Eu acordei com a luz fraca do amanhecer e um vento gelado que entrava pela porta, eu estava sozinha na delegacia. Eu olhei para a tomada onde PET estava carregando e a luz do botão interno piscava num incessante verde. Eu retirei o colar da tomada e coloquei no pescoço, saí da delegacia para uma manhã nublada e com garoa na cidade. Não vi a moto do garoto e sinceramente, não queria vê-lo tão cedo. Enquanto planejávamos como eu iria resgatar meus amigos, ele dizia que era difícil, que seriam muitos seguranças contra ele, que ele não conseguiria e não queria de jeito nenhum levar um tiro. Irritante. Eu dei uma volta pela cidade, enquanto andava por uma rua cheia de lojas, um letrei parcialmente iluminado me chamou a atenção. Era uma loja de artigos em couro. Eu sempre quis uma blusa de couro igual a da Taylor Momsen, eu entrei rapidamente, sabia que a cidade estaria limpa, pelo menos Lucas sabia fazer isso. Depois de procurar, achei uma jaqueta aceitável, que serviu perfeitamente. Havia um espelho na loja, eu me olhei atentamente. Estava mais alta, isso era notável, meu cabelo também estava mais comprido e mais rebelde, eu passei a mão nos fios que não queriam ficar no lugar, olhei para as minhas mãos e as unhas estavam fortes e compridas, fiquei surpresa ao ver que eram bem mais bonitas assim do que roídas e quebradas. Eu me aproximei para olhar meu rosto, haviam mais algumas sardas no meu nariz, o rosto estava de certa forma, diferente, com traços mais adultos e isso me fez pensar se toda a experiência não me fez crescer mais. Eu sempre fui a mais madura do meu grupo de amigas, sempre observei os possíveis resultados antes de tomar alguma decisão. Até eu estar com raiva, quando eu estava irritada fazia tudo sem pensar, estava pouco me fodendo para as consequências e quem estivesse no meu caminho com certeza era levado junto. Eu cresci sim. Apesar de ter perdido a cabeça por um tempo, apesar de ser alvo de um psicopata maluco, apesar de ter matado metade dos meus amigos. Eu cresci.
-Porque está chorando?
A voz do garoto me deu um susto, estava bem atrás de mim.
-Ei, calma. Tá tudo bem.
Ele disse e me abraçou mas eu desviei.
-Desculpa, eu só não...- Percebi que haviam lágrimas caindo pelo meu rosto então as enxuguei rapidamente e caminhei até a porta.- Vamos, eu vou tirá-los de lá.
O garoto me acompanhou até a delegacia, estávamos carregando as armas, eu estava com três pistolas e uma metralhadora que o garoto achou no observatório, o que foi muito útil, porque tínhamos vários pentes de munição daquela coisa.
-Tudo pronto?
Eu perguntei enquanto subia no Jipe.
-Sim. Ah propósito, qual o seu nome?
Ele perguntou sorrindo.
-Não ouviu os outros falando? Me chamo Bia.
Eu disse e fechei a porta, ele continuava parado.
-Pedro.
Ele disse, virou as costas e caminhou até sua moto. Ao ouvir o nome dele meu coração apertou, não havia pensado em como esse garoto era parecido com ele, com Blast. Ignorei o que sentia e liguei o Jipe e dirigi pela estrada, vendo Pedro em sua moto pelo retrovisor o caminho todo. Claro que seria sútil demais entrar pelo elevador, mas infelizmente era a única entrada que eu conhecia, então iria entrar atirando em todo mundo. O caminho de volta foi mais rápido, a trilha dos pneus estava bem marcada na terra e não demorou muito para que eu estivesse no círculo de terra. Vasculhei a bolsa rapidamente e a coloquei no ombro, com o objeto que eu queria em mãos e a metralhadora pendurada pela bandoleira, eu estava pronta para aqueles desgraçados.
Lancei um olhar significativo para Pedro antes de me esconder atrás do carro, eles iriam ficar muito confusos.
Como esperado, o elevador chegou ao seu destino e eu pude observar vários passos cautelosos chegando mais perto, quando perdi a conta de pares de pés eu puxei o pino da granada de gás lacrimogêneo com a boca e a lancei por cima do carro. O barulhinho ficou mais constante e alguns gritos vieram tarde demais, o salão todo estava coberto por uma fumaça que irritava os olhos. Eu puxei a blusa para cobrir o meu nariz e corri o mais rápido que pude antes que a fumaça se dissipasse. Alguns funcionários me viram e ao invés de atirar neles, eu batia com a coronha da arma para que eles desmaiassem. Corri sem rumo para fora do salão e ouvi o alarme soar outra vez. Eu não tinha tempo, não sabia onde eles estavam e Pedro não estava mais comigo. Droga.
Ouvi passos e gritos de homens á minha direita, respirei fundo e saí de trás da parede, atirando. Certo, quase caí no chão com a força dos tiros e a maioria não acertou os oito soldados armados que estavam na minha frente. Assim que eles se levantaram do chão eu corri até eles, fazendo-os ficarem lá. Não ia adiantar, eu sei, mas precisava ganhar tempo. Eu estava correndo na direção em que os soldados vieram, seria muito provável que eu encontrasse mais deles. Fui virar para a esquerda e lá estavam, mais três, armados até os dentes e quando me viram, correram atrás de mim. Ainda fugindo deles, coloquei a mão na bolsa que estava atravessada no meu corpo procurando um cilindro pequeno. Assim que achei, puxei o pino com a boca e lancei a granada para trás, era outra de gás lacrimogênio, iria atrasá-los. Continuei corrento até meus pulmões estarem em brasa, estava envolta em fumaça e corria cegamente sem poder respirar direito. Alguns metros a minha frente havia uma pesada porta de concreto entreaberta, sem pensar duas vezes, eu entrei e me tranquei lá dentro. Estava tossindo e chorando por causa do gás quando uma voz robótica do tipo" Avast " Me dava as Boas-Vindas. Estranhei tudo aquilo, dei um passo á frente e uma luz se ascendeu no chão, iluminando uma longa passarela. Continuei andando, e a cada vez que fazia isso uma luz ao meu lado revelava uma vitrine.
-Não pode ser...
Continuei andando até ver o primeiro corpo. Uma menina franzina, estava encolhida no canto da cela de vidro, eu me aproximei para olhar melhor e quando a menina olhou para mim, dei dois passos para trás. Não acreditando no que estava vendo. Era DD. Darkness Death me encarou e um sorriso malicioso se formou em seus lábios rachados. Ou eu estava louca, ou ela era duas vezes pior do que eu. Eu andei para trás até minhas costas baterem em outra vitrine. Ky estava com a mão no vidro, um olho roxo e um corte na boca, mas me olhava de um modo que quebrava meu coração. Andando mais á frente ví os garotos e garotas das outras equipes, todos vestidos com os mesmo trapos velhos, alguns estavam bastante machucados, outros bastante magros e desidratados. Bloom encarava o corte profundo no seu antebraço quando passei por ela,seus olhos encontraram os meus por um segundo antes dela voltar a encarar o braço. Eu comecei a me sentir mal, podia ouvir meus batimentos cardíacos, minha visão estava turva e escura, mas não me permiti desmaiar. Não aqui, não agora. Continuei andando sabendo o que encontraria a seguir. Com passos cautelosos, percebi que estava mancando um pouco, não sentia dor e tampouco teria percebido se não estivesse olhando para frente. Eu havia levado um tiro, outro para ser mais exata, na coxa. Não estava doendo, mas eu estava perdendo sangue. Muito sangue. E não sabia desde quando, o que poderia ser fatal. Assim que vi o sangue comecei a passar mal de verdade. Minha cabeça latejava e eu sentia ânsia de vômito. Nada legal. Me forcei a olhar para frente e meu sonho era realidade. Vinnicius me encarava com os olhos vermelhos de um lado, ele estava com a camiseta preta, a cabeça com um curativo e um sorriso malicioso nos lábios. Olhei vagarosamente para o outro lado, me apoiando em uma das vitrines, para não vomitar. Blast estava ali, com os cabelos negros desgrenhados, uma jaqueta de couro e botas de motoqueiro. Eu perco todo o ar que me resta. Como eles o capturaram? Ele estava bem do meu lado! Eu escuto um riso.
-Confusa, amor?
-Calado!
Eu grito para Vinnicius, ele está rindo, ainda de braços cruzados.
-Deixe-me explicar, tudo o que você sabe, está errado.
-Você não morre nunca?
Eu digo irritada, sentindo uma súbita vontade de colocar tudo o que comi na vida, para fora. Lágrimas caem sem meu consentimento e eu sinto minha cabeça ficar mais pesada. ouço gritos do lado de fora, ouço a voz irritada de Doutor Sociopata, há um clarão atrás de mim, viro a cabeça e tudo gira. Ele me achou. Vinnicius sorri enquanto ele se aproxima, acompanhado de quatro seguranças.
E então, não há mais nada, além da escuridão.
Fiquei preso a narrativa, pois estava interessante até que percebi que a historia não se desenvolvia numa sequência muito lógica...mas tbm notei um quê de suspense e relatos próprios dos teens...o que é bem inteligente e dá com alguns " consertos de construções lexicais e desenvolvimento dos relatos feitos" com certeza há possibilidades reais de estar a surgir uma futura escritora brilhante...aposte e exercite mais e mais...pois, escrever, é um ato muitas vezes de solidão e sofreguidão...mas que a recompensa chega sempre no tempo certo. parabéns!!!
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