destravar, trocar um pente? E se você desse um tiro no seu pé? Ou nos seus amigos? Como se sentiria? De qualquer modo eu não darei uma arma para uma criança.
- Com todo o respeito senhor, eu sou a única com chances consideráveis de sobreviver, sei como matá-los e sei pra onde ir. Não tenho uma arma, mas jajá não restará alguém para me impedir. Eu tenho dois maiores de idade no carro, e veja só, eles confiaram em mim ao invés do seu governo. Quer saber? Fique com as armas, você vai precisar. E, senhor? Diga aos seus homens para mirarem na cabeça.
Era só uma questão de tempo até que não restasse ninguém pra me impedir, seria em pouco tempo, um deserto da morte com pilhas de corpos e cheiro de carniça. Eu entrei no carro e seguimos para a Avenida Espraiada, onde pegaríamos os restos dos veículos para seguir viagem. Na lista estávam inclusos um barco, e o meu carro dos sonhos. Um porsche amarelo. Eu sonho com ele desde que uma personagem do meu livro o adquiriu como carro favorito. A viagem foi turbulenta, havia pessoas gritanto e enarrafamentos, e caos e infectados e... Nós, numa Hilux prateada, com mantimentos para três semanas e objetos de sobrevivência. O rádio estava ligado, e ao invés de música, o locutor dizia :
- Isso é um aviso para todos que estão sintonizados, não sei dizer ao certo o que está acontecendo, eu sei que os mortos estão caminhando e pessoas estão sendo mordidas. Como nos filmes, não há culpado aparente e há pessoas que dizem que Deus resolveu se vingar da ganância desse mundo. O governo disse para nos dirigirmos á um dos centros de sobreviventes que estão cituados em estádios e em CEUS, por todo o território. Mas se não for possível sair, é mais seguro que fiquem em suas casas.
- Bobagem!
Lala estava lendo um dos seus livros e disse isso para o locutor.
- Ele sabe que no final niguém vai sair dessa, o governo não estava preparado. O mundo não estava preparado, a gente viu a televisão. Roma, Grécia, Moscou, Paris, Tóquio, Nova Iorque. Todos desesperados para o apocalipse, algo científico e muito expicável.
- Ah sim, e como se explica isso?
Iara era a única de nós que se comprometia com a igreja, a família da Tatz não acreditava, a família do Phe não ligava e eu, simplesmente acho que há um lugar para nós, mas não há um ser que julga quem morre e quem vive, quem vai nascer perfeito e quem nasce com alguma deficiência. Seria injusto e imoral. Por isso eu prefiro acreditar em espíritos e em reencarnação.
- Qual é Iara, você vem discutir com cinco pessoas que não acreditam em Deus, em um apocalipse zumbi a única explicação é alguém idiota o bastante pra modificar o vírus da raiva achando que podia curar umadoença que ja tem prevenção. Ou alguma pobre cientista demitido e rancoroso quis se vingar.
- Ou Deus se cansou da angustia do mundo e resolveu se vingar.
- Tá, isso ficou realmente estranho. Vamos deixar claro que há uma praga no mundo e não sabemos o motivo de ter acontecido mas simplesmente aconteceu. Fim.
Essa era a Pamella, não tinha aberto a boca desde que entrou no carro, odiava  discussões e principalmente daquelas sem sentido.
O trânsito estava infernal, tudo parado. Vinte e seis longos quilômetros de congestionamento, segundo o locutor da rádio.
- Phe, podemos colocar um cd por favor?
Pois é, com toda a correria de sair de casa antes que fosse tarde eu deixei meus cds favoritos, incluindo o me primeiro cd da banda paramore. A minha banda favorita.
A música começou e de algum modo, todos nós relaxamos. Tatz começou a ler, a Pammy estava no celular, Iara estava olhando pela janela, Phe estava olhando o trânsito e a Lala cantava sem erro algum a letra. Eu peguei meu celular que ainda estava com sinal e enviei algumas mensagens.
" Ooi, estamos a caminho da Espraiada, apenas algumas horas até o destino final. Espero que levem as regras com seriedade, elas vão ajudar muito."
Enviei para os meus pais, minha amiga que estava em casa e meus amigos que tinha conhecido á pouco tempo. Eu poderia nunca mais vê-los, ou ter uma vida normal. Eu poderia nunca mais brigar pelo controle remoto com meu irmão, e ficar triste quando ele se machucava de verdade. Eu poderia nunca mais falar com o meu ex-namorado, eu nunca mais veria o cara que eu gostava, eu nunca mais seria a mesma.

O começo. Parte II

Hoje foi uma loucura, eu estava no meu quarto escutando música e de repente uma louca gritou lá em baixo. Eu olhei pela janela e não pude acreditar no que ví. Uma mulher estava sendo perseguida por um bando de criaturas nojentas e sujas de sangue. Na hora eu não percebi, mas assim que eles a derrubaram e começaram a devorá-la eu ví que um dos meus piores pesadelos estavam acontecendo. Claro que eu fiquei assustada, e depois fiquei pulando no meu quarto dizendo " Isso não está acontecendo! Isso não está acontecendo!" Mas estava. Era real. Eu peguei meu caderno vermelho, um bem antigo onde escrevi planos de fuga para esse dia. Eu já disse que não sou como as outras garotas, eu sabia que isso ia acontecer. Desde que os filmes de zumbi viraram moda eu sabia que deveria haver um motivo. Quando o centro de controle de doenças dos Estados Unidos publicou em sua página que um apocalipse zumbi era possível, eu achei realmente estranho. Foi aí que me juntei com as meninas, vimos cerca de quinze filmes sobre zumbis, inclusive um anime japonês, High School Of The Death. Alguns eram bem bobinhos, outro incrívelmente reais. Então criamos uma rota de fuga para o caso de acontecer na realidade. Era brincadeira de criança, como eu saberia que um dia usaria a rota de fuga?
As meninas também não acreditarm quando eu mandei o vídeo para elas, o da mulher sendo devorada. Elas me ligaram pouco depois. "Bih ,eu não acredito! É mesmo verdade? Ai meu deus! O que a gente vai fazer?" Eu já sabia o que fazer, dizer aos meus pais que ir para uma área segura do governo era suicídio. Os jornais recebiam imagens grotescas a cada dois minutos.
 "Ou vocês vem comigo, ou vocês ficam aí." Mas é claro que eu não os deixaria sem nada, eles nunca viram um filme de zumbi decente. Então arranquei do caderno um plano caso eu resolvesse ficar em casa.
" 1. Evite qualquer contato com eles.
2. Estoquem comida, reforcem as portas e não façam barulho.
3. Se forem matar eles, mirem NA CABEÇA! Qualquer outro lugar será inútil.
4. Os infectados estão mortos, não há como salvá-los.
5. Com o tempo vocês vão ter que sair. Evitem á qualquer custo, lugares difíceis de entrar e sair.
6. Vocês vão precisar de uma arma, tentem arrombar alguma delegacia ou use objetos pontudos.
7. É meio difícil viver num mundo apocalíptico, tentem não se separar da família.
8. Se você está cercado, se mate. A dor de ser mordido por eles é pior do que a própria morte.
9. Não hesite em matar amigos e família, se eles foram mordidos, eles vão te matar.
10. Última regra. Tenha muito cuidado com as escolhas que você faz."
E foi assim que eu saí de casa. Uma mochila com água, roupas, comida e equipamento para acampar. Desci a minha rua em meio ao caos, minha amiga já estava esperando na concessionária de importados.
- Como você saiu?
Eu sabia que ela não conseguiria deixar os pais tão facilmente.
- Eles não estavam lá, deixei o papel de regras em cima da mesa. Com um bilhete de despedida.
Ela estava com os olhos vermelhos. Deve ter sido difícil. Eu nunca fui muito próxima da minha família, mas foi difícil sair de casa e saber que eu posso nunca mais vê-los.
- Uau, cruel vindo de você.
Eu tentei levar na brincadeira, mas o mundo está acabando, não há tempo pra isso.
- Eu sei, ei! Vamos logo, a Tatz deve estar pronta.
 Tatz era minha outra amiga, ela também tem problemas com a família, por isso a irmã o cunhado e a cunhada vinham com eles.
-Um carro grande?
Eu perguntei para Iara, minha melhor amiga desde os 12 anos.
- Um carro grande e estiloso.
Pegamos uma pedra e jogamos contra o vidro, até ele estilhaçar. Não tínhamos muito tempo, o alarme da loja atrairia aqueles demônios para cá. Apesar de ainda não ter muitos deles, eu espero.
Fomos direto para uma Hilux prateada, não gosto muito de picapes, mas é tudo que temos. A chave estava no porta-luvas o que nos poupou bastante tempo.
- Qual o plano agora Bih?
- O de sempre, passar na casa da Tatz, pegar tudo o que puder nas lojinhas, encher cinco garrafas com gasolina, assaltar uma delegacia e seguir até a Espraiada.
Eu não sei dirigir, as únicas esperiências que tive foram com meu pai acelerando enquanto eu virava o volante. Mas eu me saí muito bem dirigindo aquele carro enorme. Eu só bati quatro vezes e fiz strike em três zumbis.

O começo.

Esse aqui é meu diário de bordo. Bom, não de bordo, nessas situações seria mais um diário de sobrevivência.
Faz três dias  que o inferno começou. Sabe aqueles filmes nojentos de mortos que se levantam e comem pessoas? Imagine isso aqui, no mundo real. Um caos não? Foi exatamente isso que aconteceu, e tudo por causa de um hamburguer infectado. O paciênte zero deu uma simples mordida e tudo foi desabando. Simples assim. Incrível como um vírus pode se alastrar tão facilmente. Mais incrível ainda foram os presidentes mundiais se abrigando unidos em um bunker abaixo do solo.
Ah, sim. Meu nome é Nathalia. Bom, agora é pelo menos. Eu sou dessas garotas que num mundo convencional, joga futebol, cozinha bem, e ganha de um menino no video-game. Eu costumava fazer isso. Era legal, mas agora tudo mudou.