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quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Um novo começo Parte II

A viagem de volta não demorou muito. O carro estava pesado, mas ainda assim acelerava como um predador, rugindo pela estrada. É uma comparação estranha, eu sei, mas se comparavam carros com animais antes, porque não continuar com isso agora? Bom, eu só sei que depois de alguns minutos e algumas músicas que eu sabia as letras, chegamos onde estávamos parcialmente seguros e escondidos dos militares. -Eu acho que é melhor ficar um pouco atrás.
O Phe parou a Hilux alguns metros da barricada dos militares.
-Algum plano?
Tá, essa é uma pergunta idiota de se fazer para mim. Eu sempre tenho um plano. Ele pode ser idiota, infantil, irresponsável, ele pode não dar certo e ser totalmente inútil, mas ainda assim é um plano.
-Você está mesmo fazendo essa pergunta para mim Iara?
Ela sorriu.
-Tá, eu esqueci. O que vamos fazer?
-É o seguinte. Vai ser idiotice chegar lá com o carro, chamar toda a atenção para nós e nos ferrar completamente com aquelas armas. Então eu pensei o seguinte: Alguém fica no carro esperando um sinal para vir acelerando, tem que ser alguém que manobre muito bem em alta velocidade. Enquanto o carro fica aqui esperando, o "grupo tático" vai pelas árvores ali - eu apontei para a pequena floresta que cercava a rodovia- teremos o elemento surpresa e a arma. Só estaremos ferrados se o Phe for ficar no carro,porque eu nã tenho mira nenhuma, nem sei se o coice dessa arma vai me afetar tanto- Sim, eu sei que a arma dá um recuo depois do disparo, comumente chamado de coice- Não que eu duvide de alguma de vocês, mas acho que ninguém aqui tem medalha de tiro. Bom, é muito simples. Eu e as pessoas que quiserem vir comigo- Lancei um olhar significativo para a Pammy- vamos pelas árvores, chegamos bem perto dos militares e se a minha amiga puder nos ver, vamos voltar com ela pelas árvores sem chamar atenção e saímos muito rápido daqui. Caso contrário teremos que usar poder de fogo e o carro. Eu vou precisar do walkie-talk.
Primeiro eles tentaram discenir meu conflito interno de explicações das instruções do plano, depois eles pensaram consigo mesmos para ver o que era mais sensato.
-Eu vou contigo.
Lala foi a primeira a se resolver.
-Eu sou rápida e posso me esgueirar bem nas árvores, eles nunca vão ver.
-Eu fico no carro, só vou atrapalhar indo nas árvores.Não sou rápida, nem ágil, não me dou bem com a floresta e odeio andar. É melhor eu ficar aqui.
Tatz foi a segunda a me dar uma resposta, agradeço por ser a resposta certa, não que eu não goste que ela vá junto, mas o que ela disse é a pura verdade. Ela não corre, mal sai de casa e prefere aulas entediantes de matemática á uma partida de o que quer que seja na educação física. Sim, uma aula intediante por não correr em uma quadra.
-Eu vou com você.
Iara estava decidida, mas ela também não gosta muito de exercícios complicados como uma trilha ou uma partida de futsal.
-Eu vou.
Essa foi uma resposta que me surpreendeu. Logo depois de tudo o que ela disse sobre voltar para buscar meus amigos e tals Pamella estava se arriscando para salvá-los.
-Então eu vou ficar aqui né!
Não acho que o Phe ficou decepcionado e também não ficou muito alegre. Dependeríamos dele se o primeiro plano não desse certo.
-Tá, eu acho que vou precisar da arma. Lala, você consegue atirar?
Ela se assustou um pouco.
-A...Acho que sim.
-Não querendo pressionar muito mas eu gostaría que você atirasse para matar, nada de tiros no joelho ou no braço. Preferivelmente no peito ou na cabeça mesmo.
Eu sorri, claro que não pretendia, mas eu lembrei de um filme onde a mulher não conseguia atirar porque ficava soluçando. Era besteira claro, mas me pareceu divertido praticar tiros como naquele filme.
-Acho que lido com isso.
Saímos do carro em direção ao pedágio. Eu estava na frente, a Lala estava logo atrás de mim seguidos da Iara e da Pammy. Não estávamos muito distantes umas das outras, mas ainda assim parecia cena de filme de terror, só faltavam uma noite escura como breu, um assasino maluco nos perseguindo e uma trilha sonora de puro rock. Agora estávamos perto, a trilha não era muito longa e estava bem ao lado da rodovia, só que as árvores faziam um tipo de paredão verde e cheio de musgo. Um passo cauteloso para frente e eu ecsutei uma voz.
-Senhor, acho que temos um problema.
-Você ACHA soldado?
-Sim senhor. Acho que há um carro parado logo ali perto do pedágio senhor.
-Não existe achismo no exército soldado. Agora volte já para o seu posto.
Então ouvi passos ficando distantes.
-Vamos.
Eu sussurrei para as meninas. Mais alguns passos e eu já podia ver algo preto e grande que parecia com um carro. Depois de tantas noites acordada em frente ao computador com um brilho exagerado eu acabei perdendo um pouco da visão o que é irônico porque eu ainda consigo ver a companhia aérea de um avião que está no céu, mas não enchergo o texto da professora á algumas carteiras de mim.
Eu enviei uma mensagem, seria tolice aparecer ali no asfalto como alguém dizendo " Ah, oi, não se incomodem eu só vou ali buscar a minha a miga e já volto, e desculpa por aquela hora que eu fugi quando vocês queriam me matar tá?" Por favor, eu sou um pouco louca e infantil, mas isso seria muito idiota.
"Gordinha eu to aqui, vc consegue me ver? Não sai dai."
Eu enviei, graças a Deus ainda tínhamos sinal. Eu peguei o walkie-talk para informar o Phe.
-Phe?
-To aqui.
-Eu enviei uma mensagem pra minha amiga, fica de olho nos militares. Me avisa qualquer coisa.
-Pode deixar.
A resposta da Jamille veio assim que eu desliguei o walkie-talk.
"A gente tá dentro do carro, cade vc eu não to te vendo."
-Lala, tem algum espelho aí?
-Acho que sim, porque?
-Você já viu um programa onde o cara sobrevive as mais variadas coisas? Eu aprendi a fazer um sinal com um espelho.
-Tá não é preciso ver esse programa pra usar o reflexo do espelho.
Querendo ou não eu tive essa idéia do programa, mas a Lala e a Tatz jáforam em acampamentos, sabem as regras de sobrevivência e sabem como sobreviver na selva, eu não.
Assim que a Lala me entregou o espelho eu enviei uma mensagem pra Jamille ficar de olho nas árvores á esquerda dela. Usei o reflexo para atingir o carro e acho que funcionou, pena que não possa ficar muito tempo. Assim como eu vejo o reflexo, os militares também vêem, e isso não é nada bom. Mas funcionou, ela viu e me mandou uma mensagem.
" Eu te vi, e agr o que a gente faz?"
-Iara? Posso te pedir um favor?
Ela me olhou como quem diz" Tá brincando né!"
-Claro Bih!
-Vê pra mim onde os militares estão e se eles ainda estão de olho no carro. Por favor.
Ela se abaichou e chegou bem perto da rodovia, olhou para os lados e depois se levantou.
-Cara! Eles estão joganto cartas, no meio da estrada.
- Não tem nenhum olhando pra lá?
-Não. Eles nem desconfiam.
-Isso vai ser fácil.
Eu mandei outra mensagem.
"Pega as suas coisas e vem rápido pelas árvores. A gente se encontra aqui."
Eu fiquei de olho no carro, eles saíram por trás. Eles porque estavam a Jamille, e mais dois meninos que eu destingui como o meu amigo que a gente chama de Colírio e o Vinicius que é amigo dele e nosso também. Peguei o walkie-talk.
"Phe, se prepara eles estão vindo."
"Já to pronto."
"Que rápido, fica esperto."
Mais algum tempo e eu podia ouvir passos apressados e típicas reclamações da minha amiga.
-Cara isso aqui é horrível.
-Quer ajuda?
Esse era o colírio. Eu não pude evitar sorrir. Logo eu podia vê-los. A Jamille como sempre de shorts e regata, estava de tênis e tinha uma mochila nas costas. O colírio estava do lado dela de calça camisa e o boné. Atrás deles tinha alguém de capuz e calça jeans. Eu não consegui reconhecer.
-Tá todo mundo bem?
Eu estava sussurrando.
-Bia! Aí que bom que você está aqui...
Eu tive que tapar a boca dela porque ela estava falando muito alto.
-Deixa que a gente se cumprimenta depois, primeiro eu gostaría de sair daqui.
A gente voltou um pouco mais rápido, eu tropecei algumas vezes e aposto que meu cabelo deve estar cheio de folhas. O garoto que estava de capuz não falou nada desde que chegou, ele parecia estranho. Eu tinha certeza que não o conhecia, mas eu também não havia visto o rosto dele. Estávamos em fila, Lala, Iara, Jamille, Colirio, Eu e o menino estranho. A caminhada de volta foi um pouco mais demorada, ainda estávamos na floresta. Eu tropecei de novo e o menino passou por mim, eu achei grosseiro da parte dele, mas acho que isso só iria nos atrasar. Finalmente chegamos no carro, o Phe estava de costas para a bade militar. Eu esperei eles se acomodarem no carro e infelizmente o espaço que me sobrou foi na caçamba da Hilux, bem na frente do menino e rodeada por mochilas. Estava tudo quieto, até que o Phe ligou o carro e por algum motivo ele disparou o alarme, não demorou até ouvirmos os gritos dos militares.
-Quebra do perímetro!
-Abrir fogo!
O Phe estava acelerando, mas os militares tinham motos, e estavm quase perto demais de nós. Eu cometi o erro de ficar sentada, falando pra todo mundo se abaixar. Foi quando eu ouvi um disparo bem perto de nós, e tudo começou a ficar em câmera lenta. Como a cena principal de um filme de ação. Só que eu estava caindo sobre as mochilas, olhando o céu azul. O primeiro depois de semanas de chuva. Até aí eu não sentia a dor, mas era bem pior do que todos os machucados que eu já fiz, da vez que eu fiz a proesa de andar de skate e cair logo depois, quase perdi a perna naquele dia. Foi bem mais doloroso do que a minha mãe passando água oxigenada nos machucados. Eu ainda estava olhando pro céu, mas agora ele estava ficando escuro, eu podia ver sangue na minha camiseta favorita, eu podia sentir meu corpo se rendendo á dor. Quando meu tio descreveu como era levar um tiro, eu não imaginei que fosse assim, escuro e deprimente. Eu não tinha adormecido ou desmaiado mas provavelmente estava viajando. O céu escuro já não importava mais as malas que machucavam minhas costas eram irrelevantes, a dor no meu ombro já não era mais sentida. O menino de capuz estava muito perto de mim, segurando o meu pulso olhando para mim. E mesmo assim eu não via o seu rosto que estava encoberto pelas sombras. Eu não conseguia parar de pensar em quem era aquele garoto.

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