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sexta-feira, 6 de julho de 2012

Perto Do Fim.

Eu não sabia o que fazer direito. Blast continuava me beijando e eu, bom, eu estava em pânico. Quando uma coisa dessas acontece é normal você ficar sem reação. Eu só estava, confusa na verdade, como? Porque? Minha cabeça rodava com tantas coisas que passavam por ela e, num minuto tudo acabou. Assim que ele se afastou pude perceber o que eu sentia. Incredulidade, na certa. Porque diabos ele e beijou? O que ele tinha na cabeça? Porque ele esta sorrindo desse jeito? Eu me virei e corri, corri o mais rápido que pude para longe dele. Entrei na minha barraca e deitei no saco de dormir, desejando apagar o mais rápido possível. Mas parece que eu ficava apenas me remexendo ali. A cena não saia da minha cabeça, o que aquele menino estava pensando, agindo daquele jeito? Eu fui adormecendo, e aos poucos não me lembrava de nada.
Eu estava na floresta, correndo de algo que me perseguia, na minha mão esquerda uma faca ensanguentada, na direita, um colar militar com o nome Blast gravado. Eu corria tanto que meu peito ardia em fogo, não podia parar. Não podia. Alguém me derrubou, caí de cara na terra e por pouco não bato a cabeça em uma pedra, eu grito por socorro mas a pessoa tapa minha boca. É o fim. A pessoa me vira, mas está escuro demais para vê-la, ela tira de minhas mãos machucadas a faca ensanguentada e sorri por um minuto.
-Parece que você não foi uma boa menina.
A voz masculina diz em reprovação.
Eu esperneio, me remexo toda mas ele está sobre mim, segurando meus pulsos. Eu sei que ele está armado, posso ver a silhueta da adaga em sua cintura. Ele vai me matar porque eu fugi.
-Vamos acabar com isso sim?
As nuvens desaparecem e posso ver o rosto do Doutor Sociopata. Ele retira a adaga do cinto e a ergue de forma dramática, eu fecho os olhos.
-Uma pena eu ter que matar minha melhor jogadora.
Eu posso sentir o esforço que ele faz para não abaixar a faca na minha direção, posso quase ver onde ele quer me acertar.
-Pare com isso.
Outra voz aparece e eu sou obrigada a tentar olhar, mas o Doutor é maior do que eu e não posso ver mais do que uma sombra. O Doutor se levanta, eu observo meu pulso direito onde o colar está amarado. Blast está em pé, atrás do Doutor.
-Ora, vejo que também conseguiu achá-la.
-Sim.
-Então deixe-me terminar, você sabe as regras.
Eu estava olhando para ele, mas ele olhava para o Doutor.
-Deixe que eu faço.
Eu arquejo, ele não poderia.
-Ora ora, que corajoso de sua parte!
Doutor lhe entrega a adaga mas eu estou cansada demais para tentar fugir enquanto isso acontece.
-Levanta.
Ele não olha para mim, está com muita raiva. Eu também estou, confiei nele e ele está prestes a me matar. Eu me levanto, estou mais cansada do que aparento. Minha cabeça está tão cheia que seria melhor que Blast me matasse, assim eu não precisaria me preocupar. Eu o olho, ele apenas sorri.
-Foi bom jogar com você.
Blast estende a mão, mas eu apenas desamarro seu colar. Eu o estendo e deixo o colar em sua mão.
-Obrigado por devolver, sem ele não poderia ganhar o troféu.
Eu estou quieta, ele não merece ouvir o que eu quero falar. Alguém grita meu nome, eu olho em volta mas estão muito longe.
-Ande logo, eles estão chegando.
Blast pensa por um minuto e eu quero muito que ele acabe com isso, não quero que eles me vejam morrer. Eles não iriam suportar.
-Me mate de uma vez!
Eu grito, mas me arrependo porque ouço uma voz familiar. "Por aqui!" Blast sorri e chega um pouco mais perto.
-Foi realmente uma honra, Bia.
E ele me esfaqueia, para acertar o coração, mas seu golpe não é tão preciso e eu caio de joelhos com a adaga cravada no peito. Dói. Dói tanto que lágrimas caem sem meu consentimento. Eles começam a rir. Minha visão escurece, eu estou sem foco. Caio de lado na terra fria, mas talvez eu é que esteja gelada. Blast e o Doutor saem andando no momento em que Lucas me vê. Meu cabelo está no meu rosto de modo que eu não consigo enxergá-lo. Mas sei que ele está ali. Ele grita, e me vira para que possa me olhar, meus olhos querem se fechar para o abismo eterno mas eu me forço a continuar olhando para ele. Lucas tira o meu cabelo do rosto enquanto sussurra alguma coisa.
-Me...Desculpe.
Ele me olha nos olhos mas meu tempo acabou, eu não aguento mais. Eu o vejo gritar pela última vez, e então tudo fica escuro.
Eu acordo sobressaltada com a mão onde a adaga deveria estar. Mas eu estou viva, por enquanto. Saio da barraca e me vejo ainda no amanhecer, não dormi tanto assim. Eu começo a andar e quando me dou conta estou no mesmo lugar do meu sonho. E é bem mais assustador do que no meu sonho. Eu ouço passos e fico alerta, talvez não devesse estar aqui. São passos cautelosos de um caçador, eu me escondo atrás de uma árvore. Alguém se aproxima.
-Eu acho que é aqui.
Eu conheço essa voz.
-Essa é a praia, eu tenho certeza.
Também conheço essa. Eu escuto por mais alguns segundos.
-Então ela esta por aqui, vamos em frente.
Eles estão aqui, eles me acharam. Eu saio de trás da árvore e fico a três passos de Lucas que me olha sem acreditar. Eles ficam em silêncio. Phe, Gabe e Lucas estão bem na minha frente. Eu corro na direção deles, abraço-os sem pensar. Eles me apertam forte e não me soltam por um bom tempo.
-Eu achei que nunca mais veria vocês.
Eles me soltam.
-Você achou mesmo que iríamos deixar você sumida?
-Não.
Eu sorrio e os abraço mais uma vez só pra ter certeza de que estão mesmo aqui.
-Então vamos.
Lucas pega minha mão e começa e e guiar para dentro da floresta. Eu quero ir, quero sair desse inferno mais do que tudo mas algo me impede.
-Eu não posso.
Eles me olham.
-Isso aqui é uma loucura, é um jogo doentio que não vai acabar, e eu não quero que continue.
-A gente sabe, mas isso podia ficar pra depois.
Gabe fala comigo mas estou convencida de que o Doutor vai me perseguir mais vezes, se eu não jogar o jogo dele.
-Eles vão me achar de novo, eles sabem que estão aqui. Vão continuar me trazendo até que eu jogue e ganhe.
Eles ficam quietos.
-Tem um cara, parece ser o dono disso aqui, ele quer que eu aceite o desafio, quer que eu jogue conforme suas regras, só assim ele vai me deixar ir.
Eles me olham por alguns instantes, Lucas pega o meu colar de identificação.
-O que isso quer dizer?
-Quer dizer que eu já estou aqui, e não posso fugir.
-Então o que a gente faz? Não vamos falar para os outros que te achamos e você quis ficar.
-Eu não quero ficar, eu só não quero voltar pra cá nunca mais. Eu tenho que saber o que está rolando aqui, e depois acabar com tudo.
-Quer saber? Então tá. Isso aqui é um jogo multibilionário com apostadores mundiais. O dono disso aqui foi quem criou o vírus, ele vendeu para representantes do mundo inteiro que espalharam a infecção. Novos jogadores são trazidos a cada semana até ter um total de 70 jogadores, e aí começa a batalha de cada equipe até sobrar um só representante que vai aceitar um desafio moldado só para essa pessoa. E o desafiante não tem como vencer.
-Como  vocês sabem disso?
-Entramos naquela cabana lá atrás, o cara deixou todos os arquivos abertos.
-Então eu já sei o que fazer. Mas não aqui, não agora, provavelmente os outros acordaram, vão vir me procurar. Me encontrem aqui, quando anoitecer. Pode ser que eu demore um pouco, mas continuem aqui.
-A gente não vai deixar você ficar.
-Vocês tem que deixar, ou isso nunca vai parar.
Eles me abraçam e eu volto para o acampamento. Tenho que bolar um plano, e tenho que falar com o Doutor. Eu corro para a praia, corro como se estivesse no sonho, em poucos minutos passo pela enfermaria e paro na sala onde recebi minha identificação. E abro a porta assustando o cara que esta ali.
-Preciso falar com...
O cara me olha, esperando.
-Com o homem que me trouxe até aqui.
-O nome dele é Jason, Jason Mueller. E ele está ocupado.
Eu bati as mãos na mesa dele.
-Eu vou falar com ele. Agora!
Ele se levantou.
-Então me acompanhe.
Ele me levou pelos corredores, parou na frente de uma porta. Ele bateu três vezes e eu contei oito batidas de coração até Jason (Doutor) abrir a porta. Ele estava com óculos de leitura, ficou surpreso com a minha presença mas logo me convidou a entrar.
-A que devo a honra de sua presença, Ghost.
Eu fui tão direta que ele deixou seus óculos cairem.
-Quero que você acabe com essa palhaçada. Eu quero sair daqui, quero que meus amigos sobrevivam, não quero ser perseguida até a morte ou acorrentada para não fugir. Eu quero que esse jogo acabe e eu quero que você de um fim nesse apocalipse todo.
Depois de se recompor ele riu.
- Você acha que é fácil assim?  Chegar aqui, exigir coisas impossíveis e ainda esperar um resultado vindo de mim? Eu não vou parar nada. Um vírus como esse já se alastrou até em ilhas desertas. Um jogo como esse custa milhões e milhões de dólares que eu não estou disposto a perder. Você é só uma peça. Facilmente substituível. Facilmente descartada.
Ele se sentou atrás de sua mesa, meticulosamente colocada no centro da sala. Eu era dinamite, e estava prestes a explodir. E ele não ia querer estar perto quando eu explodisse.
-Então eu aceito seu desafio, desde que minhas exigências sejam cumpridas.
Ele sorriu.
-Não é tão fácil quanto você imagina garota.
-Eu estou preparada.
Saí da sala dele com os pés batendo no chão e uma batida tão forte da porta que algumas pessoas olhavam para mim e abriam caminho pelos corredores.
Eu estava de volta no acampamento, estava com tanta raiva que chutei o portão para abri-lo. Me faltava mais um assunto antes de me preocupar com aquele desafio estúpido. Encontrei Blast facilmente, ele me esperava, ou a outro alguém. Ando em sua direção e ele se desencosta da árvore.
-Achei que você ia se esconder de mim.
Eu estou com raiva. Queria socá-lo, queria que seu sangue fizesse uma poça em volta do seu corpo. Eu me controlo.
-Já aceitei o desafio. Mas vou treinar sozinha.
Ele dá um passo em minha direção.
-Sem mim você não vai conseguir.
-É o que vamos ver.
Eu passo por ele, estou com tanta raiva que poderia derrubar a árvore mais próxima. Eu queria encontrar Lucas, queria fugir dali. Mas corria o grande risco de ser raptada de novo. Eu estava andando sem rumo pela floresta. Ouço alguém falar com voz artificial para que os jogadores se apresentem na Arena. Eu vou andando, DD me encontra no portão.
-Boa jogada, iniciante.
Eu ignoro, mas ela permanece do meu lado até chegarmos na Arena. Posso ver Blom e Ky acenarem para mim. Eu podia tirá-los daqui.
A voz artificial começa um comunicado.
-Hoje teremos uma mudança de planos jogadores. Apresento á vocês..A Morte Súbita!
Todos os jogadores começaram a falar, nos jogos, morte súbita poderia ser a eliminação imediata do time em uma competição. Ninguém sabe o que significa aqui.
-Quero que cada equipe escolha três jogadores que melhor os representem. Eles serão os primeiros a jogar.
A equipe azul se reuniu em uma bola de jogadores, todos eles falavam ao mesmo tempo. DD os interrompeu.
-Eu vou. Escolham os outros dois manés que virão comigo.
Eles se olharam pensativos e eu encarei o chão até que tudo ficou em silêncio. eles olhavam para mim.
-Eu?
-É, agora escolhe o outro.
Eu olhei no rosto de cada um dos jogadores no meu círculo, eles estavam com medo, ansiosos e confusos. Havia um único rosto que sorria.
-Blast.
Ele se adiantou em vir ao meu lado. Tinha um sorriso cínico no rosto que me dava vontade de socá-lo até os zumbis terem nojo dele. A voz artificial tornou a falar.
-Jogadores apresentem-se.
Um por um de cada equipe falou seu codi-nome com o peito inchado e tanta certeza que me deu medo. Minha voz era apenas um sussurro.
-Ghost. Equipe Azul.
A voz nos mandou formar um círculo no meio da praia, os outros jogadores deveriam ir para as arquibancadas.
-O que você acha que a gente está fazendo aqui.
Blast sussurrava perto demais do meu ouvido. Eu não o respondi. Quem sabe o que se passa na cabeça do Doutor (Jason). Eu observei os outros jogadores, Ky e Bloom não estavam ali. Se isso de morte súbita fosse algo entre matar os outros jogadores, eu não teria que matá-los.
-Que suas armas sejam entregues.
Surgiram algumas meninas, cabelos cortados á navalha como de meninas japonesas, rostos de boneca e vestidos brancos. Aquilo devia ser brincadeira. A mesma menina que entregou minha espada, a trouxe para mim. Ela me fez abaixar para ouvi-la.
-Isso é uma armadilha. Assim que puder, fuja!
E ela saiu saltitando com as outras garotas-fantasmas. Aquilo me perturbou. Como assim uma armadilha? Pra onde eu deveria fugir? Por que diabos essa menina estava me ajudando?
-Jogadores, eu lhes apresento, A Morte Súbita. Esse desafio consiste em sobreviver á vários ataques de zumbis e fazer com que sua equipe mantenha o mesmo número de integrantes. A equipe que perder um integrante deve se retirar da Arena. A equipe vencedora ganhará um jantar especial. Que comece o jogo!
Nos entreolhamos por alguns segundos, não teríamos que matar as equipes adversárias, mas é claro que DD não pensava assim.
-Tentem matar algum membro de cada um deles, assim sairemos mais rápido.
-Não precisamos matá-los.
DD me olhou.
-Deixe que os zumbis façam isso.
Ela chegou bem perto do meu rosto, era da minha altura, eu encarava seus olhos.
-Pense assim e acabará morta. Vamos acabar com isso.
Eu não irei matá-los, não irei matá-los não irei.... O primeiro zumbi corre em nossa direção, meu primeiro intuito é me afastar, correr para bem longe com a minha espada." Isso é uma armadilha. Assim que puder, fuja!" Eu repassava a frase da garotinha enquanto corria. Mais zumbis, eles nos cercavam e estávamos a pelo menos 3 metros de distância um do outro. Eu não olhava para as outras equipes. Olhava para os zumbis que corriam em nossa direção, estaríamos cercados em poucos minutos. Tentei me afastar, mas a menina da equipe amarela me derruba na areia.
-Você vai ser a primeira a morrer. Ghost.
Ela cuspiu meu nome, tinha em mãos uma adaga muito parecida com a do meu sonho, eu girei meu corpo e agora estava sobre ela.
-Eu não vou te matar, tomara que os zumbis façam isso.
Ele tentava sair de baixo de mim mas eu era mais pesada, segurei seus braços em cima de sua cabeça e olhei para trás no minuto em que um zumbi se jogava na minha direção,  peguei a adaga que caiu do meu lado e me desviei assim que o zumbi caiu na areia. Ele se atrapalhou todo para levantar e eu ainda tinha a garota do amarelo debaixo de mim. O zumbi rastejava na direção da menina, eu me levantei e a chutei a menina do amarelo na barriga.
-Isso é por tentar me matar sua vaca.
E o zumbi mordeu seu pescoço enquanto ela abraçava a barriga. Eu corri com a adaga em uma mão e a espada em outra. Parei com os pulmões em fogo para prender a adaga no passa cinto do meu shorts. Outro zumbi vinha e eu só tive tempo de levantar a espada e cair com o impacto, ele estava preso á uma certa distância de mim e tentava me alcançar com as mãos podres. Eu o chutei com toda a minha força e me levantei rapidamente enquanto ele tentava se levantar, num golpe cortei sua cabeça com a espada. Corri de novo e olhei para a Arena, estava uma confusão só. Humanos brigavam com humanos, zumbis tentavam morder humanos, humanos lutavam com zumbis e a areia da praia das conchas era manchada de vermelho. Eu estava cansada, corri muito, mal comi e estava exausta pela falta de sono. Alguém se aproxima, estou agachada mas ouço os passos surdos na areia, levanto com a espada no pescoço de quem se aproxima. Estou ofegante e Blast também. Ele levanta as mãos em rendição.
-Calma, só vim oferecer uma mão.
Eu tiro a espada.
-Não quero nada de você.
Viro as costas e continuo observando a carnificina á minha frente. Ele coloca a mão no meu ombro, eu me viro e o ameaço com a espada.
-Se eu fosse você pararia com isso.
Ele sorriu e ergueu as mãos. Alguns zumbis corriam em nossa direção, eu vi os corpos inertes dos outros jogadores. Onde estava DD? Os zumbis se aproximavam, eu me preparei. Se eu não os matasse eles iriam me matar, se eu ão os matasse eles iriam me matar... O primeiro zumbi investiu contra mim, eu dei um pulo para a esquerda deixando ele dar de cara com uma árvore, Blast continuou batendo a cabeça dele até ele parar de se mexer. Outros estavam chegando, eu não estava com força para cortar a cabeça deles, então só os parava, fazia um corte nas pernas, ou nos braços ou os deixava presos na lâmina enquanto Blast terminava de matá-los. Eu estava exausta. Uma buzina soou.
-Parabéns á equipe azul! São os vencedores desta noite.
As meninas voltaram para pegar nossas armas, eu estava suja, suada, havia sangue nas minhas mãos e na lâmina da espada. Eu estava passando mal. Me ajoelhei na areia.
-Eu disse para você fugir.
Eu olhei para a menina, ela sinalizou a espada com sua cabeça.
-Pra onde eu vou?
Ela sorriu.
-Eu te ajudo, me encontrei no portão do seu acampamento depois do jantar. Vou te ajudar a sair daqui.
Ela pegou minha espada, nem se importou de manchar o vestido de sangue. Saiu saltitando com as outras meninas. Alguém me levanta, eu estou farta. Exausta, cansada, esgotada de tudo aquilo. Tiro a mão de Blast do meu ombro, percebo que estou com a adaga da menina do amarelo.
-Eu poderia te esfaquear agora mesmo.
Ele sorri.
-Você não faria.
Eu pego a adaga mas o Doutor Sociopata caminha até nós.
-Parabéns meus jogadores, sua equipe será recompensada pelo seu esforço. Vão se limpar, tenho uma proposta para os dois.
Eu não via DD em lugar nenhum, Alguém coloca a mão no meu ombro e eu me viro com a adaga apontada para o peito de DD.
-Nossa, olá pra você também.
Eu sento na areia.
-Qual é? Um joguinho e já está assim?
Ela ri. Eu apoio a cabeça nos joelhos. Fecho os olhos mas só consigo ver os corpos ensanguentados. Eu corro. Estou correndo até a cachoeira. Vou tentar lavar esse sangue de mim. Estou correndo, pulando pedras e desviando de troncos. Essa é a minha praia. O meu paraíso. Olho para o céu azul, olho para o padrão semelhante de árvores. Eu estou perto. Me lembro de quando descobri esse caminho.
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" -Tem certeza de que é por aqui tio? A gente veio do outro lado...
Ele não olha para mim, está procurando alguma coisa no alta das árvores.
-Tá vendo aquela árvore ali?
Ele aponta para uma árvores que é visivelmente mais alta do que as outras.
-Você tem que chegar até ela.
Andamos até a árvore grande, que está bem no meio de duas trilhas.
-Agora a gente vai pra direita. Não esquece, árvore grande depois direita.
Seguimos pela trilha, é mais escuro aqui dentro da floresta. Não há asfalto, mansões ou ricaços tomando champanhe. Eu gosto desse lugar.
-Agora tá vendo aquela pedra ali?
-Parece uma estrela do mar.
-Isso. A gente vai na direção dela.
-Então é árvore grande, direita e estrela do mar?
-Isso Bia, você aprende rápido.
Ele sorri e bagunça meus cabelos molhados por causa do mergulho que nos trouxe para a outra costa da praia. Passamos por cima da pedra estrela do mar e tiramos alguns galhos do caminho. O que eu vi foi impressionante. Era uma cachoeira, a cachoeira da praia. Só que privativa e muito mais legal. Era como uma rua sem saída formada por paredes de pedra e árvores, havia uma grande poça funda de água onde a cachoeira caía. Eu empurrei meu tio lá dentro.
-Pra voltar pra praia é muito simples. É só seguir aquela trilha ali.
Ele apontou para o caminho sinuosos de pedras que havia pouco depois do fim da poça."
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Acho a árvore, vou para a direita, demoro um pouco e acho a pedra que não parece nada com uma estrela do  mar e sim com algo achatado e estranho. Pulo a pedra, tiro alguns galhos e estou de volta ao meu paraíso. Mergulho na poça de roupa e tudo, fico submersa pelo tempo que meus pulmões permitem. Em baixo da água esfrego m pouco de musgo nas roupas para o sangue sair. Eu quero ficar ali pra sempre. Mergulho mais uma vez só para fazer as imagens de hoje sumirem, só para ter mais um pouco de paz. Quando abro os olhos há uma faca apontada para o meu pescoço.

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