A lua começava a subir no céu, vários jogadores vieram me cumprimentar, me dar os parabéns e me elogiar pela melhor morte de zumbi que eles já viram ao vivo. Eu sorria e agradecia mas meu estômago estava roncando mais alto do que eu podia falar.
-Vem, vamos comer alguma coisa.
Bloom passou seu braço pelos meus ombros e andou comigo para a outra parte da praia, longe da cachoeira e longe da Arena.
-A gente faz as refeições toda noite assim que a lua aparece. É bem legal.
O luau deles era bem organizado, tinham mesas com as comidas mas sentávamos na areia e observávamos as ondas. A comida não era tão boa quanto a que me deram na enfermaria, mas eu comi muito bem. Assim que todos terminaram eles deixaram tudo em cima da mesa e seguiram seu caminho de volta para o acampamento.
-Ah, eu não me sinto muito cansada. A gente tem que ir pra lá?
Eu perguntei a Ky quando ele me encontrou na enorme fila para deixar os pratos.
-Infelizmente, é obrigatório. Mas a gente pode dar uma escapada se você quiser?
-O que? Menino!
-Calma, eu tô só brincando.
Ele riu. Ky e Bloom me acompanharam até os portões com a bandeira azul, se despediram e seguiram seu caminho até seus acampamentos. Eu só esperava que Blast cumprisse sua parte do acordo. O portão estava aberto de modo que eu não precisei empurrá-lo, alguns meninos me acompanharam dizendo que instalaram minha cabana enquanto eu estava no jogo de estréia. Era uma cabana de lona azul, com o nome Ghost escrito com letras pretas bem acima da porta. Eles se despediram e eu entrei. Não havia nada demais, era apenas uma cabana de lona com um saco de dormir, um edredom e um travesseiro. Eu me deitei por apenas algumas horas e quando acordei, apenas as tochas iluminavam o acampamento. Eu saí em direção ao portão de ferro e depois seguindo por onde eu pensava ser o tronco. Que horas seriam? Eu me sentei no tronco e esperei algum tempo antes de desistir, deis quinze passos quando algo agarrou meu pulso. Eu girei com a mão direita fechada em direção do rosto de quem quer que fosse. Blast segurou minha outra mão antes que acertasse seu rosto.
-Ei! A gente não tinha um acordo?
-Tinha.
Eu chacoalhei meus braços até ele me soltar.
-Mas você se atrasou. Fim do acordo.
Me virei de volta para o acampamento. Eme colocou a mão no meu ombro.
-Você não queria sair daqui?
-Eu faço isso sozinha. Obrigada.
Deis dois passos e ele entrou na minha frente.
-Qual é, sozinha você não vai conseguir. Quase não deu conta de um mísero zumbi. Imagina do desafio inteiro...
-Eu estou de pé. O zumbi não. E nosso acordo acabou.
Ele não me deixou passar.
-Tá bem, me desculpa. Eu me atrasei, mas não foi inteiramente a minha culpa.
-Pouco me interessa.
Eu passei por ele.
-Sozinha você não vai conseguir.
-Você não sabe disso.
-Eu sei sim.
-Sozinha você vai acabar como o resto dos seus amigos. Morta.
Eu me virei, estava tão nervosa que nem vi quando minha mão acertou seu rosto.
-Você não tem o direito de falar deles. Eles estão vivos, e vão permanecer assim.
Ele esfregou a bochecha que recebeu meu tapa e concordou com a cabeça.
-Certo. Não falo mais nada. Mas você deveria confiar em mim.
-Porque?
-É melhor um amigo do que um inimigo certo?
Eu tentei entender o que aquilo significava.
-Tudo bem, vamos treinar pra esse tal desafio.
Ele sorriu e andamos de volta para o tronco.
-Bom, primeiro eu vou me esconder, você fecha os olhos e depois..
-Peraí, a gente vai brincar de esconde-esconde?
Eu ri.
-Eu estou falando sério. Fecha os olhos conta até dez e depois vem me achar.
-Que coisa de criança.
Ele me entregou uma faca.
-É melhor você usar isso.
Eu fechei os olhos, com a faca em mãos. Algum tempo depois abri os olhos para a escura floresta ao meu redor. As árvores faziam o lugar parecer escuro e traiçoeiro. Eu ouço um galo ser quebrado, levanto a faca por impluso e me viro para a escuridão.
-Vamos! Se mecha!
Blast sussurra tão perto que dou um pulo e lago a faca. Eu me abaixo para pegá-la e quando me levanto, Blast coloca seu braço em volta do meu pescoço, ele sussurra no me ouvido.
-Você é muito idiota mesmo. É por isso que foi tão fácil pra ele te pegar?
Eu me mexo inteira tentando me soltar.
- Você é muito fraca. Até eu poderia ter te levado naquela noite. Poderia até ter matado todos os seus amios enquanto você dormia.
Ele foi longe demais, eu dei um puxão para frente. a faca na mão direita. Eu me abaixei e rolei para o lado quando suas mãos roçarm o meu cabelo. Dei um passo para trás e estava com a faca apontada para sua garganta.
-Você não teria conseguido.
Ele riu.
-Ótimo porque eu não teria coragem.
Eu não o soltei.
-Pronto. você ganhou, é uma ótima lutadora quando motivada. Agora me solta.
Eu sorri.
-De verdade?
-Sim, agora, me solta.
Eu soltei a faca e dei um passo para trás. Ele agarrou meu pulso e me fez girar ficando a centímetros do rosto dele.
-Isso aqui, é só brincadeira, mas lá na Arena, tudo é bem real. Então é melhor você matar o seu oponente, ou ele vai matar você.
eu estava ofegante, ele me pegou de surpresa. Blast ainda me segurava pelo pulso, ele se aproximava de mim a cada respiração atrapalhada minha. O que diabos aquele menino ia fazer? Porque e não estava tentando fugir? Era melhor eu dar um geito de sair dali. Eu dei um pulo para trás aumentando significativamente a distância entre nós.
-Já que o treino acavou é melhor eu ir embora.Ele sorriu enquanto eu passava, Blast andou comigo sem falar nada até o grande portão de ferro.
-Sabe, eu acho que seu treinamento não está completo.
Eu me virei.
-Como assim? A gente não acabou de brincar de esconde-esconde como você queria?
-Sim, mas....
Ele chegou bem perto.
-Mas eu não acho que você esteja totalmnete pronta.
Eu me virei e ele puxou meu pulso, sua mão agarrou minha cintura e ele me beijou.
Esta é uma nova era. Quando mortos caminham livremente significa que algo está errado. Meu nome é Nathalia, eu estou lutando para ser uma sobrevivente dessa Era de Sangue.
Bem Vindos...
terça-feira, 19 de junho de 2012
quarta-feira, 13 de junho de 2012
Em Apuros.
Depois dessa linda frase, Doutor Sociopata nos expulsou da sala.
- E aí, o que a gente faz agora?
-Bom, são três e meia o que você quer fazer?
-Agora? Eu quero muito descansar...
Ky colocou a mão no meu ombro e começou a me guiar por entre os corredores.
-Tá, bom, você vai pro acampamento da sua equipe. A gente se vê no pôr-do-sol pra sua festa de iniciação.
-Festa?
Bloom chegou pelo outro ombro e apoiou seu queixo nele.
-Sim! Pra cada novo membro a gente comemora matando um zumbi. É muito legal.
-Então basicamente tudo aqui se resume a matar zumbis?
Eles me olharam como se eu acabasse de ter dito algo muito idiota. Blast já estava vinte passos a frente quando, sem olhar pra trás, disse:
-Sim, é uma grande arena onde tudo acaba em morte.
Virou para a esquerda e desapareceu nos corredores.
-O que deu nele?
-Liga não, ele tá assim faz um tempo já.
-Então, a gente deixa você lá no seu acampamento e a gente se encontra na cachoeira ao por-do-sol. Nenhum segundo atrasada em!
-Tudo bem!
Eles continuaram me explicando as regras e de como o último desafiante cravou a faca na cabeça do zumbi, e como isso foi super legal. Estávamos perto das árvores que cercavam a praia, eu vi dois portões grandes de ferro com uma bandeira azul num mastro improvisado.
-É aqui, deve ter uma barraca por aí com o seu nome. Boa sorte!
-Tá.. Ei espera!
Ky se virou e me olhou enquanto eu o segurava pelo pulso.
-Me desculpe.
Eu o soltei. Ele sorriu.
-Pegada forte hã?
Ele riu enquanto massageava o pulso dolorido.
-E vocês, pra onde vão?
-Ora,Ghost, temos os nossos próprios acampamentos pra cuidar. Toma cuidado, nem todo mundo é tão legal com os desafiantes.
-Tudo bem, então tchau!
-Não esquece do por-do-sol em!
-Não vou!
E eles correram na direção oposta me deixando sozinha com um portão gigante de ferro.
-Bem, vamos entrar.
Eu empurrei o portão, passei e depois o coloquei de volta, não foi tão difícil.
-Ei!
Eu pulei de susto. Blast me encarava apoiado em uma árvore.
-Ai meu deus menino! Quer me matar?
Eu recuperava o fôlego enquanto vi seu olhar baixar rapidamente, depois ele voltou a me encarar.
-Sabe quanto isso aí pesa?
-Não, me parece bem fajuto se você quer saber.
Ele ficou indignado.
-Fajuto? Fajuto! Essa coisa tem uns quatro quilos! E você abriu como se você feita de papel!
-Ora, me desculpa então. Eu saio se é o que você quer.
Eu puxei o portão de novo que não me parecia ter nem duzentas gramas.
-Para com isso! Entra aqui garota.
-Tá bom.
Eu fechei o portão e vi de relance um olhar zangado. Eu ri baixinho.
- Vem comigo, você vai precisar treinar antes da iniciação.
Eu me senti ofendida.
-Treinar? Tudo o que eu fiz nesses quatro dias foi matar zumbis e tentar salvar não só a minha vida como a dos meus amigos. Eu não vou treinar, eu vou dar o fora daqui.
-E como você pretende fazer isso?
-Eu vou aceitar o desafio daquele cara maluco e dar o fora daqui assim que cumprir ele.
-Você é mesmo muito burra menina!
Eu dei dois passos na sua direção com os punhos erguidos.
-O que você disse?
-Você não é de jogar RPG é?
-Não.
Ele suspirou.
-Muito bem, desafios são a pior parte do jogo, é algo quase impossível que tem uma recompensa mínima. Como esse daqui não é um jogo tão fácil assim, você vai morrer assim que pisar na arena. Porque você acha que eu não tentei isso?
-Espera! Você quer dar o fora daqui?
Eu abaixei os punhos e caminhei na sua direção. Ele baixou a cabeça e depois me olhou.
-Mas do que tudo.
Primeiro eu fiquei indignada. Porque diabos a pessoa entra num jogo super foda e depois quer sair?
-Mas... Porque?
-É uma longa história e eu não tenho realmente tempo pra falar sobre isso.
-Então a gente treina, e você me explica enquanto isso, o que acha?
Ele sorriu rapidamente, se virou e foi caminhando floresta adentro.
-Ei! Me espera!
Eu o alcancei rapidamente, o que era estranho porque eu deveria ter tropeçado em raízes e galhos e tudo o que estivesse ali no chão.
-Pronto, estamos longe. Você já pode me falar porque quer sair. É uma garota?
Eu sorri e me sentei num tronco caído. Coloquei a mão sob o queixo para apoiar minha cabeça enquanto ele se sentava.
-Oquê? Não! Claro que não!
Eu ri.
-Então o que aconteceu?
-Não era para eu estar aqui.
Nossa.
-Sério? Então somos dois!
-Eu... É bem mais complicado do que simplesmente ter que estar em outro lugar, como você. Eu realmente não deveria estar aqui.
Ele deu uma pausa e ficou me olhando.
-Continue.
-Eu.. Bem, eu tinha um irmão. Ele se inscreveu para isso. Não eu.
-E o que aconteceu?
-Bem ele... Ele foi mordido, foi o que aconteceu. Eu tomei o lugar dele e estou aqui desde então.
-Ah.
-Ah.
Ficamos em silêncio por alguns minutos.
-Eu também perdi alguém que foi mordido.
-Sinto muito.
-Eu também. Pelo seu irmão sabe. Ele devia ser um cara super legal.
-Porque você acha isso?
-Porque você não é.
Nós dois rimos.
-Sério? Eu sou um cara bem legal.
-Não. Não é. Tudo o que você fez desde que eu cheguei foi me ignorar, ser grosso e me tratar como se eu fosse mesmo um fantasma.
-Bem, é seu nome certo? Ghost.
Ele pronunciou calmamente como se fosse algo a ser saboreado.
-E Blast? O que significa?
-Era o nick que meu irmão usava nos jogos. Eu só...
-Pegou emprestado?
-Mais ou menos isso.
Ficamos em silêncio outra vez. Eu o observei enquanto ele fitava o céu. Blast era loiro, tinha quase um metro e oitenta, olhos azuis e bochechas muito apertáveis. É. Ele não era feio. Ele se virou e me pegou o encarando.
-E aquele treinamento em! Levanta, vamos começar.
O "treino" dele era basicamente correr, saltar, fazer algumas flexões e fingir que árvores eram zumbis enquanto as golpeávamos com gravetos. Eu não sei quanto tempo se passou. Mas eu não estava cansada, por outro lado, Blast parecia poder cair em qualquer lugar e dormir. O que estava acontecendo comigo? O portão de quatro quilos, a corrida até Blast, a série de exercícios que deveriam ter me matado... Tinha algo errado.
-Já está na hora.
Blast havia sentado no mesmo tronco e eu estava andando em círculos pelo lugar.
-Então vamos.
Ele se levantou e eu fui ao seu lado. Ele parou de repente e começou a encarar o chão.
-Você...
Eu parei na frente dele e o fiz olhar para mim.
-Sabe que é um saco quando você começa a falar e não termina?
Ele sorriu e começou outra vez.
-Você quer mesmo dar o fora daqui?
-Mais do que tudo.
-Tem um jeito, mas é bem mais difícil.
-Eu já ia aceitar o desafio daquele maluco, isso aí não vai ser nada.
-Então você topa?
-O que eu tenho que fazer.
-Um desafio duplo, eu e você numa corrida mortal.
-Só isso? Parece bem mais fácil do que um desafio sozinha.
-Você não entende, só por você ter uma ajuda eles deixam tudo extremamente mais difícil. É uma corrida onde eles testam tudo, sua capacidade física até a mental.
-Mental? Eles vão me fazer decorar coisas?
-Não. Eles vão te torturar com as pessoas que você conhece, te fazer pensar que elas estão vivas e depois matá-las na sua frente.
-Eles não podem fazer isso. Meus amigos estão seguros e a única pessoa que não está comigo está morta.
-Tem certeza disso, Ghost?
-Tenho.
-Então a gente vê.
Ele começou a andar indo em direção á praia.
-Espera!
Ele se virou.
-Então a gente não deveria treinar, você sabe, se esse desafio é tão difícil como você diz...
-E o que você sugere?
-Naquele tronco, a meia noite. Eu não gosto muito dos outros jogadores pensando que eu acabei de chegar e já quero sair.
-Espera, você só quer ficar sozinha comigo no meio da floresta!
-Não! O quê? Como você pode... Meu Deus como você é idiota!
Ele riu e eu o soquei no braço.
-Nem em um milhão de anos.
-Isso a gente vê. Anda, vamos pra praia.
Andamos de volta, ao longo do caminho mais jogadores de todas as equipes foram aparecendo. Todos me olhavam com repulsa, como se não fosse para eu estar ali. Certo, eles não eram os únicos que achavam isso. Na praia, haviam tochas que iluminavam a cachoeira e um pequeno círculo perto das pedras. Seja o que for que eles planejaram, foi algo grande.
-Aí está ela!
Ky e Bloom me receberam com a espada que eu escolhi, ela estava limpa e brilhante outra vez. eles pediram silêncio enquanto todos se acomodavam num círculo gigante com várias pessoas.
-Hoje damos as boas vindas á mais uma jogadora, que com muito orgulho, fez em seu jogo de estréia, um double kill impressionante!
Eles gritaram e se animaram todos enquanto eu me lembrava da cena que presenciei hoje de manhã.
-E então, estamos preparados para uma apresentação ainda mais impressionante de Ghost!
Bloom levantou o meu braço que não estava com a espada, eles bateram palmas e assobiaram.
-Ghost, sua apresentação foi realmente impressionante, vamos ver o que você consegue fazer com esse zumbi aqui.
Eles abriram um espaço e dois meninos altos traziam uma corrente em cada mão, um zumbi com roupa listrada de presidiário, ele estava com uma bola pesada amarrada ao pé esquerdo. Ele grunia baixinho enquanto era arrastado para o centro do círculo. O pessoal estava todo em silêncio, assim que eles deixaram o zumbi na minha frente, Ky falou.
-E então, soltem ele para que nossa mais nova jogadora possa fazer a parte dela!
Minha mente não parava de repetir. O que você vai fazer? Sua vida não está ameaçada. Como você vai matar ele? O que diabos esses jogadores estão pensando com isso? Ai meu Deus eles estão soltando as correntes... Assim que a primeira corrente caiu, o zumbi pareceu ficar mais agressivo, mais agitado. Afinal ele devia ser como aqueles soldados, não tentara morder ninguém e os olhos sem vida olhavam em minha direção. Eles eram doentes! Quando o outro braço dele estava soltou eu podia ouvir o grunido alto que estava se formando na sua garganta, eu estava ferrada. Assim que eles soltaram a bola de ferro do seu tornozelo ele investiu contra mim. Eu caí e e rolei para o lado com a lâmina afiada em minhas mãos. Os jogadores gritavam e torciam por um belo show. O zumbi já se levantava do tropeção enquanto eu ainda estava deitada na areia, eu precisava agir, e rápido. Ele se virou e correu de novo na minha direção, eu estava de joelhos, dei um impulso e passei por entre seus braços abertos ficando do outro lado dele. Levantei a espada, ele estava confuso e quando se virou parecia furioso. Ele viria na minha direção e eu cortaria sua cabeça fora. Fim de jogo. Ele já estava perto, a espada reluziu a luz das tochas, alguém chama meu nome. Uma voz suave como um sussurro ecoa em minha mente, eu olhei para o lado e no mesmo segundo o zumbi me derrubou, a espada caiu fora me meu alcance e eu não enxergava nada além da sua boca tentando arrancar um pedaço de mim.
-Cuidado!
Eu tentei rolar outra vez mas ele estava em cima de mim,se eu pudesse me esticar só um pouquinho poderia alcançar a espada. Eu tentava esticar meu braço direito enquanto mantinha a cabeça dele longe, agarrando seu pescoço com a mão esquerda. Eu senti o cabo da espada e pude agarrá-la. A espada fez um barulho estranho quando tocou na pele do zumbi. Ele gritou e saiu de cima de mim, Eu já estava de pé e agarrei a espada com as duas mãos. Eu acho que os jogadores gritavam mais que tudo mas eu só ouvia meu coração martelando em meus ouvidos. Ele corria na minha direção, pela última vez. Assim que ele chegou perto eu estendi a lâmina que fatiou sua cabeça em duas, bem na metade. Ele caiu sem se mexer, a platéia gritou meu nome enquanto Ky e Bloom vinham me parabenizar, eu limpei o sangue do zumbi do meu rosto com um pedaço da minha blusa. A voz suave sussurrava meu nome como uma despedida.
- E aí, o que a gente faz agora?
-Bom, são três e meia o que você quer fazer?
-Agora? Eu quero muito descansar...
Ky colocou a mão no meu ombro e começou a me guiar por entre os corredores.
-Tá, bom, você vai pro acampamento da sua equipe. A gente se vê no pôr-do-sol pra sua festa de iniciação.
-Festa?
Bloom chegou pelo outro ombro e apoiou seu queixo nele.
-Sim! Pra cada novo membro a gente comemora matando um zumbi. É muito legal.
-Então basicamente tudo aqui se resume a matar zumbis?
Eles me olharam como se eu acabasse de ter dito algo muito idiota. Blast já estava vinte passos a frente quando, sem olhar pra trás, disse:
-Sim, é uma grande arena onde tudo acaba em morte.
Virou para a esquerda e desapareceu nos corredores.
-O que deu nele?
-Liga não, ele tá assim faz um tempo já.
-Então, a gente deixa você lá no seu acampamento e a gente se encontra na cachoeira ao por-do-sol. Nenhum segundo atrasada em!
-Tudo bem!
Eles continuaram me explicando as regras e de como o último desafiante cravou a faca na cabeça do zumbi, e como isso foi super legal. Estávamos perto das árvores que cercavam a praia, eu vi dois portões grandes de ferro com uma bandeira azul num mastro improvisado.
-É aqui, deve ter uma barraca por aí com o seu nome. Boa sorte!
-Tá.. Ei espera!
Ky se virou e me olhou enquanto eu o segurava pelo pulso.
-Me desculpe.
Eu o soltei. Ele sorriu.
-Pegada forte hã?
Ele riu enquanto massageava o pulso dolorido.
-E vocês, pra onde vão?
-Ora,Ghost, temos os nossos próprios acampamentos pra cuidar. Toma cuidado, nem todo mundo é tão legal com os desafiantes.
-Tudo bem, então tchau!
-Não esquece do por-do-sol em!
-Não vou!
E eles correram na direção oposta me deixando sozinha com um portão gigante de ferro.
-Bem, vamos entrar.
Eu empurrei o portão, passei e depois o coloquei de volta, não foi tão difícil.
-Ei!
Eu pulei de susto. Blast me encarava apoiado em uma árvore.
-Ai meu deus menino! Quer me matar?
Eu recuperava o fôlego enquanto vi seu olhar baixar rapidamente, depois ele voltou a me encarar.
-Sabe quanto isso aí pesa?
-Não, me parece bem fajuto se você quer saber.
Ele ficou indignado.
-Fajuto? Fajuto! Essa coisa tem uns quatro quilos! E você abriu como se você feita de papel!
-Ora, me desculpa então. Eu saio se é o que você quer.
Eu puxei o portão de novo que não me parecia ter nem duzentas gramas.
-Para com isso! Entra aqui garota.
-Tá bom.
Eu fechei o portão e vi de relance um olhar zangado. Eu ri baixinho.
- Vem comigo, você vai precisar treinar antes da iniciação.
Eu me senti ofendida.
-Treinar? Tudo o que eu fiz nesses quatro dias foi matar zumbis e tentar salvar não só a minha vida como a dos meus amigos. Eu não vou treinar, eu vou dar o fora daqui.
-E como você pretende fazer isso?
-Eu vou aceitar o desafio daquele cara maluco e dar o fora daqui assim que cumprir ele.
-Você é mesmo muito burra menina!
Eu dei dois passos na sua direção com os punhos erguidos.
-O que você disse?
-Você não é de jogar RPG é?
-Não.
Ele suspirou.
-Muito bem, desafios são a pior parte do jogo, é algo quase impossível que tem uma recompensa mínima. Como esse daqui não é um jogo tão fácil assim, você vai morrer assim que pisar na arena. Porque você acha que eu não tentei isso?
-Espera! Você quer dar o fora daqui?
Eu abaixei os punhos e caminhei na sua direção. Ele baixou a cabeça e depois me olhou.
-Mas do que tudo.
Primeiro eu fiquei indignada. Porque diabos a pessoa entra num jogo super foda e depois quer sair?
-Mas... Porque?
-É uma longa história e eu não tenho realmente tempo pra falar sobre isso.
-Então a gente treina, e você me explica enquanto isso, o que acha?
Ele sorriu rapidamente, se virou e foi caminhando floresta adentro.
-Ei! Me espera!
Eu o alcancei rapidamente, o que era estranho porque eu deveria ter tropeçado em raízes e galhos e tudo o que estivesse ali no chão.
-Pronto, estamos longe. Você já pode me falar porque quer sair. É uma garota?
Eu sorri e me sentei num tronco caído. Coloquei a mão sob o queixo para apoiar minha cabeça enquanto ele se sentava.
-Oquê? Não! Claro que não!
Eu ri.
-Então o que aconteceu?
-Não era para eu estar aqui.
Nossa.
-Sério? Então somos dois!
-Eu... É bem mais complicado do que simplesmente ter que estar em outro lugar, como você. Eu realmente não deveria estar aqui.
Ele deu uma pausa e ficou me olhando.
-Continue.
-Eu.. Bem, eu tinha um irmão. Ele se inscreveu para isso. Não eu.
-E o que aconteceu?
-Bem ele... Ele foi mordido, foi o que aconteceu. Eu tomei o lugar dele e estou aqui desde então.
-Ah.
-Ah.
Ficamos em silêncio por alguns minutos.
-Eu também perdi alguém que foi mordido.
-Sinto muito.
-Eu também. Pelo seu irmão sabe. Ele devia ser um cara super legal.
-Porque você acha isso?
-Porque você não é.
Nós dois rimos.
-Sério? Eu sou um cara bem legal.
-Não. Não é. Tudo o que você fez desde que eu cheguei foi me ignorar, ser grosso e me tratar como se eu fosse mesmo um fantasma.
-Bem, é seu nome certo? Ghost.
Ele pronunciou calmamente como se fosse algo a ser saboreado.
-E Blast? O que significa?
-Era o nick que meu irmão usava nos jogos. Eu só...
-Pegou emprestado?
-Mais ou menos isso.
Ficamos em silêncio outra vez. Eu o observei enquanto ele fitava o céu. Blast era loiro, tinha quase um metro e oitenta, olhos azuis e bochechas muito apertáveis. É. Ele não era feio. Ele se virou e me pegou o encarando.
-E aquele treinamento em! Levanta, vamos começar.
O "treino" dele era basicamente correr, saltar, fazer algumas flexões e fingir que árvores eram zumbis enquanto as golpeávamos com gravetos. Eu não sei quanto tempo se passou. Mas eu não estava cansada, por outro lado, Blast parecia poder cair em qualquer lugar e dormir. O que estava acontecendo comigo? O portão de quatro quilos, a corrida até Blast, a série de exercícios que deveriam ter me matado... Tinha algo errado.
-Já está na hora.
Blast havia sentado no mesmo tronco e eu estava andando em círculos pelo lugar.
-Então vamos.
Ele se levantou e eu fui ao seu lado. Ele parou de repente e começou a encarar o chão.
-Você...
Eu parei na frente dele e o fiz olhar para mim.
-Sabe que é um saco quando você começa a falar e não termina?
Ele sorriu e começou outra vez.
-Você quer mesmo dar o fora daqui?
-Mais do que tudo.
-Tem um jeito, mas é bem mais difícil.
-Eu já ia aceitar o desafio daquele maluco, isso aí não vai ser nada.
-Então você topa?
-O que eu tenho que fazer.
-Um desafio duplo, eu e você numa corrida mortal.
-Só isso? Parece bem mais fácil do que um desafio sozinha.
-Você não entende, só por você ter uma ajuda eles deixam tudo extremamente mais difícil. É uma corrida onde eles testam tudo, sua capacidade física até a mental.
-Mental? Eles vão me fazer decorar coisas?
-Não. Eles vão te torturar com as pessoas que você conhece, te fazer pensar que elas estão vivas e depois matá-las na sua frente.
-Eles não podem fazer isso. Meus amigos estão seguros e a única pessoa que não está comigo está morta.
-Tem certeza disso, Ghost?
-Tenho.
-Então a gente vê.
Ele começou a andar indo em direção á praia.
-Espera!
Ele se virou.
-Então a gente não deveria treinar, você sabe, se esse desafio é tão difícil como você diz...
-E o que você sugere?
-Naquele tronco, a meia noite. Eu não gosto muito dos outros jogadores pensando que eu acabei de chegar e já quero sair.
-Espera, você só quer ficar sozinha comigo no meio da floresta!
-Não! O quê? Como você pode... Meu Deus como você é idiota!
Ele riu e eu o soquei no braço.
-Nem em um milhão de anos.
-Isso a gente vê. Anda, vamos pra praia.
Andamos de volta, ao longo do caminho mais jogadores de todas as equipes foram aparecendo. Todos me olhavam com repulsa, como se não fosse para eu estar ali. Certo, eles não eram os únicos que achavam isso. Na praia, haviam tochas que iluminavam a cachoeira e um pequeno círculo perto das pedras. Seja o que for que eles planejaram, foi algo grande.
-Aí está ela!
Ky e Bloom me receberam com a espada que eu escolhi, ela estava limpa e brilhante outra vez. eles pediram silêncio enquanto todos se acomodavam num círculo gigante com várias pessoas.
-Hoje damos as boas vindas á mais uma jogadora, que com muito orgulho, fez em seu jogo de estréia, um double kill impressionante!
Eles gritaram e se animaram todos enquanto eu me lembrava da cena que presenciei hoje de manhã.
-E então, estamos preparados para uma apresentação ainda mais impressionante de Ghost!
Bloom levantou o meu braço que não estava com a espada, eles bateram palmas e assobiaram.
-Ghost, sua apresentação foi realmente impressionante, vamos ver o que você consegue fazer com esse zumbi aqui.
Eles abriram um espaço e dois meninos altos traziam uma corrente em cada mão, um zumbi com roupa listrada de presidiário, ele estava com uma bola pesada amarrada ao pé esquerdo. Ele grunia baixinho enquanto era arrastado para o centro do círculo. O pessoal estava todo em silêncio, assim que eles deixaram o zumbi na minha frente, Ky falou.
-E então, soltem ele para que nossa mais nova jogadora possa fazer a parte dela!
Minha mente não parava de repetir. O que você vai fazer? Sua vida não está ameaçada. Como você vai matar ele? O que diabos esses jogadores estão pensando com isso? Ai meu Deus eles estão soltando as correntes... Assim que a primeira corrente caiu, o zumbi pareceu ficar mais agressivo, mais agitado. Afinal ele devia ser como aqueles soldados, não tentara morder ninguém e os olhos sem vida olhavam em minha direção. Eles eram doentes! Quando o outro braço dele estava soltou eu podia ouvir o grunido alto que estava se formando na sua garganta, eu estava ferrada. Assim que eles soltaram a bola de ferro do seu tornozelo ele investiu contra mim. Eu caí e e rolei para o lado com a lâmina afiada em minhas mãos. Os jogadores gritavam e torciam por um belo show. O zumbi já se levantava do tropeção enquanto eu ainda estava deitada na areia, eu precisava agir, e rápido. Ele se virou e correu de novo na minha direção, eu estava de joelhos, dei um impulso e passei por entre seus braços abertos ficando do outro lado dele. Levantei a espada, ele estava confuso e quando se virou parecia furioso. Ele viria na minha direção e eu cortaria sua cabeça fora. Fim de jogo. Ele já estava perto, a espada reluziu a luz das tochas, alguém chama meu nome. Uma voz suave como um sussurro ecoa em minha mente, eu olhei para o lado e no mesmo segundo o zumbi me derrubou, a espada caiu fora me meu alcance e eu não enxergava nada além da sua boca tentando arrancar um pedaço de mim.
-Cuidado!
Eu tentei rolar outra vez mas ele estava em cima de mim,se eu pudesse me esticar só um pouquinho poderia alcançar a espada. Eu tentava esticar meu braço direito enquanto mantinha a cabeça dele longe, agarrando seu pescoço com a mão esquerda. Eu senti o cabo da espada e pude agarrá-la. A espada fez um barulho estranho quando tocou na pele do zumbi. Ele gritou e saiu de cima de mim, Eu já estava de pé e agarrei a espada com as duas mãos. Eu acho que os jogadores gritavam mais que tudo mas eu só ouvia meu coração martelando em meus ouvidos. Ele corria na minha direção, pela última vez. Assim que ele chegou perto eu estendi a lâmina que fatiou sua cabeça em duas, bem na metade. Ele caiu sem se mexer, a platéia gritou meu nome enquanto Ky e Bloom vinham me parabenizar, eu limpei o sangue do zumbi do meu rosto com um pedaço da minha blusa. A voz suave sussurrava meu nome como uma despedida.
segunda-feira, 11 de junho de 2012
Narração Anne Tsubaki.
Eu estava observando Milly dormir enquanto ela soluçava, era a segunda vez que ela perdia alguém. Foi em circunstâncias totalmente diferentes, eu sei, mas ela havia perdido alguém que a amava, e muito. Assim que os soluços pararam eu resolvi dar uma volta, antes dessa loucura começar eu tinha insônia, agora eu simplesmente não durmo.
4 dias antes, supermercado no Guarujá.
-A gente tem que dar um jeito de entrar!
-Eles estão vindo...
-Milly! Eles não vão chegar! Agora entra!
Gabe havia atirado uma cadeira na porta de vidro, o barulho atraiu mais daquelas coisas.
-Entrem!
-Gabe...
-Entra logo, eu cuido disso aqui.
E entramos, e pela segunda vez naquele dia, Gabe estava nos livrando de ter que matar mais alguns zumbis, se não fosse por ele nunca teríamos saído daquele bar no alto da colina. Estaríamos mortos definitivamente. Alguns tiros e eu o ouço gritar, mesmo com os soluços altos de Milly e as fúteis tentativas que Wood fazia para tentar acalmá-la, mesmo com os gemidos incessantes daqueles monstros lá fora. Eu me levantei e corri até a entrada. Os zumbis saíram correndo por algum outro motivo, corriam para o Leste em direção ao outro mercado. Gabe estava caído no meio do vidro quebrado, á sua volta, havia sangue.
-O que aconteceu?
-Me ajude a levantar sim?
Eu o levantei, a camiseta estava toda rasgada, havia sangue e vidro pra todo lado.
-O que você fez dessa vez menino!
-Eu escorreguei. Só isso. Vem, me ajuda a entrar.
Depois de fazer os primeiros socorros eu o coloquei na sala da segurança, ele ficaria bem.
-Você é boa nisso sabia?
Ele estava observando a barriga enfaixada dele.
-Não sou nada, e você devia parar de se esforçar tanto.
-Ei, calma, se não for eu, quem vai te proteger?
Ele riu e depois parou num gemido de dor.
-Quem mandou? Você sabe bem que eu não gosto quando as pessoas fazem esse tipo de coisa.
Um longo tempo de silêncio.
-Obrigada mesmo assim.
Ele me encarou.
-Você está me agradecendo pelo quê exatamente?
Eu o soquei de brincadeira.
-Para menino! Mas sério, obrigada. Se você não tivesse atendido aquela ligação eu... Nós estaríamos...
-Shh! Não precisa falar nada, eu sei que você ia me ligar mais cedo ou mais tarde.
Ele sorriu.
-Aí como você é besta!
Eu ouvi vozes, várias delas, ou tínhamos companhia ou eu estava louca.
-Espere aqui sim, eu vou ver o que há lá fora.
Por precaução peguei uma chave inglesa que encontrei numa caixa de ferramentas.
_________________________________________________________________________________
Ele era mesmo um bobo, andando pelos corredores eu pensei ter visto uma sombra, ignorei e comecei a ir pelo lado oposto, quem sabe Gabe estivesse acordado, eu poderia ver se ele já estava melhor. Uma porta sendo fechada, olha, alguém que também não consegue dormir. Eu continuei andando até ouvir os gritos da Bia, ela também não estava legal, aquele corte no braço poderia ser um problema, eu também tinha que agradecê-la. Eu estava a exatos vinte passos da porta do quarto da Bia, uma distância curta e longa ao mesmo tempo. Assim que dei o primeiro passo que reduziria essa distância a dezenove passos alguém abriu a porta dela, primeiro eu pensei que fosse ela, mas um cara alto saiu arrastando a Bia escada abaixo, eu fiquei eu choque. Depois saí correndo para tentar impedir aquele cara, tarde demais, eu observei enquanto a van branca desaparecia na imensidão de árvores daquele lugar. Eu voltei correndo e gritando e a primeira pessoa que pude pensar em chamar foi aquele menino estranho que sempre estava com ela, Lucas abriu a porta na terceira batida.
-O que aconteceu?
-A Bia... Ela...Um cara... A van...
-A Bia? O que aconteceu com ela?
Ele saiu do quarto correndo em direção ao quarto dela, abriu a porta depressa e encontrou a cama desarrumada, a mala dela no chão e a luz do banheiro acesa. Com meu fôlego recuperado eu lhe contei o que aconteceu.
-Temos que acordar os outros, eu não vou deixar ela desaparecer assim.
Depois de sair batendo nas portas, todos estavam reunidos no saguão. O Lucas, que depois da notícia parecia muito mais agitado, começou a falar.
-A Bia sumiu, Anne disse que um cara levou ela, numa van branca que sumiu na estrada.
Eles começaram a se desesperar, eu intervim.
-EI! Desespero não vai trazer ela de volta, a gente precisa se organizar.
Uma das amigas da Bia, uma loirinha, falou.
-Será que foi o cara da estrada?
-Eu duvido muito, ele estava algemado, á um poste, além do mais ele não estaria seguindo a gente.
-Poderia ter sido um dos soldados de Caroline então?
-Eu duvido muito.
Um menino mais alto, Phe, parecia ter algo á contar.
-A Bia havia me dito que eles não eram humanos, eram um tipo diferente de zumbis, domesticados e que obedeciam ordens. Com a morte de Caroline é provável que todos os soldados dela tenham morrido também.
Eles ficaram em silêncio por um minuto, Lucas fica mais impaciente á cada nanosegundo.
-Não interessa quem fez isso, a gente tem que achar ela, depois a gente cuida desse cara.
Gabe se colocou a frente.
-Procurar agora, no escuro, não vai trazer muito efeito além de acabar com a nossa gasolina e nos fazer ficar cansados. Vamos pensar um pouco, esse cara está seguindo a gente então, sabe dos nossos planos e resolveu intervir, a pergunta é, por que ele levou a Bia.
Eles ficaram calados, sem pensar eu sussurrei.
-Porque ela é quem está fazendo esse grupo sobreviver.
Eles concordaram.
-Se não fosse o plano maluco dela a gente estaria lá na Capital num tremendo caos.
-Se não fosse o jeito dela de pensar rápido estaríamos perdidos na invasão da loja de carros.
-Sem ela nunca teríamos achado essa pousada.
-Então sabemos que o cara estava seguindo a gente, ele conhece vocês pelo menos, e sabe pra onde vocês estavam indo e ele queria afastar vocês disso. A gente tem que saber porquê.
-Então a gente procura quando amanhecer.
Eu estava preocupada, mais ainda por ter visto ela desaparecer. Mas eu tinha certeza, a gente não ia mais dormir essa noite.
_____________________________________________________________________________
-É a terceira vez que a gente passa por essa árvore.
Começamos a colocar as coisas no carro antes mesmo do sol nascer. Eu fiquei rondando os corredores pelo resto da noite, passei por duas portas onde as pessoas dentro delas estavam chorando baixinho. Não posso dizer como elas se sentem, nunca vi isso acontecer na vida real, mas todo mundo acordou preocupado. Reconheci as meninas que haviam chorado na noite anterior, o rosto delas estavam vermelho e inchado, elas estavam carregando as coisas da Bia, eu jurava que ela não tinha tanta coisa assim. Elas colocaram tudo na caminhonete.
-Vamos precisar de gasolina se a gente tiver que procurar por um dia inteiro.
-Deve ter um posto uns dois quilômetros pra frente.
-Espero que você esteja certo porquê é tudo que a gente tem.
Entramos nos carros, achamos o posto e começamos a procurar, desde a casa de Caroline, indo e vindo pra ver se achávamos alguma coisa.
-Eu tô falando, a gente já passou por aqui três vezes!
-Cala a boca Milly.
-Eu só to avisando, se tivesse alguma coisa pra ver, a gente já teria visto.
Passamos por mais algumas árvores, e eu vi uma mancha preta no asfalto.
-Para o carro.
Eu desci do Jipe e andei até a marca de pneus que fazia uma curva fechada pra esquerda.
-Isso não estava aqui ontem.
-Não mesmo, mas não faz sentido. Seja qual for a direção do carro, essa curva não levaria a lugar nenhum.
-Se for o carro que a Bia tava, ela fez isso.
-Como assim?
-Eu sei que ela não ficaria quieta por muito tempo, o cara que tava dirigindo talvez não tenha a amarrado ou coisa assim, ela pode ter tentado fugir.
-Faz sentido, mas por que aqui?
-Eu não sei.
Todos desceram dos carros pra olhar a marca.
-Isso daí é com certeza de uma van.
Eu olhei para Gabe, como ele poderia saber disso?
-O pneu tem pelo menos quase trinta centímetros de largura, com essa distância e a direção das marcas, eu diria que eles estava vindo da pousada, perdeu o controle de carro por alguns segundos e voltou para a estrada.
-A gente acha que quem fez essa marca foi a Bia, ela não é de ficar muito parada.
-Faz sentido.
-E como você sabe disso?
-O meu primo ia fazer criminalística, calma.
-Tudo bem, então, seguindo esse padrão ele poderia ter ido para onde?
-Isso depende dele. Eu não sei se o tanque estava cheio, se o destino dele estava perto, se ele só queria matar ela.
-Isso aqui parece mesmo cena de assassinato.
-Tirando o fato de que ela não morreu.
-Você não sabe.
-Ela não morreu.
-Vocês não podem saber disso tá legal!
Estávamos discutindo por algo tão banal como isso, precisávamos da Bia aqui. Urgente.
-Tá legal, vocês aí, eu ouvi que vocês são chegadas num filme de terror e tudo o mais.
As amigas dela concordaram com a cabeça.
-Então tratem isso daqui como um filme de terror, pra onde o assassino levaria sua vítima?
Elas pensaram por uma minuto, uma delas, Talita, disse.
-Ela era a melhor nisso, mas se eu fosse o assassino eu teria uma casa ou cabana aqui por perto, um lugar onde não se pudesse ouvir os gritos.
-DEUS!
Eu olhei para a menina mais velha que estava no nosso grupo, Lala.
-Passamos por aquela cabana lá onde acampamos. Ela pode estar lá.
Então estávamos animados de novo. Com a possibilidade de achar a Bia e resolver essa maluquice de uma vez por todas.
Andamos animados nos carros carregando as armas e parecendo matadores profissionais. O único que não falou nada foi o Lucas, ele estava apreensivo e muito cuidadoso com as palavras que usava, estava pensando muito.
" A pessoa silenciosa possuí uma mente barulhenta." Fazia sentido agora. Chegamos no lugar onde acampamos e nos perguntamos por onde chegaríamos naquela cabana. Depois de procurar por um tempo achamos uma estrada de terra que nos deixava bem na porta da cabana velha e caída. O cercado com zumbis ainda estava lá e o lugar tinha o cheiro deles. Paramos um pouco longe da porta, não arriscaríamos perder mais um carro se houvesse alguém aí. Os meninos foram na frente, ninguém ficou pra trás, todos queriam salvar a Bia do sequestrador. Eu me perguntei se seria assim se fosse com outra pessoa, a resposta, claro que seria a Bia motivaria todos a continuar procurando. Assim que eles arrombaram a porta, eles entraram sem fazer barulho, entramos pouco depois de demos de cara com um laboratório secreto do mal.
A cabana era só uma distração, dentro dela haviam várias telas de computador todas em descanso co as letras NA num fundo com duas armas, uma em cima da outra. Phe foi logo para um computador ver o que era aquilo, ele digitou algumas coisas e em pouco tempo vários arquivos foram surgindo: "O Melhor Jogo De Todos os Tempos!" "Livro de Regras Oficiais Do New Apocalypse." "Lista de Membros."
-Quem quer que seja o dono disso aqui, não achou que teria o computador fuçado por um bando de adolescente, olha o nome desses arquivos!
-O que é New Apocalypse?
-E essa lista de membros aí?
Na última tela surgiu a foto de um panfleto. Era uma imagem tão irreal que eu achei que era brincadeira.
" Um jogo tão realista que vai fazer você morrer de vontade de jogar! New Apocalyse reúne os melhores gamers de toda a São Paulo para fazer você estourar a cabeça de alguns zumbis... Louco para conhecer? Envie seu E-mail para newapocalypse@real2012.com e participe deste apocalipse!"
-Isso é brincadeira né?
-Não.
Eles olharam pra mim.
-Que dizer que esse apocalipse foi armado pra que um bando de adolescentes sem namorada pudessem jogar o melhor jogo de suas vidas?
-Sim, o criador disse que trazia uma experiência totalmente nova com um realismo inacreditável.
-Como você sabe disse Anne?
-Eu me inscrevi para jogar, mas meu perfil foi recusado. Acontece que eu fiquei muito puta da vida com essa empresa e resolvi ver direito o que era isso. Acontece que o criador não existe, ele é simplesmente um fantasma. Não achei nada sobre ele mas o jogo é doentio. É real e o único preço é a sua vida. Envolve muito dinheiro e o próprio cara que criou esses zumbis. Eles estão tramando mais alguma coisa mas quando eu tentei localizar o arquivo o firewall deles me detectaram, eu fui expulsa na hora e eles estouraram meu computador.
-Então eles estão planejando algo.
-E a Bia não está aqui.
-E é muito provável que ela esteja no meio disso tudo.
-A gente vai ter que dar um jeito nisso.
Nas horas seguintes ficamos lendo as regras, a lista de integrantes e um arquivo muito interessante sobre os apostadores. Sabíamos de tudo sobre essa maluquice, o cara era mesmo muito burro de ter isso tudo no computador. Deixamos a cabana por volta de quatro da tarde, nem sinal do cara que criou isso tudo.
Tínhamos um plano, e ele envolvia salvar a Bia.
4 dias antes, supermercado no Guarujá.
-A gente tem que dar um jeito de entrar!
-Eles estão vindo...
-Milly! Eles não vão chegar! Agora entra!
Gabe havia atirado uma cadeira na porta de vidro, o barulho atraiu mais daquelas coisas.
-Entrem!
-Gabe...
-Entra logo, eu cuido disso aqui.
E entramos, e pela segunda vez naquele dia, Gabe estava nos livrando de ter que matar mais alguns zumbis, se não fosse por ele nunca teríamos saído daquele bar no alto da colina. Estaríamos mortos definitivamente. Alguns tiros e eu o ouço gritar, mesmo com os soluços altos de Milly e as fúteis tentativas que Wood fazia para tentar acalmá-la, mesmo com os gemidos incessantes daqueles monstros lá fora. Eu me levantei e corri até a entrada. Os zumbis saíram correndo por algum outro motivo, corriam para o Leste em direção ao outro mercado. Gabe estava caído no meio do vidro quebrado, á sua volta, havia sangue.
-O que aconteceu?
-Me ajude a levantar sim?
Eu o levantei, a camiseta estava toda rasgada, havia sangue e vidro pra todo lado.
-O que você fez dessa vez menino!
-Eu escorreguei. Só isso. Vem, me ajuda a entrar.
Depois de fazer os primeiros socorros eu o coloquei na sala da segurança, ele ficaria bem.
-Você é boa nisso sabia?
Ele estava observando a barriga enfaixada dele.
-Não sou nada, e você devia parar de se esforçar tanto.
-Ei, calma, se não for eu, quem vai te proteger?
Ele riu e depois parou num gemido de dor.
-Quem mandou? Você sabe bem que eu não gosto quando as pessoas fazem esse tipo de coisa.
Um longo tempo de silêncio.
-Obrigada mesmo assim.
Ele me encarou.
-Você está me agradecendo pelo quê exatamente?
Eu o soquei de brincadeira.
-Para menino! Mas sério, obrigada. Se você não tivesse atendido aquela ligação eu... Nós estaríamos...
-Shh! Não precisa falar nada, eu sei que você ia me ligar mais cedo ou mais tarde.
Ele sorriu.
-Aí como você é besta!
Eu ouvi vozes, várias delas, ou tínhamos companhia ou eu estava louca.
-Espere aqui sim, eu vou ver o que há lá fora.
Por precaução peguei uma chave inglesa que encontrei numa caixa de ferramentas.
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Ele era mesmo um bobo, andando pelos corredores eu pensei ter visto uma sombra, ignorei e comecei a ir pelo lado oposto, quem sabe Gabe estivesse acordado, eu poderia ver se ele já estava melhor. Uma porta sendo fechada, olha, alguém que também não consegue dormir. Eu continuei andando até ouvir os gritos da Bia, ela também não estava legal, aquele corte no braço poderia ser um problema, eu também tinha que agradecê-la. Eu estava a exatos vinte passos da porta do quarto da Bia, uma distância curta e longa ao mesmo tempo. Assim que dei o primeiro passo que reduziria essa distância a dezenove passos alguém abriu a porta dela, primeiro eu pensei que fosse ela, mas um cara alto saiu arrastando a Bia escada abaixo, eu fiquei eu choque. Depois saí correndo para tentar impedir aquele cara, tarde demais, eu observei enquanto a van branca desaparecia na imensidão de árvores daquele lugar. Eu voltei correndo e gritando e a primeira pessoa que pude pensar em chamar foi aquele menino estranho que sempre estava com ela, Lucas abriu a porta na terceira batida.
-O que aconteceu?
-A Bia... Ela...Um cara... A van...
-A Bia? O que aconteceu com ela?
Ele saiu do quarto correndo em direção ao quarto dela, abriu a porta depressa e encontrou a cama desarrumada, a mala dela no chão e a luz do banheiro acesa. Com meu fôlego recuperado eu lhe contei o que aconteceu.
-Temos que acordar os outros, eu não vou deixar ela desaparecer assim.
Depois de sair batendo nas portas, todos estavam reunidos no saguão. O Lucas, que depois da notícia parecia muito mais agitado, começou a falar.
-A Bia sumiu, Anne disse que um cara levou ela, numa van branca que sumiu na estrada.
Eles começaram a se desesperar, eu intervim.
-EI! Desespero não vai trazer ela de volta, a gente precisa se organizar.
Uma das amigas da Bia, uma loirinha, falou.
-Será que foi o cara da estrada?
-Eu duvido muito, ele estava algemado, á um poste, além do mais ele não estaria seguindo a gente.
-Poderia ter sido um dos soldados de Caroline então?
-Eu duvido muito.
Um menino mais alto, Phe, parecia ter algo á contar.
-A Bia havia me dito que eles não eram humanos, eram um tipo diferente de zumbis, domesticados e que obedeciam ordens. Com a morte de Caroline é provável que todos os soldados dela tenham morrido também.
Eles ficaram em silêncio por um minuto, Lucas fica mais impaciente á cada nanosegundo.
-Não interessa quem fez isso, a gente tem que achar ela, depois a gente cuida desse cara.
Gabe se colocou a frente.
-Procurar agora, no escuro, não vai trazer muito efeito além de acabar com a nossa gasolina e nos fazer ficar cansados. Vamos pensar um pouco, esse cara está seguindo a gente então, sabe dos nossos planos e resolveu intervir, a pergunta é, por que ele levou a Bia.
Eles ficaram calados, sem pensar eu sussurrei.
-Porque ela é quem está fazendo esse grupo sobreviver.
Eles concordaram.
-Se não fosse o plano maluco dela a gente estaria lá na Capital num tremendo caos.
-Se não fosse o jeito dela de pensar rápido estaríamos perdidos na invasão da loja de carros.
-Sem ela nunca teríamos achado essa pousada.
-Então sabemos que o cara estava seguindo a gente, ele conhece vocês pelo menos, e sabe pra onde vocês estavam indo e ele queria afastar vocês disso. A gente tem que saber porquê.
-Então a gente procura quando amanhecer.
Eu estava preocupada, mais ainda por ter visto ela desaparecer. Mas eu tinha certeza, a gente não ia mais dormir essa noite.
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-É a terceira vez que a gente passa por essa árvore.
Começamos a colocar as coisas no carro antes mesmo do sol nascer. Eu fiquei rondando os corredores pelo resto da noite, passei por duas portas onde as pessoas dentro delas estavam chorando baixinho. Não posso dizer como elas se sentem, nunca vi isso acontecer na vida real, mas todo mundo acordou preocupado. Reconheci as meninas que haviam chorado na noite anterior, o rosto delas estavam vermelho e inchado, elas estavam carregando as coisas da Bia, eu jurava que ela não tinha tanta coisa assim. Elas colocaram tudo na caminhonete.
-Vamos precisar de gasolina se a gente tiver que procurar por um dia inteiro.
-Deve ter um posto uns dois quilômetros pra frente.
-Espero que você esteja certo porquê é tudo que a gente tem.
Entramos nos carros, achamos o posto e começamos a procurar, desde a casa de Caroline, indo e vindo pra ver se achávamos alguma coisa.
-Eu tô falando, a gente já passou por aqui três vezes!
-Cala a boca Milly.
-Eu só to avisando, se tivesse alguma coisa pra ver, a gente já teria visto.
Passamos por mais algumas árvores, e eu vi uma mancha preta no asfalto.
-Para o carro.
Eu desci do Jipe e andei até a marca de pneus que fazia uma curva fechada pra esquerda.
-Isso não estava aqui ontem.
-Não mesmo, mas não faz sentido. Seja qual for a direção do carro, essa curva não levaria a lugar nenhum.
-Se for o carro que a Bia tava, ela fez isso.
-Como assim?
-Eu sei que ela não ficaria quieta por muito tempo, o cara que tava dirigindo talvez não tenha a amarrado ou coisa assim, ela pode ter tentado fugir.
-Faz sentido, mas por que aqui?
-Eu não sei.
Todos desceram dos carros pra olhar a marca.
-Isso daí é com certeza de uma van.
Eu olhei para Gabe, como ele poderia saber disso?
-O pneu tem pelo menos quase trinta centímetros de largura, com essa distância e a direção das marcas, eu diria que eles estava vindo da pousada, perdeu o controle de carro por alguns segundos e voltou para a estrada.
-A gente acha que quem fez essa marca foi a Bia, ela não é de ficar muito parada.
-Faz sentido.
-E como você sabe disso?
-O meu primo ia fazer criminalística, calma.
-Tudo bem, então, seguindo esse padrão ele poderia ter ido para onde?
-Isso depende dele. Eu não sei se o tanque estava cheio, se o destino dele estava perto, se ele só queria matar ela.
-Isso aqui parece mesmo cena de assassinato.
-Tirando o fato de que ela não morreu.
-Você não sabe.
-Ela não morreu.
-Vocês não podem saber disso tá legal!
Estávamos discutindo por algo tão banal como isso, precisávamos da Bia aqui. Urgente.
-Tá legal, vocês aí, eu ouvi que vocês são chegadas num filme de terror e tudo o mais.
As amigas dela concordaram com a cabeça.
-Então tratem isso daqui como um filme de terror, pra onde o assassino levaria sua vítima?
Elas pensaram por uma minuto, uma delas, Talita, disse.
-Ela era a melhor nisso, mas se eu fosse o assassino eu teria uma casa ou cabana aqui por perto, um lugar onde não se pudesse ouvir os gritos.
-DEUS!
Eu olhei para a menina mais velha que estava no nosso grupo, Lala.
-Passamos por aquela cabana lá onde acampamos. Ela pode estar lá.
Então estávamos animados de novo. Com a possibilidade de achar a Bia e resolver essa maluquice de uma vez por todas.
Andamos animados nos carros carregando as armas e parecendo matadores profissionais. O único que não falou nada foi o Lucas, ele estava apreensivo e muito cuidadoso com as palavras que usava, estava pensando muito.
" A pessoa silenciosa possuí uma mente barulhenta." Fazia sentido agora. Chegamos no lugar onde acampamos e nos perguntamos por onde chegaríamos naquela cabana. Depois de procurar por um tempo achamos uma estrada de terra que nos deixava bem na porta da cabana velha e caída. O cercado com zumbis ainda estava lá e o lugar tinha o cheiro deles. Paramos um pouco longe da porta, não arriscaríamos perder mais um carro se houvesse alguém aí. Os meninos foram na frente, ninguém ficou pra trás, todos queriam salvar a Bia do sequestrador. Eu me perguntei se seria assim se fosse com outra pessoa, a resposta, claro que seria a Bia motivaria todos a continuar procurando. Assim que eles arrombaram a porta, eles entraram sem fazer barulho, entramos pouco depois de demos de cara com um laboratório secreto do mal.
A cabana era só uma distração, dentro dela haviam várias telas de computador todas em descanso co as letras NA num fundo com duas armas, uma em cima da outra. Phe foi logo para um computador ver o que era aquilo, ele digitou algumas coisas e em pouco tempo vários arquivos foram surgindo: "O Melhor Jogo De Todos os Tempos!" "Livro de Regras Oficiais Do New Apocalypse." "Lista de Membros."
-Quem quer que seja o dono disso aqui, não achou que teria o computador fuçado por um bando de adolescente, olha o nome desses arquivos!
-O que é New Apocalypse?
-E essa lista de membros aí?
Na última tela surgiu a foto de um panfleto. Era uma imagem tão irreal que eu achei que era brincadeira.
" Um jogo tão realista que vai fazer você morrer de vontade de jogar! New Apocalyse reúne os melhores gamers de toda a São Paulo para fazer você estourar a cabeça de alguns zumbis... Louco para conhecer? Envie seu E-mail para newapocalypse@real2012.com e participe deste apocalipse!"
-Isso é brincadeira né?
-Não.
Eles olharam pra mim.
-Que dizer que esse apocalipse foi armado pra que um bando de adolescentes sem namorada pudessem jogar o melhor jogo de suas vidas?
-Sim, o criador disse que trazia uma experiência totalmente nova com um realismo inacreditável.
-Como você sabe disse Anne?
-Eu me inscrevi para jogar, mas meu perfil foi recusado. Acontece que eu fiquei muito puta da vida com essa empresa e resolvi ver direito o que era isso. Acontece que o criador não existe, ele é simplesmente um fantasma. Não achei nada sobre ele mas o jogo é doentio. É real e o único preço é a sua vida. Envolve muito dinheiro e o próprio cara que criou esses zumbis. Eles estão tramando mais alguma coisa mas quando eu tentei localizar o arquivo o firewall deles me detectaram, eu fui expulsa na hora e eles estouraram meu computador.
-Então eles estão planejando algo.
-E a Bia não está aqui.
-E é muito provável que ela esteja no meio disso tudo.
-A gente vai ter que dar um jeito nisso.
Nas horas seguintes ficamos lendo as regras, a lista de integrantes e um arquivo muito interessante sobre os apostadores. Sabíamos de tudo sobre essa maluquice, o cara era mesmo muito burro de ter isso tudo no computador. Deixamos a cabana por volta de quatro da tarde, nem sinal do cara que criou isso tudo.
Tínhamos um plano, e ele envolvia salvar a Bia.
quarta-feira, 6 de junho de 2012
Fim Da Linha Parte III
[Continuação...]
DD me arrastou para fora da enfermaria enquanto a Doutora acenava e sorria dizendo boa sorte na sua estréia. No meio do caminho eu soltei meu pulso da mão de DD que era incrivelmente forte e alguns, muitos, centímetros mais baixa do que eu. Ela tinha o cabelo curto cortado reto e um franja, tinha mechas azuis no cabelo e sua roupa era rasgada nos joelhos e nas mangas. Ela era e master gamer daquela loucura.
-Tá. Pera. O que diabos ta acontecendo aqui?
-Você chegou agora não foi?
-Se com chegar você quer dizer ser arrastada enquanto acorda no meio da noite por um maluco que você nem conhece, sim, eu cheguei agora.
-Que estranho, a maioria dos jogadores aparece aqui por vontade própria. Bom, de qualquer modo, eu já disse, este é o New Apocalypse. Um jogo para qualquer fim, melhor do que qualquer rpg, melhor do que qualquer gráfico que você já tenha visto, a melhor jogabilidade de todos os tempos...
-Ah, claro né, é um jogo na vida real!
-Isso! Você tá entendendo.
Ela remexeu os bolsos invisíveis da roupa estranha e tirou de um deles um celular super moderno. Ela digitou algumas coisas na tela touch e me mostrou o seguinte aplicativo.
" Venha fazer parte dessa nova Era! New Apocalypse, é o jogo em que os zumbis, são o menor de seus problemas."
Estava com o endereço e o horário dos jogos em baixo disso.
-Isso é loucura, como você aceitou participar disso?
-Todos nós, gamers, já sabíamos do apocalipse, foi só esperar acontecer, fazer as malas e aparecer aqui com o aplicativo no celular.
-Vocês são doidos...
-Doida é você estreante! Vai fazer seu primeiro jogo sem nome...
Ela me empurrou porta a dentro e eu estava em uma sala sem nada a não ser uma mesa, uma cadeira e um cara muito assustador atrás disso tudo.
-Venha aqui.
Eu andei, DD estava em algum lugar atrás da porta. Assim que eu me sentei ele levantou um tablet e tirou uma foto minha.
-Hum, estreante! Vamos escolher seu nome sim.
O cara tinha pelo menos 2 metros de altura, os dedos dele eram tão grandes que ele poderia quebrar aquele tablet a hora que ele quisesse.
-Hum, vejamos. Diga-me sua Psn account?
-Eu não tenho.
-Xbox-Live account?
-Não.
-Algum jogo que jogou ultimamente?
-Não lembro. Eu to no lugar errado não era pra eu estar aqui.
-Me passa o e-mail.
Eu disse e ele ia digitando. Foi lendo as listas dos jogos que joguei ultimamente.
-Xxmaryanne? Biahlanna? Fairy_? Que tipo de codinomes são esses menina?
-Eu não sou muito chegada em jogos...
-Vamos fazer o seguinte, antes que os outros jogadores encontrem esse lixo de histórico, eu apago e te dou um novo tá legal. Vê se escolhe um nome legal tipo...
Ele pensou por um minuto.
-Ghost! Isso! Eu sou brilhante! Você não tem histórico mas tem experiência... Seu nome é Ghost, vem pegar sua plaquinha depois da estréia tá? Pode sair, seu time vai ser definido na batalha, a sala do lado tem umas roupinhas melhores. Tchau!
Ele me empurrou porta afora e lá estava DD encostada olhando as unhas.
-E aí, como foi?
-Acho que me chamo Ghost...
-UAU! EU nunca teria pensado nisso... Os patrocinadores vão te achar intrigante, como eu!
-O cara disse alguma coisa sobre sala ao lado e roupinhas melhores.
-É, lutar de pijama não é uma boa ideia.
Ela abriu com o colar, a porta que dava para um closet gigantesco com tudo que você podia imagina! Colares, pulseiras, anéis, capas, vestidos, sapatos... Tudo!
-Tá, isso é a primeira coisa legal que me acontece nesses últimos dias.
-Escolhe aí o que você quiser, eu vou esperar do lado de fora.
Eu andei um pouco pela sala gigantesca, dei de cara com um all-star preto de cano alto. Segurei ele como se fosse a única peça que me interessava. Depois achei um shorts com algumas coisinhas penduradas e vasculhei nas camisetas uma preta com uma caveira. Depois fui para os acessórios, escolhi dois anéis, um para o indicador da mão esquerda e outro para o polegar da direita. Quando terminei de me vestir, DD estava me esperando do lado de fora.
-Nada mal estreante. Vamos te mostrar as regras.
Ela andou comigo até o que parecia ser um vestiário mas tinha uma lousa e algumas coisas como carteiras destruídas espalhadas pela sala.
-É o seguinte.
Ela começou a desenhar na lousa. Primeiro um círculo grande que ela chamou de Arena, depois um círculo bem maior que era a Área. Ela desenhou umas árvores e um lago na Área e a Arena permaneceu em branco até que ela falou.
-Permanecemos escondidos na área até que a sirene seja tocada e sua equipe chamada, quando isso acontece, sua equipe vai até a Arena e realiza uma tarefa.
Antes que eu pudesse perguntar ela desenhou uma caveira bem no meio da Arena.
-As tarefas requerem habilidade, sabedoria e experiência. Geralmente, alguns companheiros de equipe acabam mortos ou mordidos, eles são usados nos jogos de estréia.
-O que vai acontecer hoje á noite?
-Nos jogos de estréia, são chamados um competidor de cada equipe para tentar derrubar o estreante, se o estreante for mordido, são três dias escondidos na Área, sem comida dos juízes. Se o estreante for morto, são uma semana de regalias para a equipe.
-E se o estreante vencer?
-Ele tem que matar um membro da equipe. Aí ele fica no lugar do cara que ele matou.
-Isso é doentio!
-Não, isso são testes de habilidade. Só isso.
-Quem você matou pra ganhar a armadura azul DD?
-Não interessa!
-Mas eu...
-Você entendeu?
-Sim.
-Te vejo na Arena, Ghost.
E ela saiu, me deixando com uma lousa com dois círculos e uma caveira bem no centro. Eu desejei não ter feito acordo nenhum com o Doutor Sociopata Maluco. Eu resolvi sair e procurar Ky, Bloom e Blast. Eu precisava falar com alguém que não havia me ameaçado tão claramente. Eu andei sem rumo pelos corredores até encontrar com outros membros da equipe roxa.
-Ah, oi, eu tava procurando a Bloom e...
-Estreante né?
-Sou.
-Você tem que ir pra Arena. Vem com a gente.
As duas meninas da equipe rosa me acompanharam até uma grande escadaria.
-Quando você ouvir uma sirene você sobe tá?
-Tá.
-Boa sorte.
-Obrigada.
E elas desapareceram. Eu esperei sentada no primeiro degrau até que a sirene tocou. Era inconfundível. Um som alto, estridente e pavoroso. Acho que o Doutor Sociopata tirou essa de Silent Hill. Eu subi as escadas e foi ficando cada vez mais claro, até que eu estava de pé em plena Praia Das Conchas. Primeiro eu fiquei paralisada, depois olhei melhor para ter certeza. Um cachoeira no fundo, uma ilha á minha direita, a areia branca e fofa e o mar azul bem na minha frente. Á minha volta, uma arquibancada gigante se ergui de todos os lados, tapando metade da minha visão. Nelas, várias pessoas estavam torcendo empolgadas.
-O que diabos...
-BEM-VINDOS PATROCINADORES! O JOGO DE HOJE VAI SER UMA ESTRÉIA,COMO TODOS SABEM, SUAS APOSTAS PODEM SER Á FAVOR DOS ZUMBIS, DAS EQUIPES, OU DE NOSSA ESTREANTE.... GHOST!
Assim que a voz sinistra falou meu codinome, uma imagem minha apareceu num telão que eu nem sabia que estava ali. Os patrocinadores começaram a falar em números e suposições, eu permaneci encarando a mim mesma no telão.
-APOSTAS ENCERRADAS! AGORA, NOSSA ESTREANTE VAI ESCOLHER SUA ARMA INICIAL.... VOCÊ PODE ESCOLHER ENTRE: UMA FACA, UM REMO E UMA ESPADA!
A platéia começou a gritar: ESPADA!ESPADA!ESPADA! Eu repeti tão baixo que fiquei paralisada quando a voz de computador repetiu.
-SUA ESCOLHA FOI: UMA ESPADA!
A imagem da arma brilhou na tela e desapareceu. Uma menininha vestida de branco surgiu de algum lugar e me entregou a espada em uma capa vermelha. Eu descobri a arma e amarrei o pano na minha cintura, sem razão aparente. A espada era bonita, lustrada, afiada. Eu nunca havia lutado de verdade mas as outras armas eram inúteis.
-E AGORA, AS EQUIPES ADVERSÁRIAS POR FAVOR ESCOLHAM ALGUÉM PARA ENFRENTAR A ESTREANTE.
Pouco á Pouco, pessoas que eu nunca vi na vida saíam de diversos lugares carregando suas armas. Eram 4 ao todo. Uma da equipe azul, que não era DD para a minha felicidade, que tinha uma faca, um menino da equipe vermelha com um canivete, a menina da equipe rosa que havia me acompanhado até as escadas tinha um machado, e um menino da equipe amarela tinha uma lança. Eu tomei uma nota mental: Fique longe daquela lança!
-COMPETIDORES, AOS SEUS LUGARES..... QUE LIBERTEM OS ZUMBIS!!!
O eco de sua voz foi acompanhado de um barulho de metal sendo arrastado, cerca de dez zumbis vinham em nossa direção, as equipes estavam cada uma em uma posição, azul na minha frente, vermelha do meu lado direito, rosa nas minhas costas e amarela na minha direta. Os zumbis tinham que arrastar grandes bolas de ferro o que os tornava mais lerdos do que o normal, quando estavam todos os dez perto o bastante, uma buzina soou e todos os competidores vieram na minha direção. Eu tive tempo de desviar da faca da azul e correr para frente, dei de cara com um zumbi sem braço e a única coisa que veio na minha cabeça foi girar a espada que estava na minha mão. Quando a cabeça do zumbi caiu, a platéia começou a gritar. Eu corri, meus pulmões em brasa clamavam por um descanso, eu tropecei em uma pedra e um zunido passou por mim, o canivete da vermelha ficou cravado em uma árvore, isso não o impediu de tentar me estrangular. Eu rolei, derrubando o menino no chão, peguei a espada e corri de novo. Parei quando a arquibancada me deixava presa em um círculo de terror, mais zumbis se aproximavam e cada vez que eu acertava um, a platéia gritava. Eu estava exausta em minutos, Desviei uma ou duas vezes da lança da amarela e me mantive bem longe dela, a menina da rosa tentou me acertar apenas uma vez, depois se concentrou em matar zumbis. O menino da azul corria na minha direção me encurralando na parede da arquibancada. um zumbi veio correndo ultrapassando o menino, eu consegui levantar a espada fazendo com que ela ficasse no peito dele, mas não tinha mais forças para matar um zumbi. Quando alguém tossiu eu percebi que o zumbi tinha parado de se mexer e a platéia estava em silêncio. Quando eu larguei a espada eu vi que tinha acertado, não só o zumbi, mas o menino da equipe azul que corria na minha direção. Ele tossiu sangue uma última vez e seus olhos se fecharam. No mesmo instante, a platéia começou a gritar, mas eu estava em choque. Havia matado um menino que eu nem ao menos conhecia, como isso poderia deixar alguém feliz? A menina que me entregou a espada veio até mim, ela era loira, não daria nem 7 anos para ela.
-Vem, você tem que descansar.
Ela me guiou até a enfermaria e eu chorava sem para mas também sem fazer barulho, a Doutora começou a conversar com ela e enquanto elas conversavam, eu adormeci em meio ás lágrimas. Acordei exausta, estava na enfermaria e a Doutora me acordou com um grande sorriso e uma bandeja com um enorme prato de comida.
-Parabéns Ghost! Esse é o jantar da sua equipe. Me pediram para manter você aqui até sua plaquinha ficar pronta. É melhor você comer tudo, amanha vai ter festa!
E ela saiu saltitando me deixando com uma bandeja enorme de arroz, legumes e um pedaço de carne. Eu admito, estava faminta, assim que acabei ela abriu a porta me dando um copo com água.
-Obrigada.
Ela levou tudo e antes de passar pela porta, ela disse.
-Sua plaquinha está pronta, é na segunda porta do terceiro corredor.
Eu desci da maca e caminhei até o lugar. Minhas costas doíam mais que tudo e eu queria muito dormir na cama da pousada. A pousada. Como estariam os meus amigos? Eles saberiam que eu estou na praia Das Conchas? Como eu iria achá-los? Assim que eu entrei o comitê todo estava lá dentro. O Doutor Sociopata, o cara das plaquinhas, e os três malignos seguidores do Doutor. Ky, Blomm e Blast.
Eles bateram palmas quando eu entrei, e depois o Doutor veio com um discurso.
-Por sua bravura em combate, sua estrema destreza com a lâmina dos Deuses, eu a nomeio, capitã do time azul.
Ky e Bloom começaram a bater palmas mas Blast não estava tão feliz assim. Ele andou na minha direção com uma braçadeira azul em mãos.
-Eu, jogador 40312, honro a sua nomeação. Aqui está, Ghost.
Ele cuspiu meu nome, certamente não estava feliz por minha presença ali. Com ele, éramos dois.
-Para celebrar sua noite de estréia, aqui esta sua placa.
O cara das plaquinhas me entregou um colar com a placa militar, meu nome Ghost, digitado uniformemente para ficar bem no centro da placa e uma estrela preta gravada no verso. O carinha das placas colocou o colar em mim, e assim que ele se afastou, todos bateram palmas de novo.
-Minha querida, devo dizer que sua performance hoje foi... Espetacular!
-Obrigada mas eu tenho termos a discutir com você.
-Pode dizer minha cara.
-Quanto tempo até o nosso acordo acabar?
Ele riu.
-Se quer tanto sair daqui, menina, terá que vencer um desafio. Para a sua sorte, eles serão feitos depois de amanhã, na lua cheia.
-Se eu completar esse desafio aí, eu vou poder sair daqui e ir procurar meus amigos?
-Minha cara, se você conseguir sair inteira do desafio, você pode fazer o que bem entender.
Ele riu estrondosamente enquanto o cara das plaquinhas nos expulsava da sala dele.
[Continua...]
DD me arrastou para fora da enfermaria enquanto a Doutora acenava e sorria dizendo boa sorte na sua estréia. No meio do caminho eu soltei meu pulso da mão de DD que era incrivelmente forte e alguns, muitos, centímetros mais baixa do que eu. Ela tinha o cabelo curto cortado reto e um franja, tinha mechas azuis no cabelo e sua roupa era rasgada nos joelhos e nas mangas. Ela era e master gamer daquela loucura.
-Tá. Pera. O que diabos ta acontecendo aqui?
-Você chegou agora não foi?
-Se com chegar você quer dizer ser arrastada enquanto acorda no meio da noite por um maluco que você nem conhece, sim, eu cheguei agora.
-Que estranho, a maioria dos jogadores aparece aqui por vontade própria. Bom, de qualquer modo, eu já disse, este é o New Apocalypse. Um jogo para qualquer fim, melhor do que qualquer rpg, melhor do que qualquer gráfico que você já tenha visto, a melhor jogabilidade de todos os tempos...
-Ah, claro né, é um jogo na vida real!
-Isso! Você tá entendendo.
Ela remexeu os bolsos invisíveis da roupa estranha e tirou de um deles um celular super moderno. Ela digitou algumas coisas na tela touch e me mostrou o seguinte aplicativo.
" Venha fazer parte dessa nova Era! New Apocalypse, é o jogo em que os zumbis, são o menor de seus problemas."
Estava com o endereço e o horário dos jogos em baixo disso.
-Isso é loucura, como você aceitou participar disso?
-Todos nós, gamers, já sabíamos do apocalipse, foi só esperar acontecer, fazer as malas e aparecer aqui com o aplicativo no celular.
-Vocês são doidos...
-Doida é você estreante! Vai fazer seu primeiro jogo sem nome...
Ela me empurrou porta a dentro e eu estava em uma sala sem nada a não ser uma mesa, uma cadeira e um cara muito assustador atrás disso tudo.
-Venha aqui.
Eu andei, DD estava em algum lugar atrás da porta. Assim que eu me sentei ele levantou um tablet e tirou uma foto minha.
-Hum, estreante! Vamos escolher seu nome sim.
O cara tinha pelo menos 2 metros de altura, os dedos dele eram tão grandes que ele poderia quebrar aquele tablet a hora que ele quisesse.
-Hum, vejamos. Diga-me sua Psn account?
-Eu não tenho.
-Xbox-Live account?
-Não.
-Algum jogo que jogou ultimamente?
-Não lembro. Eu to no lugar errado não era pra eu estar aqui.
-Me passa o e-mail.
Eu disse e ele ia digitando. Foi lendo as listas dos jogos que joguei ultimamente.
-Xxmaryanne? Biahlanna? Fairy_? Que tipo de codinomes são esses menina?
-Eu não sou muito chegada em jogos...
-Vamos fazer o seguinte, antes que os outros jogadores encontrem esse lixo de histórico, eu apago e te dou um novo tá legal. Vê se escolhe um nome legal tipo...
Ele pensou por um minuto.
-Ghost! Isso! Eu sou brilhante! Você não tem histórico mas tem experiência... Seu nome é Ghost, vem pegar sua plaquinha depois da estréia tá? Pode sair, seu time vai ser definido na batalha, a sala do lado tem umas roupinhas melhores. Tchau!
Ele me empurrou porta afora e lá estava DD encostada olhando as unhas.
-E aí, como foi?
-Acho que me chamo Ghost...
-UAU! EU nunca teria pensado nisso... Os patrocinadores vão te achar intrigante, como eu!
-O cara disse alguma coisa sobre sala ao lado e roupinhas melhores.
-É, lutar de pijama não é uma boa ideia.
Ela abriu com o colar, a porta que dava para um closet gigantesco com tudo que você podia imagina! Colares, pulseiras, anéis, capas, vestidos, sapatos... Tudo!
-Tá, isso é a primeira coisa legal que me acontece nesses últimos dias.
-Escolhe aí o que você quiser, eu vou esperar do lado de fora.
Eu andei um pouco pela sala gigantesca, dei de cara com um all-star preto de cano alto. Segurei ele como se fosse a única peça que me interessava. Depois achei um shorts com algumas coisinhas penduradas e vasculhei nas camisetas uma preta com uma caveira. Depois fui para os acessórios, escolhi dois anéis, um para o indicador da mão esquerda e outro para o polegar da direita. Quando terminei de me vestir, DD estava me esperando do lado de fora.
-Nada mal estreante. Vamos te mostrar as regras.
Ela andou comigo até o que parecia ser um vestiário mas tinha uma lousa e algumas coisas como carteiras destruídas espalhadas pela sala.
-É o seguinte.
Ela começou a desenhar na lousa. Primeiro um círculo grande que ela chamou de Arena, depois um círculo bem maior que era a Área. Ela desenhou umas árvores e um lago na Área e a Arena permaneceu em branco até que ela falou.
-Permanecemos escondidos na área até que a sirene seja tocada e sua equipe chamada, quando isso acontece, sua equipe vai até a Arena e realiza uma tarefa.
Antes que eu pudesse perguntar ela desenhou uma caveira bem no meio da Arena.
-As tarefas requerem habilidade, sabedoria e experiência. Geralmente, alguns companheiros de equipe acabam mortos ou mordidos, eles são usados nos jogos de estréia.
-O que vai acontecer hoje á noite?
-Nos jogos de estréia, são chamados um competidor de cada equipe para tentar derrubar o estreante, se o estreante for mordido, são três dias escondidos na Área, sem comida dos juízes. Se o estreante for morto, são uma semana de regalias para a equipe.
-E se o estreante vencer?
-Ele tem que matar um membro da equipe. Aí ele fica no lugar do cara que ele matou.
-Isso é doentio!
-Não, isso são testes de habilidade. Só isso.
-Quem você matou pra ganhar a armadura azul DD?
-Não interessa!
-Mas eu...
-Você entendeu?
-Sim.
-Te vejo na Arena, Ghost.
E ela saiu, me deixando com uma lousa com dois círculos e uma caveira bem no centro. Eu desejei não ter feito acordo nenhum com o Doutor Sociopata Maluco. Eu resolvi sair e procurar Ky, Bloom e Blast. Eu precisava falar com alguém que não havia me ameaçado tão claramente. Eu andei sem rumo pelos corredores até encontrar com outros membros da equipe roxa.
-Ah, oi, eu tava procurando a Bloom e...
-Estreante né?
-Sou.
-Você tem que ir pra Arena. Vem com a gente.
As duas meninas da equipe rosa me acompanharam até uma grande escadaria.
-Quando você ouvir uma sirene você sobe tá?
-Tá.
-Boa sorte.
-Obrigada.
E elas desapareceram. Eu esperei sentada no primeiro degrau até que a sirene tocou. Era inconfundível. Um som alto, estridente e pavoroso. Acho que o Doutor Sociopata tirou essa de Silent Hill. Eu subi as escadas e foi ficando cada vez mais claro, até que eu estava de pé em plena Praia Das Conchas. Primeiro eu fiquei paralisada, depois olhei melhor para ter certeza. Um cachoeira no fundo, uma ilha á minha direita, a areia branca e fofa e o mar azul bem na minha frente. Á minha volta, uma arquibancada gigante se ergui de todos os lados, tapando metade da minha visão. Nelas, várias pessoas estavam torcendo empolgadas.
-O que diabos...
-BEM-VINDOS PATROCINADORES! O JOGO DE HOJE VAI SER UMA ESTRÉIA,COMO TODOS SABEM, SUAS APOSTAS PODEM SER Á FAVOR DOS ZUMBIS, DAS EQUIPES, OU DE NOSSA ESTREANTE.... GHOST!
Assim que a voz sinistra falou meu codinome, uma imagem minha apareceu num telão que eu nem sabia que estava ali. Os patrocinadores começaram a falar em números e suposições, eu permaneci encarando a mim mesma no telão.
-APOSTAS ENCERRADAS! AGORA, NOSSA ESTREANTE VAI ESCOLHER SUA ARMA INICIAL.... VOCÊ PODE ESCOLHER ENTRE: UMA FACA, UM REMO E UMA ESPADA!
A platéia começou a gritar: ESPADA!ESPADA!ESPADA! Eu repeti tão baixo que fiquei paralisada quando a voz de computador repetiu.
-SUA ESCOLHA FOI: UMA ESPADA!
A imagem da arma brilhou na tela e desapareceu. Uma menininha vestida de branco surgiu de algum lugar e me entregou a espada em uma capa vermelha. Eu descobri a arma e amarrei o pano na minha cintura, sem razão aparente. A espada era bonita, lustrada, afiada. Eu nunca havia lutado de verdade mas as outras armas eram inúteis.
-E AGORA, AS EQUIPES ADVERSÁRIAS POR FAVOR ESCOLHAM ALGUÉM PARA ENFRENTAR A ESTREANTE.
Pouco á Pouco, pessoas que eu nunca vi na vida saíam de diversos lugares carregando suas armas. Eram 4 ao todo. Uma da equipe azul, que não era DD para a minha felicidade, que tinha uma faca, um menino da equipe vermelha com um canivete, a menina da equipe rosa que havia me acompanhado até as escadas tinha um machado, e um menino da equipe amarela tinha uma lança. Eu tomei uma nota mental: Fique longe daquela lança!
-COMPETIDORES, AOS SEUS LUGARES..... QUE LIBERTEM OS ZUMBIS!!!
O eco de sua voz foi acompanhado de um barulho de metal sendo arrastado, cerca de dez zumbis vinham em nossa direção, as equipes estavam cada uma em uma posição, azul na minha frente, vermelha do meu lado direito, rosa nas minhas costas e amarela na minha direta. Os zumbis tinham que arrastar grandes bolas de ferro o que os tornava mais lerdos do que o normal, quando estavam todos os dez perto o bastante, uma buzina soou e todos os competidores vieram na minha direção. Eu tive tempo de desviar da faca da azul e correr para frente, dei de cara com um zumbi sem braço e a única coisa que veio na minha cabeça foi girar a espada que estava na minha mão. Quando a cabeça do zumbi caiu, a platéia começou a gritar. Eu corri, meus pulmões em brasa clamavam por um descanso, eu tropecei em uma pedra e um zunido passou por mim, o canivete da vermelha ficou cravado em uma árvore, isso não o impediu de tentar me estrangular. Eu rolei, derrubando o menino no chão, peguei a espada e corri de novo. Parei quando a arquibancada me deixava presa em um círculo de terror, mais zumbis se aproximavam e cada vez que eu acertava um, a platéia gritava. Eu estava exausta em minutos, Desviei uma ou duas vezes da lança da amarela e me mantive bem longe dela, a menina da rosa tentou me acertar apenas uma vez, depois se concentrou em matar zumbis. O menino da azul corria na minha direção me encurralando na parede da arquibancada. um zumbi veio correndo ultrapassando o menino, eu consegui levantar a espada fazendo com que ela ficasse no peito dele, mas não tinha mais forças para matar um zumbi. Quando alguém tossiu eu percebi que o zumbi tinha parado de se mexer e a platéia estava em silêncio. Quando eu larguei a espada eu vi que tinha acertado, não só o zumbi, mas o menino da equipe azul que corria na minha direção. Ele tossiu sangue uma última vez e seus olhos se fecharam. No mesmo instante, a platéia começou a gritar, mas eu estava em choque. Havia matado um menino que eu nem ao menos conhecia, como isso poderia deixar alguém feliz? A menina que me entregou a espada veio até mim, ela era loira, não daria nem 7 anos para ela.
-Vem, você tem que descansar.
Ela me guiou até a enfermaria e eu chorava sem para mas também sem fazer barulho, a Doutora começou a conversar com ela e enquanto elas conversavam, eu adormeci em meio ás lágrimas. Acordei exausta, estava na enfermaria e a Doutora me acordou com um grande sorriso e uma bandeja com um enorme prato de comida.
-Parabéns Ghost! Esse é o jantar da sua equipe. Me pediram para manter você aqui até sua plaquinha ficar pronta. É melhor você comer tudo, amanha vai ter festa!
E ela saiu saltitando me deixando com uma bandeja enorme de arroz, legumes e um pedaço de carne. Eu admito, estava faminta, assim que acabei ela abriu a porta me dando um copo com água.
-Obrigada.
Ela levou tudo e antes de passar pela porta, ela disse.
-Sua plaquinha está pronta, é na segunda porta do terceiro corredor.
Eu desci da maca e caminhei até o lugar. Minhas costas doíam mais que tudo e eu queria muito dormir na cama da pousada. A pousada. Como estariam os meus amigos? Eles saberiam que eu estou na praia Das Conchas? Como eu iria achá-los? Assim que eu entrei o comitê todo estava lá dentro. O Doutor Sociopata, o cara das plaquinhas, e os três malignos seguidores do Doutor. Ky, Blomm e Blast.
Eles bateram palmas quando eu entrei, e depois o Doutor veio com um discurso.
-Por sua bravura em combate, sua estrema destreza com a lâmina dos Deuses, eu a nomeio, capitã do time azul.
Ky e Bloom começaram a bater palmas mas Blast não estava tão feliz assim. Ele andou na minha direção com uma braçadeira azul em mãos.
-Eu, jogador 40312, honro a sua nomeação. Aqui está, Ghost.
Ele cuspiu meu nome, certamente não estava feliz por minha presença ali. Com ele, éramos dois.
-Para celebrar sua noite de estréia, aqui esta sua placa.
O cara das plaquinhas me entregou um colar com a placa militar, meu nome Ghost, digitado uniformemente para ficar bem no centro da placa e uma estrela preta gravada no verso. O carinha das placas colocou o colar em mim, e assim que ele se afastou, todos bateram palmas de novo.
-Minha querida, devo dizer que sua performance hoje foi... Espetacular!
-Obrigada mas eu tenho termos a discutir com você.
-Pode dizer minha cara.
-Quanto tempo até o nosso acordo acabar?
Ele riu.
-Se quer tanto sair daqui, menina, terá que vencer um desafio. Para a sua sorte, eles serão feitos depois de amanhã, na lua cheia.
-Se eu completar esse desafio aí, eu vou poder sair daqui e ir procurar meus amigos?
-Minha cara, se você conseguir sair inteira do desafio, você pode fazer o que bem entender.
Ele riu estrondosamente enquanto o cara das plaquinhas nos expulsava da sala dele.
[Continua...]
Fim Da Linha Parte II
Fui para o quarto assim que a lua ficou alta no céu. As estrelas ainda eram minhas, faziam desse lugar um paraíso. Deixei as cortinas e a janela a berta para poder dormir olhando o céu. Adormeci bem rápido.
Eu estava andando, estava escuro e tinha alguma coisa errada, eu podia sentir. Um barulho, longe de mim, eu corria agora. Tropecei no alto da escada e caí sobre alguma coisa, uma mala. Eu podia sentir o sangue escorrendo da minha testa. Eu tinha que correr, mas minha perna doía e eu não fazia mais do que saltitar. Um trovão, eu vi a silhueta dele bem perto de mim, a faca ensanguentada sujando todo o chão. Ele iria me matar.
Eu acordei num grito. Não havia nada me perseguindo nem um maluco com uma faca cheia de sangue. Estava tremendo então fechei a janela. Um suspiro, baixo demais para que outra pessoa se não eu pudesse perceber. Eu me virei devagar e olhei ao redor do quarto. Vazio. Nem uma silhueta maligna me observando. Mas porque eu me sentia observada. Fui até o banheiro e acendi a luz, quando olhei no espelho havia algo atrás de mim. Antes que eu pudesse gritar, a pessoa cobriu meu rosto com as mãos e me arrastou para longe, para longe do quarto, longe dos meus amigos. Ele desceu comigo ainda esperneando e tentando me soltar mas já estava passando pela porta quando consegui morder a mão da pessoa e gritar por socorro. Ninguém ouviu, eu acho. Pelos próximos dois minutos ele tentou colocar um pano sobre a minha boca e eu continuava gritando. Ele me arrastou para fora, tentei agarrar alguma coisa mas ele era forte demais. A lua iluminou o rosto do meu agressor. Era um homem, não daria nem 32 anos, tinha uma barba mal feita e estava de calça jeans e moletom. Ele me puxou e continuou me arrastando pela terra e pela grama até meus joelhos sangrarem. Ele me levantou com muita facilidade e me colocou na van branca estacionada na frente do portão.
Eu devo ter dormido, ou batido a cabeça em alguma coisa. Estava com as mãos amarradas, a boca tampada com algo e a cabeça apoiada em uma das paredes da van. Assim que consegui levantar a cabeça encontrei o olhar do homem que havia me sequestrado. Ele me observou por alguns segundos e fez uma curva fechada para a esquerda me jogando do outro lado da van.
Meu pescoço doía, doía demais. Assim como meus pulsos e minha testa. Fora isso, eu estava apenas amarrada a uma cadeira numa sala escura com uma lâmpada acima de mim. Eu olhei em volta a sala era pequena, havia a cadeira que eu estava amarrada, uma mesa com algumas coisas em cima e uma porta. Eu tentei fazer qualquer coisa pra chegar naquela porta mas havia uma corrente prendendo a cadeira ao chão. Não demorou muito até o sequestrador chegar pela porta com um avental de açougueiro e um sorriso malicioso. O avental estava sujo de sangue e e eu rezei para que ele fosse mesmo um açougueiro. Mas havia alguém lá em cima com um pedido muito especial de 5 quilos de carne de Bia. A semelhança com qualquer filme de terror que eu tenha visto foi tão ridícula, que por um momento eu achei que o cara estava tentando fazer um filme. Daí eu lembrei que esses malucos acabam cometendo um homicídio ou dois e depois se arrependem de tudo e se matam ou morrem por uma de sua vítimas não mortas. Eu rezei outra vez para que ele já tivesse feito essa loucura antes, e eu seria a sortuda vítima que acabaria com a raça desse maluco, minhas mãos formigaram com a ideia.
-Olá.
Eu tente falar alguma coisa mas a fita na minha boca não deixava.
-Olha, você é bem diferente dos outros sabia? Não chora, não se assusta tão fácil... Demorou um pouquinho pra te achar e eu concordo que se você não tivesse gritado eu teria pego você numa boa.
Ele sorriu, esfregou as mãos e andou até mim.
-Quer que eu tire isso de você?
Eu olhei para o lado, se ele estivesse desarmado, levariam minutos para eu fugir dali. Ele estendeu a mão para o meu rosto e retirou a fita adesiva da minha boca. Doeu.
-Bem melhor não acha? Bem, eu tive de fazer isso, você é bem barulhenta sabia?
Eu tossi e depois olhei para cara dele.
-O que você quer comigo?
Ele sorriu.
-Eu? Eu poderia dizer que quero jogar um jogo, mas creio que você já jogue demais minha cara. Então apenas quero lhe fazer uma pergunta.
Eu o encarei, a fala de um dos meus filmes favoritos não me surpreendeu. Ele era maluco.
-Até onde você vai bancar a heroína e fingir salvar os seus amiguinhos do apocalipse zumbi?
Eu fiquei surpresa. Esse cara não era apenas maluco, ele era um sociopata completo! Ele estava nos seguindo desde Deus sabe quando, poderia saber qualquer coisa sobre qualquer um. E seria muito mais difícil de derruba-lo emocionalmente e fisicamente já que sociopatas não têm remorso e se divertem ao verem sua presa tentar escapar. Em outras palavras, eu estava ferrada.
-O que você quer comigo?
-Eu já disse, e você não me respondeu.
-Pra que isso te interessa?
Ele riu.
-Eu quero saber, como alguém consegue escapar do plano mais perfeito já bolado!
Eu fiquei quieta.
-Do quê você está falando,cara?
Ele suspirou e puxou uma cadeira para sentar na minha frente.
-Eu, eu criei esse apocalipse menina, é tão difícil de entender? Veja, todos os jogos, tem imperfeições tão bestas e tão fúteis! Eles só se importam com níveis mais difíceis, armas poderosas Blablablá. Nenhum deles leva em conta que não se pode vencer um apocalipse zumbi! O que nos leva de volta a minha pergunta, quando você vai parar de bancar a heroína e tentar proteger seus amiguinhos do inevitável?
-Você é maluco...
-NÃO!
Ele gritou.
-Não sou maluco! Eu estou realizando o sonho de milhares de pessoas, as pessoas que se dizem boas o bastante para sobreviver á isso. A metade delas está morta, e a outra ainda vai morrer!
Ele começou a rir de um modo tão estranho e tão aterrorizante que eu tive que sussurrar.
- Você matou quase toda a população de São Paulo, só porque os jogos não era bons o bastante para você?
-Aí é que esta!- Ele sorriu- Não foi só São Paulo, há pessoas que pensam como eu, pessoas no mundo todo compraram o vírus de mim! E agora... Agora sim estamos num jogo muito mais realista! Não tem munição que aparece do nada, nem um velho que vende as coisas pra você! Não dá pra combinar armas só juntando duas coisas com fita adesiva, não tem nível de dificuldade, não tem vida que se recarrega, não dá pra pausar a hora que você quiser, nem salvar o jogo pra depois desligar.
-Você é doido! Os jogos são feitos para serem ganhos, isso aí é uma loucura!
-É o que você pensa! Há jogadores muito melhores do que eu por aí. E eles acabam de chegar!
Assim que ele disse isso, a porta se abriu e dela saíram dois meninos altos vestidos com roupas engraçadas e uma menina veio atrás batendo a porta e entrando com um sorriso bobo.
-Nossa competidora é essa daí?
O menino mais alto, que vestia um traje estranho, era como um macacão preto com listras vermelhas,tinha cotoveleiras e joelheiras, o cabelo dele era ruivo e a voz grossa.
A menina riu.
-Essa aí vai morrer bem rápido, olha só! Não tá nem inteira pra começar.
-Silêncio.
O homem falou e se virou para mim.
-Eu disse que poderia querer jogar um jogo. Seu desempenho com Caroline foi extraordinário! Nenhum desses vermes conseguiu fazer o que você fez...
Eles interromperam em queixas.
-Mas eu matei todos os soldados dela...
-Eu consegui sair de lá inteiro e com um pente de munições com todas as balas.
-Eu fugi de lá quando estava na casa...
-Quietos projetos de heróis! Suas ações foram boas, mas esta aqui...
Ele soltou a corrente da cadeira.
-Essa menina conseguiu matar Caroline!
Eles deram um passo para trás e depois se ajoelharam. O homem se voltou para mim.
-Eu sei que parece confuso, eu explicarei mais tarde. Agora preciso de uma resposta. Você vai continuar fingindo ajudar seus amigos, ou vai querer se tornar uma heroína de verdade, e provar que é boa o bastante para vencer esse apocalipse?
Eu pensei um pouco. O cara era maluco, confere. Tinha seguidores maníacos, confere. Eu estava presa, confere. O único modo de sair dali seria ganhando o jogo dele.
-Eu vou fazer um trato com você.
Ele me olhou.
-Se eu vencer esse seu jogo, você acaba com isso e me deixa voltar para os meus amigos, e enquanto eu estou aqui...
-Continue.
-Você vai me prometer que enquanto eu estiver aqui nada de mal vai acontecer com eles.
Ele balançou a cabeça duas vezes a soltou meus pulsos.
-Então você é a menina que ele falou tanto!
A menina que estava com o macacão rosa veio falar comigo, ela era loira, um pouco mais baixa que eu e tinha esse sorriso bobo mesmo.
-É, eu ainda não saquei o que tá rolando aqui.
O menino de vermelho colocou a mão no meu ombro.
-Vem, a gente te mostra.
Eles me ajudaram a levantar e o menino que estava com o macacão azul era moreno e tinha o olho claro também, ele me ajudou a levantar e depois se afastou, apenas observando.
-Meu nome é Ky.
-Ky?
-Isso, quando você recebe o colar, ele mostrou um colar de militar com as duas fichas, uma com K e a outra com um Y, você pode escolher seu nome, Ky foi o primeiro personagem que eu criei.
-Meu nome é Bloom, muito prazer.
-Meu nome é Blast.
E assim eles me levaram por corredores estreitos me mostrando o lugar.
-Ninguém aqui sabe o nome real do outro, somos jogadores, esses são nossos codinomes, e assim, quando você escolher o seu, você vai ser mandada para a ala da sua cor. Provavelmente você vai ficar na ala rosa com a Bloom, eles raramente misturam meninos com meninas, mas tem uma jogadora, ela não é de falar muito, acho que o codinome dela É Darkness Death, a gente chama ela e DD, é mais fácil. Ela é a única menina na ala azul.
-Espera, todos esses nomes parecem nomes de contas da Psn ou de jogos de computador, é assim que isso funciona?
-Quase isso, é que todos nós somos jogadores, do xbox live, da psn ou de jogos on-line, foi assim que nos conhecemos, ou quase.
Ky sorriu.
-Eu nunca tive uma conta em nenhum desses lugares, o que que eu vou fazer?
Eles pararam um pouco antes de me olharem de cima a baixo.
-Bom, antes que demos risada de você, vamos lamentar sua morte tá?
Eles começaram a rir. Eu segurei o que parecia ser a gola do macacão de Ky e cheguei muito perto de dar um soco nele.
-Calma! Espera aí! Estamos apenas brincando tá? Não precisa apelar para a violência...
Ele começou a se ajeitar enquanto Blast e Bloom continuavam dando risadinhas.
-Ah, então vamos ter que te ensinar tudo o que sabemos, as regras são todas baseadas em jogos on-line.
-Mas antes disso, você tem que ir pra enfermaria, esse ombro aí vai te tirar pelo menos três pontos de vida.
-Pontos de vida? Como assim?
-Depois a gente te explica, vai pra enfermaria e troca de roupa tá?
Eu reparei nas roupas que estava vestindo pela primeira vez. Eu estava de pijama, ou o que eu chamava de pijama. Uma regata colorida e um shorts de tecido fino, eles tinham razão. O ombro estava com uma cicatriz rosada e tinha a gaze quase solta do corte no braço direito. Fora o estado deplorável dos meus joelhos e da minha coxa. Ah sim, eu estava descalça. Eles me deixaram numa porta branca com um + vermelho. Eu entrei e lá dentro tinha duas macas, uma estava ocupada e a mesa no canto da sala também estava ocupada. A cena seguinte foi tão parecida com um anime que eu ví, que não pude deixar de dar uma risadinha antes de entrar completamente. A enfermeira se levantou e era uma coisa tão clichê! Ela estava com um uniforme todo apertadinho, o cabelo longo e loiro caindo até a cintura, o decote exagerado mostrava bem mais do que devia, ela fez uma pose de gente que esta pensando e me convidou a entrar.
-Ora! Você chegou bem mais cedo do que o esperado. Meu nome é Doutora.
-Serio?
-É.
-Coitada de você.
-Vamos dar uma olhada nesse seu corpinho, eles não vão apostar num jogador tão machucado...
-Apostar?
-Olha só isso! Você vai me dar muito trabalho em!
Ela apontou até a maca desocupada e eu me sentei.
-Vamos dar uma olhada nisso...
Ela virou meu braço quase do avesso, quando foi dar uma olhadinha no corte. Depois de alguns minutos me observando ela se levantou e foi até a mesa no canto da sala pegar alguma coisa. Eu olhei para a outra maca ocupada ao lado da minha. Nela, havia uma menina de cabelos negros cortados curtos e bem retos, ela estava dormindo eu acho.
-Oh! Essa é a DD, se machucou muito na última batalha. Está descansando para hoje a noite, a sua estréia!
-Minha estréia?
-Sim sim!
Ela voltou com um copinho e me mandou beber o líquido rosa que estava dentro.
-Ahn, você não tem uma versão disso aqui em pílulas não?
Ela observou o líquido por um instante.
-Não. Beba isso, é pra sua estréia.
Bom, já que o Doutor Sociopata Maluco da outra sala havia falado tanto assim de mim, ele não me mataria com um veneno cor de rosa. Eu bebi, o gosto era como sorvete de morango e depois de merengue, no final uma bala azedinha descia pela minha garganta.
-Qual o nome disso?
A Doutora levantou os olhos do meu braço e me encarou.
-Isso é remédio sua bobinha!
Eu nunca cheguei tão perto de estapear alguém que não fez absolutamente nada para mim.
-Sim, eu quero saber o nome do remédio.
-Ah. não tem!
Ela sorriu e foi se sentar em sua mesa. Eu me sentia pesada, quase como se estivesse morrendo de sono. Talvez antes da minha "estréia" dormir um pouquinho não me fizesse tão mal. Eu me deitei e tudo ficou escuro.
-Acorda estreante! Temos que escolher um nome pra você!
A menina. DD, me chacoalhava sem parar, eu queria dormir mais um pouco, ela parou e eu dormi por mais algum tempo até que alguém me jogou água.
-Ta maluca!
-Vamos estreante, temos que escolher seu nome. Eu sou Darkness Death, bem-vinda ao New Apocalypse.
[Continua....]
Eu estava andando, estava escuro e tinha alguma coisa errada, eu podia sentir. Um barulho, longe de mim, eu corria agora. Tropecei no alto da escada e caí sobre alguma coisa, uma mala. Eu podia sentir o sangue escorrendo da minha testa. Eu tinha que correr, mas minha perna doía e eu não fazia mais do que saltitar. Um trovão, eu vi a silhueta dele bem perto de mim, a faca ensanguentada sujando todo o chão. Ele iria me matar.
Eu acordei num grito. Não havia nada me perseguindo nem um maluco com uma faca cheia de sangue. Estava tremendo então fechei a janela. Um suspiro, baixo demais para que outra pessoa se não eu pudesse perceber. Eu me virei devagar e olhei ao redor do quarto. Vazio. Nem uma silhueta maligna me observando. Mas porque eu me sentia observada. Fui até o banheiro e acendi a luz, quando olhei no espelho havia algo atrás de mim. Antes que eu pudesse gritar, a pessoa cobriu meu rosto com as mãos e me arrastou para longe, para longe do quarto, longe dos meus amigos. Ele desceu comigo ainda esperneando e tentando me soltar mas já estava passando pela porta quando consegui morder a mão da pessoa e gritar por socorro. Ninguém ouviu, eu acho. Pelos próximos dois minutos ele tentou colocar um pano sobre a minha boca e eu continuava gritando. Ele me arrastou para fora, tentei agarrar alguma coisa mas ele era forte demais. A lua iluminou o rosto do meu agressor. Era um homem, não daria nem 32 anos, tinha uma barba mal feita e estava de calça jeans e moletom. Ele me puxou e continuou me arrastando pela terra e pela grama até meus joelhos sangrarem. Ele me levantou com muita facilidade e me colocou na van branca estacionada na frente do portão.
Eu devo ter dormido, ou batido a cabeça em alguma coisa. Estava com as mãos amarradas, a boca tampada com algo e a cabeça apoiada em uma das paredes da van. Assim que consegui levantar a cabeça encontrei o olhar do homem que havia me sequestrado. Ele me observou por alguns segundos e fez uma curva fechada para a esquerda me jogando do outro lado da van.
Meu pescoço doía, doía demais. Assim como meus pulsos e minha testa. Fora isso, eu estava apenas amarrada a uma cadeira numa sala escura com uma lâmpada acima de mim. Eu olhei em volta a sala era pequena, havia a cadeira que eu estava amarrada, uma mesa com algumas coisas em cima e uma porta. Eu tentei fazer qualquer coisa pra chegar naquela porta mas havia uma corrente prendendo a cadeira ao chão. Não demorou muito até o sequestrador chegar pela porta com um avental de açougueiro e um sorriso malicioso. O avental estava sujo de sangue e e eu rezei para que ele fosse mesmo um açougueiro. Mas havia alguém lá em cima com um pedido muito especial de 5 quilos de carne de Bia. A semelhança com qualquer filme de terror que eu tenha visto foi tão ridícula, que por um momento eu achei que o cara estava tentando fazer um filme. Daí eu lembrei que esses malucos acabam cometendo um homicídio ou dois e depois se arrependem de tudo e se matam ou morrem por uma de sua vítimas não mortas. Eu rezei outra vez para que ele já tivesse feito essa loucura antes, e eu seria a sortuda vítima que acabaria com a raça desse maluco, minhas mãos formigaram com a ideia.
-Olá.
Eu tente falar alguma coisa mas a fita na minha boca não deixava.
-Olha, você é bem diferente dos outros sabia? Não chora, não se assusta tão fácil... Demorou um pouquinho pra te achar e eu concordo que se você não tivesse gritado eu teria pego você numa boa.
Ele sorriu, esfregou as mãos e andou até mim.
-Quer que eu tire isso de você?
Eu olhei para o lado, se ele estivesse desarmado, levariam minutos para eu fugir dali. Ele estendeu a mão para o meu rosto e retirou a fita adesiva da minha boca. Doeu.
-Bem melhor não acha? Bem, eu tive de fazer isso, você é bem barulhenta sabia?
Eu tossi e depois olhei para cara dele.
-O que você quer comigo?
Ele sorriu.
-Eu? Eu poderia dizer que quero jogar um jogo, mas creio que você já jogue demais minha cara. Então apenas quero lhe fazer uma pergunta.
Eu o encarei, a fala de um dos meus filmes favoritos não me surpreendeu. Ele era maluco.
-Até onde você vai bancar a heroína e fingir salvar os seus amiguinhos do apocalipse zumbi?
Eu fiquei surpresa. Esse cara não era apenas maluco, ele era um sociopata completo! Ele estava nos seguindo desde Deus sabe quando, poderia saber qualquer coisa sobre qualquer um. E seria muito mais difícil de derruba-lo emocionalmente e fisicamente já que sociopatas não têm remorso e se divertem ao verem sua presa tentar escapar. Em outras palavras, eu estava ferrada.
-O que você quer comigo?
-Eu já disse, e você não me respondeu.
-Pra que isso te interessa?
Ele riu.
-Eu quero saber, como alguém consegue escapar do plano mais perfeito já bolado!
Eu fiquei quieta.
-Do quê você está falando,cara?
Ele suspirou e puxou uma cadeira para sentar na minha frente.
-Eu, eu criei esse apocalipse menina, é tão difícil de entender? Veja, todos os jogos, tem imperfeições tão bestas e tão fúteis! Eles só se importam com níveis mais difíceis, armas poderosas Blablablá. Nenhum deles leva em conta que não se pode vencer um apocalipse zumbi! O que nos leva de volta a minha pergunta, quando você vai parar de bancar a heroína e tentar proteger seus amiguinhos do inevitável?
-Você é maluco...
-NÃO!
Ele gritou.
-Não sou maluco! Eu estou realizando o sonho de milhares de pessoas, as pessoas que se dizem boas o bastante para sobreviver á isso. A metade delas está morta, e a outra ainda vai morrer!
Ele começou a rir de um modo tão estranho e tão aterrorizante que eu tive que sussurrar.
- Você matou quase toda a população de São Paulo, só porque os jogos não era bons o bastante para você?
-Aí é que esta!- Ele sorriu- Não foi só São Paulo, há pessoas que pensam como eu, pessoas no mundo todo compraram o vírus de mim! E agora... Agora sim estamos num jogo muito mais realista! Não tem munição que aparece do nada, nem um velho que vende as coisas pra você! Não dá pra combinar armas só juntando duas coisas com fita adesiva, não tem nível de dificuldade, não tem vida que se recarrega, não dá pra pausar a hora que você quiser, nem salvar o jogo pra depois desligar.
-Você é doido! Os jogos são feitos para serem ganhos, isso aí é uma loucura!
-É o que você pensa! Há jogadores muito melhores do que eu por aí. E eles acabam de chegar!
Assim que ele disse isso, a porta se abriu e dela saíram dois meninos altos vestidos com roupas engraçadas e uma menina veio atrás batendo a porta e entrando com um sorriso bobo.
-Nossa competidora é essa daí?
O menino mais alto, que vestia um traje estranho, era como um macacão preto com listras vermelhas,tinha cotoveleiras e joelheiras, o cabelo dele era ruivo e a voz grossa.
A menina riu.
-Essa aí vai morrer bem rápido, olha só! Não tá nem inteira pra começar.
-Silêncio.
O homem falou e se virou para mim.
-Eu disse que poderia querer jogar um jogo. Seu desempenho com Caroline foi extraordinário! Nenhum desses vermes conseguiu fazer o que você fez...
Eles interromperam em queixas.
-Mas eu matei todos os soldados dela...
-Eu consegui sair de lá inteiro e com um pente de munições com todas as balas.
-Eu fugi de lá quando estava na casa...
-Quietos projetos de heróis! Suas ações foram boas, mas esta aqui...
Ele soltou a corrente da cadeira.
-Essa menina conseguiu matar Caroline!
Eles deram um passo para trás e depois se ajoelharam. O homem se voltou para mim.
-Eu sei que parece confuso, eu explicarei mais tarde. Agora preciso de uma resposta. Você vai continuar fingindo ajudar seus amigos, ou vai querer se tornar uma heroína de verdade, e provar que é boa o bastante para vencer esse apocalipse?
Eu pensei um pouco. O cara era maluco, confere. Tinha seguidores maníacos, confere. Eu estava presa, confere. O único modo de sair dali seria ganhando o jogo dele.
-Eu vou fazer um trato com você.
Ele me olhou.
-Se eu vencer esse seu jogo, você acaba com isso e me deixa voltar para os meus amigos, e enquanto eu estou aqui...
-Continue.
-Você vai me prometer que enquanto eu estiver aqui nada de mal vai acontecer com eles.
Ele balançou a cabeça duas vezes a soltou meus pulsos.
-Então você é a menina que ele falou tanto!
A menina que estava com o macacão rosa veio falar comigo, ela era loira, um pouco mais baixa que eu e tinha esse sorriso bobo mesmo.
-É, eu ainda não saquei o que tá rolando aqui.
O menino de vermelho colocou a mão no meu ombro.
-Vem, a gente te mostra.
Eles me ajudaram a levantar e o menino que estava com o macacão azul era moreno e tinha o olho claro também, ele me ajudou a levantar e depois se afastou, apenas observando.
-Meu nome é Ky.
-Ky?
-Isso, quando você recebe o colar, ele mostrou um colar de militar com as duas fichas, uma com K e a outra com um Y, você pode escolher seu nome, Ky foi o primeiro personagem que eu criei.
-Meu nome é Bloom, muito prazer.
-Meu nome é Blast.
E assim eles me levaram por corredores estreitos me mostrando o lugar.
-Ninguém aqui sabe o nome real do outro, somos jogadores, esses são nossos codinomes, e assim, quando você escolher o seu, você vai ser mandada para a ala da sua cor. Provavelmente você vai ficar na ala rosa com a Bloom, eles raramente misturam meninos com meninas, mas tem uma jogadora, ela não é de falar muito, acho que o codinome dela É Darkness Death, a gente chama ela e DD, é mais fácil. Ela é a única menina na ala azul.
-Espera, todos esses nomes parecem nomes de contas da Psn ou de jogos de computador, é assim que isso funciona?
-Quase isso, é que todos nós somos jogadores, do xbox live, da psn ou de jogos on-line, foi assim que nos conhecemos, ou quase.
Ky sorriu.
-Eu nunca tive uma conta em nenhum desses lugares, o que que eu vou fazer?
Eles pararam um pouco antes de me olharem de cima a baixo.
-Bom, antes que demos risada de você, vamos lamentar sua morte tá?
Eles começaram a rir. Eu segurei o que parecia ser a gola do macacão de Ky e cheguei muito perto de dar um soco nele.
-Calma! Espera aí! Estamos apenas brincando tá? Não precisa apelar para a violência...
Ele começou a se ajeitar enquanto Blast e Bloom continuavam dando risadinhas.
-Ah, então vamos ter que te ensinar tudo o que sabemos, as regras são todas baseadas em jogos on-line.
-Mas antes disso, você tem que ir pra enfermaria, esse ombro aí vai te tirar pelo menos três pontos de vida.
-Pontos de vida? Como assim?
-Depois a gente te explica, vai pra enfermaria e troca de roupa tá?
Eu reparei nas roupas que estava vestindo pela primeira vez. Eu estava de pijama, ou o que eu chamava de pijama. Uma regata colorida e um shorts de tecido fino, eles tinham razão. O ombro estava com uma cicatriz rosada e tinha a gaze quase solta do corte no braço direito. Fora o estado deplorável dos meus joelhos e da minha coxa. Ah sim, eu estava descalça. Eles me deixaram numa porta branca com um + vermelho. Eu entrei e lá dentro tinha duas macas, uma estava ocupada e a mesa no canto da sala também estava ocupada. A cena seguinte foi tão parecida com um anime que eu ví, que não pude deixar de dar uma risadinha antes de entrar completamente. A enfermeira se levantou e era uma coisa tão clichê! Ela estava com um uniforme todo apertadinho, o cabelo longo e loiro caindo até a cintura, o decote exagerado mostrava bem mais do que devia, ela fez uma pose de gente que esta pensando e me convidou a entrar.
-Ora! Você chegou bem mais cedo do que o esperado. Meu nome é Doutora.
-Serio?
-É.
-Coitada de você.
-Vamos dar uma olhada nesse seu corpinho, eles não vão apostar num jogador tão machucado...
-Apostar?
-Olha só isso! Você vai me dar muito trabalho em!
Ela apontou até a maca desocupada e eu me sentei.
-Vamos dar uma olhada nisso...
Ela virou meu braço quase do avesso, quando foi dar uma olhadinha no corte. Depois de alguns minutos me observando ela se levantou e foi até a mesa no canto da sala pegar alguma coisa. Eu olhei para a outra maca ocupada ao lado da minha. Nela, havia uma menina de cabelos negros cortados curtos e bem retos, ela estava dormindo eu acho.
-Oh! Essa é a DD, se machucou muito na última batalha. Está descansando para hoje a noite, a sua estréia!
-Minha estréia?
-Sim sim!
Ela voltou com um copinho e me mandou beber o líquido rosa que estava dentro.
-Ahn, você não tem uma versão disso aqui em pílulas não?
Ela observou o líquido por um instante.
-Não. Beba isso, é pra sua estréia.
Bom, já que o Doutor Sociopata Maluco da outra sala havia falado tanto assim de mim, ele não me mataria com um veneno cor de rosa. Eu bebi, o gosto era como sorvete de morango e depois de merengue, no final uma bala azedinha descia pela minha garganta.
-Qual o nome disso?
A Doutora levantou os olhos do meu braço e me encarou.
-Isso é remédio sua bobinha!
Eu nunca cheguei tão perto de estapear alguém que não fez absolutamente nada para mim.
-Sim, eu quero saber o nome do remédio.
-Ah. não tem!
Ela sorriu e foi se sentar em sua mesa. Eu me sentia pesada, quase como se estivesse morrendo de sono. Talvez antes da minha "estréia" dormir um pouquinho não me fizesse tão mal. Eu me deitei e tudo ficou escuro.
-Acorda estreante! Temos que escolher um nome pra você!
A menina. DD, me chacoalhava sem parar, eu queria dormir mais um pouco, ela parou e eu dormi por mais algum tempo até que alguém me jogou água.
-Ta maluca!
-Vamos estreante, temos que escolher seu nome. Eu sou Darkness Death, bem-vinda ao New Apocalypse.
[Continua....]
sexta-feira, 1 de junho de 2012
Relato sobre o assassinato de Bertioga.
Dia:18.04.1992
Relatória oficial: Detetive Gabriel Garcia.
Caso: 639, ilha de Bertioga.
Testemunhas: Vivianne Loureiro e Denis Fraga.
Relato 1.
Na sexta feira eu e meu marido chegamos ao hotel por volta do meio dia, garoava um pouco então cancelamos todos os outros passeios que planejamos. Pretendíamos passar dois dias e uma noite na pousada. Conversamos com a dona, Line Moreira, ela disse que o movimento estaria maior por causa da chuva, e do festival do peixe no outro lado da ilha, ela disse que deveríamos passar por lá qualquer hora. Depois da conversa eu e meu marido fomos guardar as coisas no nosso quarto,09, a camareira nos cumprimentou e nós entramos. Fomos jantar por volta das 19:00, vimos Line outra vez e ela nos reservou uma mesa com vista para o lago da pousada, estava chovendo muito, Line havia avisado que a energia poderia acabar se continuasse assim. Depois do jantar eu e meu marido subimos para o quarto e ele foi direto para a cama, eu desci para tomar um café com Line mas ela estava ocupada conversando com um homem todo encharcado de chapéu e sobretudo. Ele tinha 1,80, por volta de 30 anos e tinha uma barba espessa, depois do café eu subi eme deitei mas não consegui dormir por causa dos trovões. Eu fiquei no banheiro por que me senti enjoada e fui tomar alguns analgésicos. Aí a luz acabou, mas Line havia avisado então não me assustei muito. Foi quando eu ouvi gritos e tiros e tudo começou a ficar confuso e barulhento. Alguém abriu a porta do nosso quarto e eu ouvi três disparos, eu gritei e o homem da recepção abriu a porta do banheiro, ele disparou mas a arma estava sem balas e ele parou para recarregar, então eu corri e Ah meu Deus, ele veio atrás de mim berrando, eu cheguei na porta de um quarto e vi todo aquele sangue! Eu tentei correr para a escada mas ele me empurrou. É só disso que eu me lembro.
A vítima Vivianne Loureiro foi achada consciente atrás da mesa da recepção com uma faca de cozinha em mãos. Múltiplos hematoma na cabeça e nos braços confirmam a sua história.
Relato 2
Eu cheguei e já era noite. Estava sozinho, eu sou fotógrafo sabe, viajo muito. Achei aquela pousada em um jornal e meu amigo disse que era um lugarzinho muito legal para se visitar, com muitas paisagens. Deviam ser umas 22:00 da noite por aí. O lugar estava um caos, haviam muitos hóspedes, a chuva la fora também não ajudava. Não vi nenhum homem na recepção, só uma mulher loira de óculos. Acho que o nome dela era Elisa. Eu tinha feito a reserva do meu quarto uns dias antes pelo mesmo amigo que tinha me indicado o lugar, ela sorriu e me deu a chave do 07. Eu subi e deixei o equipamento no quarto, quando fui descer a luz havia acabado, as camareiras não estavam no andar então eu resolvi entrar de novo e tentar dormir. Eu escutei alguns gritos sim, mas tenho um problema no ouvido, não escuto muito bem. Achei que eram as crianças gritando por causa do escuro. Eu devo ter dormido pouco, acordei sozinho alguns minutos depois. Resolvi ir no banheiro molhar o rosto, eu ouvi alguma coisa, mas como disse, meus ouvidos não são muito bons. Eu saí do quarto sem motivo aparente e vi um homem entrando num quarto, os relâmpagos davam alguns segundos de iluminação, eu ignorei e fui descer, o homem me seguiu, tinha algo em mãos. Ele começou a correr atrás de mim e eu a correr dele. Ele disparou duas ou três vezes antes de desistir e abrir a porta de um quarto qualquer. Um dos disparos havia acertado meu ombro como vocês vêem. Eu corri e me escondi na cozinha tentando achar algum telefone pelo caminho mas fiquei com medo do homem não estar sozinho. Não me lembro bem, ele estava de chapéu e sobretudo. Sem luz eu não vi o rosto dele.
A outra vítima Denis Freitas foi achado de fato na cozinha, com o ferimento á bala no ombro esquerdo, o que possivelmente confirma sua história.
Estimativa de vítimas: 48
. Elise Linean Moreira, 44 anos
.Fernando Luz, 45 anos
.Joana Silva, 32 anos
.Luisa Kler, 7 anos
.Adalberto Matias, 52 anos
.Adolfo Marques, 42 anos
.Agnês Faria, 22 anos
.Alessandro Dias Costa, 28 anos
.Julia Anna Costa, 8 anos
.Andressa Costa, 28 anos
.Camilo Magalhães, 57 anos
.Diana Magalhães, 56 anos
.Carlos Martins, 30 anos
.Luis Vergner, 28 anos
. Caroline Vergner, 2 anos
. Anna Marie Vergner, 26 anos
. Dante Chiara, 20 anos
.Cristiano Frade, 45 anos
.Constante Cinzia, 64 anos
.Damiano Lenn, 20 anos
.Edgar Raimundo, 18 anos
.Fillipo Carlos, 13 anos
.Elena Carlos, 5 anos
.Francisco Carlos, 32 anos
.Gabriela Carlos, 32 anos
.Caetano Gomes, 40 anos
.Vercília Gomes, 40 anos
.Gian Battista, 22 anos
.Clara Battista, 22 anos
.Julie Battista, 10 anos
.Jorge Gottapo, 40 anos
.Gregori Guido, 26 anos
.Ireno Ivan, 61 anos
.Isabell Ivan, 44 anos
.Jorge Ivan, 62 anos
.Leonardo Dias, 32 anos
.Anabell Dias, 30 anos
.Lucas Lorenzo, 21 anos
.Luigi Lodovico, 33 anos
.Manuelle Marcel, 20 anos
.Marcio Mattias, 40 anos
.Ottavio Pasqualle, 20 anos
.Reinaldo Ponziano, 36 anos
.Renata Renzo, 24 anos
.Sandro Romero, 49 anos
.Vitor Santos, 37 anos
.Rosário Santos, 36 anos
.Valdomiro Reis, 67 anos
Dia: 15.09.1995
Relatório oficial: Detetive Gabriel Garcia
Caso 639, ilha de Bertioga.
Após três anos de busca pelo assassino serial que causou pânico na ilha de Bertioga, descobrimos o tal em uma casa de praia poucos quilômetros antes da balsa. O homem, que não alegou nada e nem resistiu a prisão foi denunciado por volta do meio dia de hoje. Na sua casa fora encontradas as armas do crime juntamente com pertences das vítimas. Ao todo foram cinco malas, algumas fotos, relógios e jóias. O assassino Pedro Dias Barros, 37 anos, foi preso por volta de 15:30 quando o próprio confessou o crime para o Delegado.
Dia: 20.09.1995
Relatório Oficial: Detetive Gabriel Garcia
Caso: 639, ilha de Bertioga.
Pedro Barros foi achado morto em sua cela, a vítima estava suspensa com um lençol num dos canos que passam pelas celas, o médico legista afirmou que ele teria morrido durante a noite e sua carta escrita á mão foi achada em um dos bolsos.
Relatória oficial: Detetive Gabriel Garcia.
Caso: 639, ilha de Bertioga.
Testemunhas: Vivianne Loureiro e Denis Fraga.
Relato 1.
Na sexta feira eu e meu marido chegamos ao hotel por volta do meio dia, garoava um pouco então cancelamos todos os outros passeios que planejamos. Pretendíamos passar dois dias e uma noite na pousada. Conversamos com a dona, Line Moreira, ela disse que o movimento estaria maior por causa da chuva, e do festival do peixe no outro lado da ilha, ela disse que deveríamos passar por lá qualquer hora. Depois da conversa eu e meu marido fomos guardar as coisas no nosso quarto,09, a camareira nos cumprimentou e nós entramos. Fomos jantar por volta das 19:00, vimos Line outra vez e ela nos reservou uma mesa com vista para o lago da pousada, estava chovendo muito, Line havia avisado que a energia poderia acabar se continuasse assim. Depois do jantar eu e meu marido subimos para o quarto e ele foi direto para a cama, eu desci para tomar um café com Line mas ela estava ocupada conversando com um homem todo encharcado de chapéu e sobretudo. Ele tinha 1,80, por volta de 30 anos e tinha uma barba espessa, depois do café eu subi eme deitei mas não consegui dormir por causa dos trovões. Eu fiquei no banheiro por que me senti enjoada e fui tomar alguns analgésicos. Aí a luz acabou, mas Line havia avisado então não me assustei muito. Foi quando eu ouvi gritos e tiros e tudo começou a ficar confuso e barulhento. Alguém abriu a porta do nosso quarto e eu ouvi três disparos, eu gritei e o homem da recepção abriu a porta do banheiro, ele disparou mas a arma estava sem balas e ele parou para recarregar, então eu corri e Ah meu Deus, ele veio atrás de mim berrando, eu cheguei na porta de um quarto e vi todo aquele sangue! Eu tentei correr para a escada mas ele me empurrou. É só disso que eu me lembro.
A vítima Vivianne Loureiro foi achada consciente atrás da mesa da recepção com uma faca de cozinha em mãos. Múltiplos hematoma na cabeça e nos braços confirmam a sua história.
Relato 2
Eu cheguei e já era noite. Estava sozinho, eu sou fotógrafo sabe, viajo muito. Achei aquela pousada em um jornal e meu amigo disse que era um lugarzinho muito legal para se visitar, com muitas paisagens. Deviam ser umas 22:00 da noite por aí. O lugar estava um caos, haviam muitos hóspedes, a chuva la fora também não ajudava. Não vi nenhum homem na recepção, só uma mulher loira de óculos. Acho que o nome dela era Elisa. Eu tinha feito a reserva do meu quarto uns dias antes pelo mesmo amigo que tinha me indicado o lugar, ela sorriu e me deu a chave do 07. Eu subi e deixei o equipamento no quarto, quando fui descer a luz havia acabado, as camareiras não estavam no andar então eu resolvi entrar de novo e tentar dormir. Eu escutei alguns gritos sim, mas tenho um problema no ouvido, não escuto muito bem. Achei que eram as crianças gritando por causa do escuro. Eu devo ter dormido pouco, acordei sozinho alguns minutos depois. Resolvi ir no banheiro molhar o rosto, eu ouvi alguma coisa, mas como disse, meus ouvidos não são muito bons. Eu saí do quarto sem motivo aparente e vi um homem entrando num quarto, os relâmpagos davam alguns segundos de iluminação, eu ignorei e fui descer, o homem me seguiu, tinha algo em mãos. Ele começou a correr atrás de mim e eu a correr dele. Ele disparou duas ou três vezes antes de desistir e abrir a porta de um quarto qualquer. Um dos disparos havia acertado meu ombro como vocês vêem. Eu corri e me escondi na cozinha tentando achar algum telefone pelo caminho mas fiquei com medo do homem não estar sozinho. Não me lembro bem, ele estava de chapéu e sobretudo. Sem luz eu não vi o rosto dele.
A outra vítima Denis Freitas foi achado de fato na cozinha, com o ferimento á bala no ombro esquerdo, o que possivelmente confirma sua história.
Estimativa de vítimas: 48
. Elise Linean Moreira, 44 anos
.Fernando Luz, 45 anos
.Joana Silva, 32 anos
.Luisa Kler, 7 anos
.Adalberto Matias, 52 anos
.Adolfo Marques, 42 anos
.Agnês Faria, 22 anos
.Alessandro Dias Costa, 28 anos
.Julia Anna Costa, 8 anos
.Andressa Costa, 28 anos
.Camilo Magalhães, 57 anos
.Diana Magalhães, 56 anos
.Carlos Martins, 30 anos
.Luis Vergner, 28 anos
. Caroline Vergner, 2 anos
. Anna Marie Vergner, 26 anos
. Dante Chiara, 20 anos
.Cristiano Frade, 45 anos
.Constante Cinzia, 64 anos
.Damiano Lenn, 20 anos
.Edgar Raimundo, 18 anos
.Fillipo Carlos, 13 anos
.Elena Carlos, 5 anos
.Francisco Carlos, 32 anos
.Gabriela Carlos, 32 anos
.Caetano Gomes, 40 anos
.Vercília Gomes, 40 anos
.Gian Battista, 22 anos
.Clara Battista, 22 anos
.Julie Battista, 10 anos
.Jorge Gottapo, 40 anos
.Gregori Guido, 26 anos
.Ireno Ivan, 61 anos
.Isabell Ivan, 44 anos
.Jorge Ivan, 62 anos
.Leonardo Dias, 32 anos
.Anabell Dias, 30 anos
.Lucas Lorenzo, 21 anos
.Luigi Lodovico, 33 anos
.Manuelle Marcel, 20 anos
.Marcio Mattias, 40 anos
.Ottavio Pasqualle, 20 anos
.Reinaldo Ponziano, 36 anos
.Renata Renzo, 24 anos
.Sandro Romero, 49 anos
.Vitor Santos, 37 anos
.Rosário Santos, 36 anos
.Valdomiro Reis, 67 anos
Dia: 15.09.1995
Relatório oficial: Detetive Gabriel Garcia
Caso 639, ilha de Bertioga.
Após três anos de busca pelo assassino serial que causou pânico na ilha de Bertioga, descobrimos o tal em uma casa de praia poucos quilômetros antes da balsa. O homem, que não alegou nada e nem resistiu a prisão foi denunciado por volta do meio dia de hoje. Na sua casa fora encontradas as armas do crime juntamente com pertences das vítimas. Ao todo foram cinco malas, algumas fotos, relógios e jóias. O assassino Pedro Dias Barros, 37 anos, foi preso por volta de 15:30 quando o próprio confessou o crime para o Delegado.
Dia: 20.09.1995
Relatório Oficial: Detetive Gabriel Garcia
Caso: 639, ilha de Bertioga.
Pedro Barros foi achado morto em sua cela, a vítima estava suspensa com um lençol num dos canos que passam pelas celas, o médico legista afirmou que ele teria morrido durante a noite e sua carta escrita á mão foi achada em um dos bolsos.
É fim. De uma vida bem vivida, de uma noite não esquecida e de um dia que
nunca vai acabar. Sim, eu, Pedro Dias Barros, torturei e matei 48 pessoas em uma pousada nesta ilha. Não me arrependo nem um pouco. Ainda escuto os gritos desesperados de minha vítimas. As preces não acabadas que eu suportei. E ainda digo, povo dessa ilha, que nem em mil anos haverá tal feito como o meu. Vocês ainda vão ver, que o que eu fiz nos trará orgulho, nos trará o sangue dos pecadores e assim, enfim, viveremos em paz. Eu gostaria apenas de dizer que foi meu fim, mas a polícia nunca pôde me pegar, você rodariam por décadas sem sinal meu, eu digo que ocorreram falhas, que eu espero, em mil anos, serem corrigidas.
Foi a carta de suicídio mais estranha que esse quartel já leu. Por volta das 14:00 desta tarde o corpo do assassino foi cremado e levado ao cemitério. Nenhuma família veio o procurar e o juiz juntamente com o delegado resolveram fechar o caso.
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