Certo, um ano e meio atrás eu estava super a fim da única garota que me colocou na linha. Anne e eu sempre fomos amigos, mais como inimigos do que amigos. Ela estava presa num bar na praia de Pitangueiras quando me ligou, eu estava tentando achar um jeito de salvar a minha própria pele daqueles zumbis. ZUMBIS! Quem diria?
De um tempo pra cá, andamos com o grupo dessa baixinha estranha chamada Bia, ela é super companheira, queria carregar todo mundo e acabou se metendo em muita confusão, mas salvou todo mundo.
-Como ela está?
Anne pergunta enquanto caminhamos pela trilha que leva até o campo estranho com Jiper Militares.
-Sinceramente, acho que ela está desistindo. A garota passou por muita coisa, lutou até onde pode e, honestamente, eu me sinto um pouco aliviado por ela, quer dizer, ela não vai mais sofrer.
Anne para de repente e me encara.
-Você se sente aliviado?
Ela pergunta me fuzilando com os olhos.
-Você é um idiota.
Ela diz e retoma o passo.
-O que eu fiz agora?
Eu resmungo e a sigo pela trilha.
Narração- Júlia Cortez.
-O que estão esperando? Vão arranjar alguma coisa pra fazer!
Eu grito e apoio os pés na mesa do escritório onde estou. Desde que aquela pirralha arruinou o campeonato do meu pai, tivemos que nos esconder aqui em baixo. Certo, não era ruim, eu tinha empregados que faziam o que eu mandava, tinha comida, e podia atirar num número razoável de zumbis. Era no mínimo, divertido.
Mas Jason estava tão obcecado em achar a garota que se esqueceu de mim, e da Lúcia, minha irmã mais nova que saiu pra um reconhecimento de uma cidade próxima, e não voltou até agora. Eu não estou surpresa, Lúcia é esperta e uma ótima mentirosa, mas Jason deveria estar preocupado, são suas filhas que estão em jogo, porra!
Ele entra acompanhado de duas secretárias.
-Eu preciso disso pronto até semana que vem!
Ele grita com uma das mulheres.
-Sim senhor.
Ela faz uma reverência e some nos corredores brancos.
-O que essa garota tem de mais afinal!
Eu digo irritada, estou abrindo e fechando um canivete, impaciente com a demora.
-Ela é especial.
Jason diz com um sorriso no rosto.
-Mas o que ela tem de especial?
Pergunto, tirando os pés da mesa.
-Ela não...
Ele é cortado pela secretária inútil que trabalha aqui em baixo.
-Senhor, há um código seis no perímetro.
Ela diz e mostra a prancheta eletrônica que contém os vídeos da segurança.
-Ótimo.Temos visitantes. Júlia, cuide disso pra mim, sim?Eu suspiro e caminho em direção á entrada do laboratório, se ao menos esses adolescentes se escondessem em outro lugar.
Eu passo na sala de armamentos e pego algumas armas e munição, não preciso de reforços, eu trabalho sozinha. Espero até que o elevador chegue á seu último nível, a claridade não me incomoda. Eu caminho para fora do círculo de terra que é o elevador. Caminho um pouco até avistar as duas figuras desprezíveis que se esconderam na floresta.
-Eu consigo vê-los. Idiotas!
Eu grito com a arma em punho. Eles não se mechem. Ótimo, vou até eles.
Narração- PET.
Stand By. Stand By. Stand By. Stand By.
Iniciando operação. Alterando dados. Recuperando a memória. Última entrada- 23-12-12.
Bia! Ela estava em apuros! Ai Deus! Eu a deixei, como eu pude deixá-la? Porque ela não me reiniciou? Espera, quem é essa garota que está me encarando? Ah é! Ela não me conhece ainda!
-Saudações, meu nome é PET, sou o Programa de Evolução Técnica. Estou destinada á jogadora de nome Ghost.
A garota me encara, eu pisco e clareio a mente.
-Onde está a Bia?
Ela pisca com a minha pergunta, ainda não acreditando.
-O-Oque é você?
-Sou um programa de computador, estou destinada á Bia, escolhi ajudá-la a escapar da ira sem razão de meu Criador.
Ela pisca e olha para além de mim. Para o corpo inerte de Bia.
-Oh Deus! O que aconteceu?
Eu me coloco ao lado do corpo, analisando rapidamente os danos. Há uma atividade cerebral muito pequena, não há danos físicos graves além de pequenos cortes e hematomas.
-Parada Cardio-Respiratória. Ela ficou morta por pelo menos, três minutos.
-Isso é preocupante, pode trazer sequelas muito sérias.
-Eu sei.
Ela responde e volta a olhar o corpo.
-Ela vai... Sobreviver?
Eu pergunto, pela primeira vez, insegura.
-Eu não sei, estou considerando a opção de ela estar desistindo sem perceber, ela sofreu demais sabe...
As palavras morrem e a garota sai da sala para atender um walkie-talk.
Narração- Larissa Beulke.
-La...La! Es...Me...Vindo?
As palavras saem cortadas e muito baixas, eu saio da delegacia pra ver se tem mais sinal.
-Gabe?
Eu digo mas ele não responde. Há um tempo de estática e eu posso ouvir um "Corra!" Antes do chiado começar.
-Mais alto!
Ouço alguém dizer para os meninos enquanto tentam erguer a lona da barraca.
-Não há tempo a tempestade está vindo.
-Temos que entrar!
-Andem!
Estou quase entrando no abrigo quando percebo que Gabe não está ali.
-Alguém viu o Gabe?
-Não. Ele deve estar lá dentro.
Lucas diz, ele estava tão irritante depois que salvamos a Bia, não entendia nada daquilo.
-Vou procurar por ele.
Eu grito em meio aos ventos, a tempestade está mais próxima do que imaginávamos.
-É suicídio!
Ele grita mas eu já estou longe. Onde diabos aquele garoto se meteu? Estou olhando para o chão e cobrindo o rosto por causa do vento. Trombo em alguém.
-Aí está você!
Eu digo puxando seu braço mas ele não vem.
-Gabe?
-Temos que sair daqui.
Estava prestes a perguntar o porquê quando vejo um bando de mais ou menos vinte zumbis vindo em nossa direção. Meu olhar se volta para Anne que vem correndo em nossa direção.
-Não estamos salvos!
Ela grita e passa por nós.
Estou os seguindo para tirar todo mundo daqui, quando vejo uma garota, muito parecida com a Bia, andando em nossa direção.
Estamos perdidos.
Corro tentando reunir o máximo de pessoas para lutar, agarro a mão de Phe antes que ele pergunte alguma coisa, coloco um revólver em sua mão e corro para avisar os outros.
-Isso é loucura!
Lucas diz enquanto o caos nos controla.
-Cala a boca e ajuda seu moleque!
Eu grito e corro até Anne para tentar deter os zumbis que se aproximam. Como que queria que a Bia acordasse.
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