Bem Vindos...

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

What The Fuck Is Going On Here!?

Eu acordei com a luz fraca do amanhecer e um vento gelado que entrava pela porta, eu estava sozinha na delegacia. Eu olhei para a tomada onde PET estava carregando e a luz do botão interno piscava num incessante verde. Eu retirei o colar da tomada e coloquei no pescoço, saí da delegacia para uma manhã nublada e com garoa na cidade. Não vi a moto do garoto e sinceramente, não queria vê-lo tão cedo. Enquanto planejávamos como eu iria resgatar meus amigos, ele dizia que era difícil, que seriam muitos seguranças contra ele, que ele não conseguiria e não queria de jeito nenhum levar um tiro. Irritante. Eu dei uma volta pela cidade, enquanto andava por uma rua cheia de lojas, um letrei parcialmente iluminado me chamou a atenção. Era uma loja de artigos em couro. Eu sempre quis uma blusa de couro igual a da Taylor Momsen, eu entrei rapidamente, sabia que a cidade estaria limpa, pelo menos Lucas sabia fazer isso. Depois de procurar, achei uma jaqueta aceitável, que serviu perfeitamente. Havia um espelho na loja, eu me olhei atentamente. Estava mais alta, isso era notável, meu cabelo também estava mais comprido e mais rebelde, eu passei a mão nos fios que não queriam ficar no lugar, olhei para as minhas mãos e as unhas estavam fortes e compridas, fiquei surpresa ao ver que eram bem mais bonitas assim do que roídas e quebradas. Eu me aproximei para olhar meu rosto, haviam mais algumas sardas no meu nariz, o rosto estava de certa forma, diferente, com traços mais adultos e isso me fez pensar se toda a experiência não me fez crescer mais. Eu sempre fui a mais madura do meu grupo de amigas, sempre observei os possíveis resultados antes de tomar alguma decisão. Até eu estar com raiva, quando eu estava irritada fazia tudo sem pensar, estava pouco me fodendo para as consequências e quem estivesse no meu caminho com certeza era levado junto. Eu cresci sim. Apesar de ter perdido a cabeça por um tempo, apesar de ser alvo de um psicopata maluco, apesar de ter matado metade dos meus amigos. Eu cresci.
-Porque está chorando?
A voz do garoto me deu um susto, estava bem atrás de mim.
-Ei, calma. Tá tudo bem.
Ele disse e me abraçou mas eu desviei.
-Desculpa, eu só não...- Percebi que haviam lágrimas caindo pelo meu rosto então as enxuguei rapidamente e caminhei até a porta.- Vamos, eu vou tirá-los de lá.
O garoto me acompanhou até a delegacia, estávamos carregando as armas, eu estava com três pistolas e uma metralhadora que o garoto achou no observatório, o que foi muito útil, porque tínhamos vários pentes de munição daquela coisa.
-Tudo pronto?
Eu perguntei enquanto subia no Jipe.
-Sim. Ah propósito, qual o seu nome?
Ele perguntou sorrindo.
-Não ouviu os outros falando? Me chamo Bia.
Eu disse e fechei a porta, ele continuava parado.
-Pedro.
Ele disse, virou as costas e caminhou até sua moto. Ao ouvir o nome dele meu coração apertou, não havia pensado em como esse garoto era parecido com ele, com Blast. Ignorei o que sentia e liguei o Jipe e dirigi pela estrada, vendo Pedro em sua moto pelo retrovisor o caminho todo. Claro que seria sútil demais entrar pelo elevador, mas infelizmente era a única entrada que eu conhecia, então iria entrar atirando em todo mundo. O caminho de volta foi mais rápido, a trilha dos pneus estava bem marcada na terra e não demorou muito para que eu estivesse no círculo de terra. Vasculhei a bolsa rapidamente e a coloquei no ombro, com o objeto que eu queria em mãos e a metralhadora pendurada pela bandoleira, eu estava pronta para aqueles desgraçados.
Lancei um olhar significativo para Pedro antes de me esconder atrás do carro, eles iriam ficar muito confusos.
Como esperado, o elevador chegou ao seu destino e eu pude observar vários passos cautelosos chegando mais perto, quando perdi a conta de pares de pés eu puxei o pino da granada de gás lacrimogêneo com a boca e a lancei por cima do carro. O barulhinho ficou mais constante e alguns gritos vieram tarde demais, o salão todo estava coberto por uma fumaça que irritava os olhos. Eu puxei a blusa para cobrir o meu nariz e corri o mais rápido que pude antes que a fumaça se dissipasse. Alguns funcionários me viram e ao invés de atirar neles, eu batia com a coronha da arma para que eles desmaiassem. Corri sem rumo para fora do salão e ouvi o alarme soar outra vez. Eu não tinha tempo, não sabia onde eles estavam e Pedro não estava mais comigo. Droga.
Ouvi passos e gritos de homens á minha direita, respirei fundo e saí de trás da parede, atirando. Certo, quase caí no chão com a força dos tiros e a maioria não acertou os oito soldados armados que estavam na minha frente. Assim que eles se levantaram do chão eu corri até eles, fazendo-os ficarem lá. Não ia adiantar, eu sei, mas precisava ganhar tempo. Eu estava correndo na direção em que os soldados vieram, seria muito provável que eu encontrasse mais deles. Fui virar para a esquerda e lá estavam, mais três, armados até os dentes e quando me viram, correram atrás de mim. Ainda fugindo deles, coloquei a mão na bolsa que estava atravessada no meu corpo procurando um cilindro pequeno. Assim que achei, puxei o pino com a boca e lancei a granada para trás, era outra de gás lacrimogênio, iria atrasá-los. Continuei corrento até meus pulmões estarem em brasa, estava envolta em fumaça e corria cegamente sem poder respirar direito. Alguns metros a minha frente havia uma pesada porta de concreto entreaberta, sem pensar duas vezes, eu entrei e me tranquei lá dentro. Estava tossindo e chorando por causa do gás quando uma voz robótica do tipo" Avast " Me dava as Boas-Vindas. Estranhei tudo aquilo, dei um passo á frente e uma luz se ascendeu no chão, iluminando uma longa passarela. Continuei andando, e a cada vez que fazia isso uma luz ao meu lado revelava uma vitrine.
-Não pode ser...
Continuei andando até ver o primeiro corpo. Uma menina franzina, estava encolhida no canto da cela de vidro, eu me aproximei para olhar melhor e quando a menina olhou para mim, dei dois passos para trás. Não acreditando no que estava vendo. Era DD. Darkness Death me encarou e um sorriso malicioso se formou em seus lábios rachados. Ou eu estava louca, ou ela era duas vezes pior do que eu. Eu andei para trás até minhas costas baterem em outra vitrine. Ky estava com a mão no vidro, um olho roxo e um corte na boca, mas me olhava de um modo que quebrava meu coração. Andando mais á frente ví os garotos e garotas das outras equipes, todos vestidos com os mesmo trapos velhos, alguns estavam bastante machucados, outros bastante magros e desidratados. Bloom encarava o corte profundo no seu antebraço quando passei por ela,seus olhos encontraram os meus por um segundo antes dela voltar a encarar o braço. Eu comecei a me sentir mal, podia ouvir meus batimentos cardíacos, minha visão estava turva e escura, mas não me permiti desmaiar. Não aqui, não agora. Continuei andando sabendo o que encontraria a seguir. Com passos cautelosos, percebi que estava mancando um pouco, não sentia dor e tampouco teria percebido se não estivesse olhando para frente. Eu havia levado um tiro, outro para ser mais exata, na coxa. Não estava doendo, mas eu estava perdendo sangue. Muito sangue. E não sabia desde quando, o que poderia ser fatal. Assim que vi o sangue comecei a passar mal de verdade. Minha cabeça latejava e eu sentia ânsia de vômito. Nada legal. Me forcei a olhar para frente e meu sonho era realidade. Vinnicius me encarava com os olhos vermelhos de um lado, ele estava com a camiseta preta, a cabeça com um curativo e um sorriso malicioso nos lábios. Olhei vagarosamente para o outro lado, me apoiando em uma das vitrines, para não vomitar. Blast estava ali, com os cabelos negros desgrenhados, uma jaqueta de couro e botas de motoqueiro. Eu perco todo o ar que me resta. Como eles o capturaram? Ele estava bem do meu lado! Eu escuto um riso.
-Confusa, amor?
-Calado!
Eu grito para Vinnicius, ele está rindo, ainda de braços cruzados.
-Deixe-me explicar, tudo o que você sabe, está errado.
-Você não morre nunca?
Eu digo irritada, sentindo uma súbita vontade de colocar tudo o que comi na vida, para fora. Lágrimas caem sem meu consentimento e eu sinto minha cabeça ficar mais pesada. ouço gritos do lado de fora, ouço a voz irritada de Doutor Sociopata, há um clarão atrás de mim, viro a cabeça e tudo gira. Ele me achou. Vinnicius sorri enquanto ele se aproxima, acompanhado de quatro seguranças.
E então, não há mais nada, além da escuridão.

sábado, 24 de novembro de 2012

All Over Again

Os seguranças fizeram questão de nos algemar, fizeram questão de levar meus amigos para longe de mim. Eu fui num Jipe separado, junto com Doutor Sociopata e a menina estranha. Ótimo, não vi Lucy e o garoto desde que acordei, não sei se estão bem, não sei se Lucas não fez alguma besteira enquanto não estava aqui. Doutor Sociopata estava no banco do passageiro, eu estava com as mãos atrás das costas, enquanto a garota estranha abria e fechava um canivete num barulho irritante, eu a encarava e ela retribuía, encarando-me.
-Para com essa merda.
Eu disse pausadamente, ela deu um sorriso cínico e continuou. Eu bufei e me ajeitei na cadeira, verificando se meu pé alcançaria a cara daquela vagabunda. Após alguns minutos daquela irritação, Doutor Sociopata vira para nós.
-Para com isso Júlia.
Ele diz entredentes e vira para frente outra vez. Júlia guarda o canivete e começa a me encarar assustadoramente. Eu viro o rosto e encaro a paisagem, ainda sentindo o olhar dela sobre mim. Porque essa garota é tão parecida comigo? Porque Jason é tão interessado em mim? O Jipe diminuiu a velocidade, estávamos na clareira, o Jipe parou no meio do círculo de terra e foi descendo, eu olhava para todos os lados, tentando fazer algum reconhecimento do local. Nada familiar. Terminamos de descer e parecia que eu estava no meio do filme Resident Evil, o laboratório era idêntico ao do filme, vários funcionários com jalecos brancos e algum tipo de prancheta eletrônica andavam pelo lugar. Era tudo muito irreal.
-Olha, um fã de Resident.
Eu digo quando Doutor Sociopata me pegou pelo ombro para me tirar do Jipe.
-Que bom que percebeu, venha, vou lhe mostrar o resto do meu trabalho.
-Eu tenho escolha?
Digo encarando-o.
-Não.
Ele diz e sorri. Doutor Sociopata me leva por um longo e demorado tour pelo laboratório subterrâneo, tudo aquilo parece um set de filmagens do primeiro filme da série Resident Evil, misturado com The Walking Dead no episódio que eles encontram um cientista lá... Esse cara é mais doente do que eu pensava. Ele me mostrava as salas que mais pareciam laboratórios de química, mostrou a sala de treinamento onde vários garotos atiravam em um alvo a 50 metros de distância. Pera, como eu calculei isso? Eu sou horrível em matemática? Continuamos andando até um largo corredor que terminava com uma porta de concreto, com senha eletrônica e tudo.
-O que tem ali?
Jason olhou na minha direção e sorriu.
-Nada.
-Ah claro, vou trancar ar, atrás de uma porta de concreto de 22 centímetros, com senha eletrônica com uma combinação de mil e quinhentos números. Fala sério. Pera, o que eu acabei de dizer?
Ele deu um risinho e continuou a andar para longe da porta estranha. Eu estava tentando entender como magicamente eu consegui falar aquelas coisas, eu nunca seria capaz de calcular as provabilidades de combinações da porcaria de uma senha eletrônica, ou a distância de um alvo, ou a largura de um bloco de concreto. Nunca.
-Chegamos.
Doutor Sociopata me empurrou para dentro de uma sala onde havia uma maca, dois funcionários esquisitos, uma máquina com vários fios e vários raios-x de corpos inteiros, crânios e outras partes do corpo humano. Os dois funcionários sinalizaram a maca e o aperto da mão de Jason no meio ombro ficou mais forte.
-Não.
Eu disse entredentes e joguei o ombro para trás afim de me livrar da mão dele. Eu consegui e corri em direção á porta, ele agarrou a minha mão que estava algemada atrás das costas. Eu tropecei com a parada brusca que meu corpo sofreu, eu cai de costas no chão, Jason caminhava na minha direção e a única chance que eu teria seria se ele estivesse no chão. Foi o que eu fiz. Com um rápido movimento da minha perna direita eu chutei a parte detrás do seu joelho direito e ele caiu de joelhos, depois eu chutei a sua barriga, na região do estômago e logo depois o queixo, bem do lado direito. Ele caiu, provavelmente desacordado. Os dois funcionários correram até mim e eu desviei do soco do primeiro antes que me atingisse. Eu nunca teria feito isso. Me levantei rapidamente do chão e me virei para os dois. Eles já estavam ofegantes e eu também deveria estar. Mas não. Eles avançaram de novo e eu permaneci no lugar, os dois tentaram agarrar meu tronco mas eu me abaixei, acertei algum deles com a minha cabeça quando levantei,  aproveitei que um estava no chão e chutei a parte sensível de qualquer homem, logo depois a barriga, o outro conseguiu me agarrar por trás, eu coloquei os dois pés no chão e consegui empurrá-lo para trás, por sorte havia uma parede e ele caiu com a mão na cabeça, eu empurrei suas costas para baixo e ele bateu a cabeça com tudo no chão, uma poça de sangue começou a se formar em volta dele. Eu nunca tive força pra fazer isso. O que diabos tá rolando aqui? Eu tive que abrir a porta de costas porque minhas mãos estavam algemadas, assim que abri corri porta afora o mais longe que podia daquela sala, daquele laboratório, de tudo. Corri para qualquer direção enquanto um alarme soava alto por todo o lugar, eu virei a esquerda num corredor vazio e me sentei rapidamente só para colocar minhas mãos para frente. Feito isso eu voltei a correr, consegui, com muito esforço chegar até o hangar dos Jipes e do elevador. Entrei em um que estava com a chave no contato, dei marcha ré e entrei no elevador escutando os protestos inúteis dos funcionários. Eu estava subindo, estava livre. Lá em cima a claridade me cegou por alguns instantes, eu dirigi cegamente enquanto recuperava a visão, por pouco não bati em uma árvore. Dirigi por dentro da floresta, sabendo que seria mais difícil seguir os rastros, logo entrei no asfalto e segui até a cidade. Meu coração esta a mil, embora eu pensasse claramente as direções que pudesse tomar, eu sabia as minhas opções e tudo isso era muito estranho. Eu cheguei na cidade por volta de uma hora depois que fugi, havia um lindo pôr do sol no horizonte e seria perfeito se meus amigos estivessem aqui. Mas não estavam. Jason os levou para o laboratório subterrâneo de onde eu fugi. Eu entrei na delegacia e analisei o lugar. A entrada estava bem protegida pelo menos, as mesas da recepção estavam viradas, a passagem estava sendo dificultada por cadeiras e outros objetos que estavam no caminho, eu passei por tudo isso e cheguei nas celas, havia uma mesinha pequena junto de uma cadeira, a cela estava aberta, havia uma cama com um travesseiro e um objeto pequeno no chão. Eu me agachei e vi que era o colar militar de PET. Ela também havia sido levada mas eu podia trazê-la de volta. Apertei um minúsculo botão no verso do colar e observei enquanto a imagem holográfica surgia a minha frente.
-Você... Mas co-como você escapou?
-Não ganho nem um oi?
Eu digo e sorrio, ela me abraça forte. Não sei como isso é possível mas e daí. Ficamos abraçadas por um tempo até que eu ouço o barulho familiar de uma motocicleta.
-Espera aí tá?
Eu digo e corro pela porta lateral até o lado de fora para encontrar o garoto estranho daquele outro dia.
-Você está bem? Mas...
-Calado.
Eu digo enquanto ele desce da moto, ele está sem capacete e usa a jaqueta de couro e as botas de motoqueiro.
-Eu vi o que aconteceu mas não deu tempo de ajudar e...
-Não deu tempo?
Eu pergunto.
-A cidade toda é monitorada por câmeras, eu estava do outro lado vendo isso.
-Câmeras?
-Você vai ficar repetindo partes do que eu digo?
Ele diz sorrindo.
-Não.
-Então, eu estava lá do outro lado buscando alimentos e essas coisas quando ouvi um bipezinho irritante, eu segui o barulho até um observatório abandonado. Acontece que lá não tá abandonado e tem energia elétrica! Eu acho que a cidade toda tem, enfim, eu entrei lá e o bipe ficou mais alto até uma sala cheia de televisões mostrando imagens da cidade, mostrando seus amigos sendo atacados e tudo o mais. Eu não vi você.
-Quer dizer que a cidade toda é monitorada e você descobriu isso, viu meus amigos sendo atacados e não tentou vir pra cá?
-Você disse que não ia ficar repetindo- Nós dois sorrimos mas eu voltei a fazer cara séria- Acontece que eu tentei vir pra cá, mas um monte de zumbis estava no caminho e eu estava cuidando deles para que não tomassem conta da cidade, ta bom assim pra você?
-Ta ótimo. Ei, nenhum dos meus amigos reclamou por você ter entrado no grupo?
Eu perguntei chutando um pouco de terra.
-Não.
-Estanho, mas hoje está sendo um dia bem estranho. Vamos, eu tenho que tirar meu amigos de lá.
-Quer ajuda?
-Se eu falei "Vamos" é porque eu quero, né?
Eu disse puxando-o pela mão em direção a delegacia. Pet disse que sua bateria estava acabando por causa da transformação em holograma e em colar, eu sei lá. Ela voltou a ser um colar e eu pluguei ele na tomada para que carregasse, o botão interno ficou vermelho. Depois disso eu fiquei a tarde inteira planejando entrar lá e acabar de vez com a cara de Jason, quando a lua estava bem alta e iluminando toda a praça da cidade eu fiquei realmente cansada, não como se estivesse estudado o dia inteiro, mas como se todas as minhas forças estivessem esgotadas. Eu dormi na delegacia, na cama onde estava e o garoto dormiu no chão ao meulado.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

I'm a Zombie

Coloquem Zombie Do The Pretty Reckless pra tocar enquanto leem.
http://www.youtube.com/watch?v=S7v5FqQ9M_g

Narração- Autor
Ela não está te escutando
O corpo da garota permanecia imóvel enquanto o caos domina do lado de fora da delegacia
Ela está vagando pela existência
Enquanto seus amigos tentam proteger o lar que construíram, na cidade abandonada
Sem propósito ou direção, Porque no fim somos uma mentira.
Ela mesma se pergunta se tudo isso não é apenas um sonho. Se quando acordar, ainda estará brava com Vinnicius por tê-la feito ficar com um registro permanente na delegacia. Ainda estará brava com seus pais por não entenderem que não foi sua culpa o que houve semana passada. Ainda assistirá filmes com as meninas no final de semana. Passará de ano, irá fazer uma faculdade, arranjar um emprego, dividir um apartamento com uma amiga e dar festas ás sextas á noite. Sem nenhum zumbi, sem nenhum amigo morto, sem nenhum doutor sociopata maluco tentando matá-la.

Júlia Cortez não é o que vocês pensam.
Caros todos vocês que me injustiçaram, Eu sou um zumbi.
Ela também não sabe o que é, você tem alguma ideia?
Outra vez vocês querem que eu caia de cabeça
Jason Mueller é a chave de todos os segredos, mas ele não pode guardá-los para sempre
Eu sou, eu sou, eu sou um Zumbi
Ele sabe o que Júlia é
O quão pra baixo, pra baixo, pra baixo você me empurrou
Logo, logo você também vai saber
Vá, vá, vá antes que eu me deite morta
A garota que está imóvel na delegacia está muito perto de morrer

Quem diabos é Lucy?
Sopre a fumaça para dentro do tubo
Ela causou a maioria das feridas pelas quais a menina chora hoje
Beije suavemente minha ardente ferida
Qual é mesmo a tradução do nome Lucy para o português?
Estou perdida no tempo
A irmã da Júlia está perdida na mesma cidade em que eles estão.
E para todas as pessoas deixadas para trás
Chega de dar as respostas
Vocês estão andando mudos e cegos


O corpo inerte de Bia parece um pouco mais pálido do que há alguns dias atrás, olhando mais de perto a respiração também diminuiu. Ela pode morrer. Enquanto a respiração diminuta parece normal, do lado de fora, seus amigos tentam contem um bando de vinte zumbis e uma garota que se parece muito com a Bia, exceto pelos olhos cinzentos e as sardas no nariz, herdadas de uma doadora anônima que  Jason não sabe o nome.
Júlia e Lúcia têm um DNA muito intrigante, mas não é hora para isso. A garota se aproxima armada até os dentes, com uma expressão raivosa e orgulhosa por saber que eles não tem saída.
-Para trás!
Lala grita, tentando achar um modo de pensar rápido sobre a situação.
-Temos que reagir rápido.
Anne olha assustada para os lados, procurando uma solução.
Eles não têm saída, todos eles se aproximam e juntam as mãos, não há como ganhar. Eles se preparam para o grupo de zumbis, mas os mortos-vivos para á alguns metros do pequeno grupo.
-Vocês vem comigo.
Uma outra voz surge atrás dos zumbis, a expressão facial da garota muda rapidamente ao ouvir a voz.
Jason contorna os zumbis e fica frente á frente com o grupo de amigos.
-Não.
Talita diz entredentes enquanto eles, instintivamente, colocam as mãos nas armas.
-Eu nunca disse que isso era uma escolha. Guardas!
Ele chama e repentinamente vários guardas de uniforme surgem ao seu lado.
-A gente não vai com você.
Pamella diz e dispara, sem mirar, na direção de Jason, o tiro acerta de raspão no braço direito do Doutor Sociopata. Ele grita e seus seguranças não hesitam em reagir, um tiroteio começa, o grupo se dispersa e a cena toda parece um filme de ação.

Caros todos vocês que me injustiçaram, Eu sou um Zumbi.
Um pequeno movimento de dedos, um suspiro e os olhos piscam. Olhos castanhos se abrem e ela se levanta. Respira por mais um tempinho enquanto olha em volta, olha para PET que está bem ao lado dela, com um olhar surpreso.
-Bom vê-la de novo.
Ela sussurra, limpando a garganta para poder voltar a usar a voz.
-M-Melhor você ir lá fora.
A garota acena com a cabeça e calça o all-star que estava posicionado estrategicamente ao lado de seu leito. Ela se levanta, carrega a arma e sai, cobrindo os olhos por causa da claridade.

Narração- Talita Beulke
Estávamos lutando por nossas vidas, de novo, porque um cara estranho chegou e falou que a gente ia com ele. Eu estava recarregando a arma, quando olhei de relance para a delegacia, e vi a Bia. A BIA! Ela tinha acordado! Finalmente! Eu não sabia se corria pra abraçá-la, ou se atirava naqueles seguranças malucos.
Alguém chamou meu nome, mas eu só pude puxar a pessoa e apontar para onde a Bia estava.
-AI MEU DEUS!
 Pamella disse e se levantou do banco em que estávamos escondidas.
-BIA!
Ela grita e eu vejo vários olhares se voltando para a delegacia, vejo também muitos sorrisos e muitas bocas abertas. Ninguém hesita em correr e atirar na direção da delegacia. Nem mesmo eu.

Narração- Bia
Eu nem acordei direito e já tem um tiroteio imenso do lado de fora. Eu chacoalho os ombros e corro na direção do meu único alvo. Jason Mueller, vulgo, Doutor Sociopata. Estou prestes a alcançá-lo quando alguém me derruba. Sinto uma enorme dor do lado direito do corpo. Recupero e fôlego e tento alcançar o revólver que caiu da minha mão, mas uma menina está em cima de mim. Ela segura meu rosto com uma mão, o analisa por um instante e me solta com brutalidade, eu bato a cabeça no asfalto. Ela se levanta e tenta me imobilizar, mas eu sou mais rápida e a derrubo outra vez, pegando a arma que ela carrega e a minha que alcanço quando a derrubo no chão. A arma dela eu aponto para sua cabeça e a minha aponto para o Doutor.
-Mandem eles pararem.
Eu digo ríspida, volto meu olhar para ele e para a garota que está em baixo de mim. Jason faz um gesto com  a mão e os tiros cessam.
-Vejo que continua durona.
Ele diz e sorri, eu engatilho a arma.
-Não estou pra brincadeiras, acabe logo com essa merda e me deixe em paz!
Eu digo gritando, não aguento mais esse cara. A menina em baixo de mim se mexe e eu a observo pela primeira vez. Ela é igual a mim, exceto pelos olhos. Eu me assusto e baixo a guarda por um instante, tempo o bastante para que ele me derrube e me imobilize.
O que diabos está acontecendo aqui?
Jason ri e observa enquanto a menina me levantava com facilidade.
-Ótimo. Tenho tudo o que preciso.
E eles nos enfiam em um furgão branco para Deus sabe onde.


segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Little Things- Parte II

Narração- Gabe Muniz
Certo, um ano e meio atrás eu estava super a fim da única garota que me colocou na linha. Anne e eu sempre fomos amigos, mais como inimigos do que amigos. Ela estava presa num bar na praia de Pitangueiras quando me ligou, eu estava tentando achar um jeito de salvar a minha própria pele daqueles zumbis. ZUMBIS! Quem diria?
De um tempo pra cá, andamos com o grupo dessa baixinha estranha chamada Bia, ela é super companheira, queria carregar todo mundo e acabou se metendo em muita confusão, mas salvou todo mundo.
-Como ela está?
Anne pergunta enquanto caminhamos pela trilha que leva até o campo estranho com Jiper Militares.
-Sinceramente, acho que ela está desistindo. A garota passou por muita coisa, lutou até onde pode e, honestamente, eu me sinto um pouco aliviado por ela, quer dizer, ela não vai mais sofrer.
Anne para de repente e me encara.
-Você se sente aliviado?
Ela pergunta me fuzilando com os olhos.
-Você é um idiota.
Ela diz e retoma o passo.
-O que eu fiz agora?
Eu resmungo e a sigo pela trilha.
Narração- Júlia Cortez.
-O que estão esperando? Vão arranjar alguma coisa pra fazer!
Eu grito e apoio os pés na mesa do escritório onde estou. Desde que aquela pirralha arruinou o campeonato do meu pai, tivemos que nos esconder aqui em baixo. Certo, não era ruim, eu tinha empregados que faziam o que eu mandava, tinha comida, e podia atirar num número razoável de zumbis. Era no mínimo, divertido.
Mas Jason estava tão obcecado em achar a garota que se esqueceu de mim, e da Lúcia, minha irmã mais nova que saiu pra um reconhecimento de uma cidade próxima, e não voltou até agora. Eu não estou surpresa, Lúcia é esperta e uma ótima mentirosa, mas Jason deveria estar preocupado, são suas filhas que estão em jogo, porra!
Ele entra acompanhado de duas secretárias.
-Eu preciso disso pronto até semana que vem!
Ele grita com uma das mulheres.
-Sim senhor.
Ela faz uma reverência e some nos corredores brancos.
-O que essa garota tem de mais afinal!
Eu digo irritada, estou abrindo e fechando um canivete, impaciente com a demora.
-Ela é especial.
Jason diz com um sorriso no rosto.
-Mas o que ela tem de especial?
Pergunto, tirando os pés da mesa.
-Ela não...
Ele é cortado pela secretária inútil que trabalha aqui em baixo.
-Senhor, há um código seis no perímetro.
Ela diz e mostra a prancheta eletrônica que contém os vídeos da segurança.
-Ótimo.Temos visitantes. Júlia, cuide disso pra mim, sim?
Eu suspiro e caminho em direção á entrada do laboratório, se ao menos esses adolescentes se escondessem em outro lugar.
Eu passo na sala de armamentos e pego algumas armas e munição, não preciso de reforços, eu trabalho sozinha. Espero até que o elevador chegue á seu último nível, a claridade não me incomoda. Eu caminho para fora do círculo de terra que é o elevador. Caminho um pouco até avistar as duas figuras desprezíveis que se esconderam na floresta.
-Eu consigo vê-los. Idiotas!
Eu grito com a arma em punho. Eles não se mechem. Ótimo, vou até eles.
Narração- PET.
Stand By. Stand By. Stand By. Stand By.
Iniciando operação. Alterando dados. Recuperando a memória. Última entrada- 23-12-12.
Bia! Ela estava em apuros! Ai Deus! Eu a deixei, como eu pude deixá-la? Porque ela não me reiniciou? Espera, quem é essa garota que está me encarando? Ah é! Ela não me conhece ainda!
-Saudações, meu nome é PET, sou o Programa de Evolução Técnica. Estou destinada á jogadora de nome Ghost.
A garota me encara, eu pisco e clareio a mente.
-Onde está a Bia?
Ela pisca com a minha pergunta, ainda não acreditando.
-O-Oque é você?
-Sou um programa de computador, estou destinada á Bia, escolhi ajudá-la a escapar da ira sem razão de meu Criador.
Ela pisca e olha para além de mim. Para o corpo inerte de Bia.
-Oh Deus! O que aconteceu?
Eu me coloco ao lado do corpo, analisando rapidamente os danos. Há uma atividade cerebral muito pequena, não há danos físicos graves além de pequenos cortes e hematomas.
-Parada Cardio-Respiratória. Ela ficou morta por pelo menos, três minutos.
-Isso é preocupante, pode trazer sequelas muito sérias.
-Eu sei.
Ela responde e volta a olhar o corpo.
-Ela vai... Sobreviver?
Eu pergunto, pela primeira vez, insegura.
-Eu não sei, estou considerando a opção de ela estar desistindo sem perceber, ela sofreu demais sabe...
As palavras morrem e a garota sai da sala para atender um walkie-talk.
Narração- Larissa Beulke.
-La...La! Es...Me...Vindo?
As palavras saem cortadas e muito baixas, eu saio da delegacia pra ver se tem mais sinal.
-Gabe?
Eu digo mas ele não responde. Há um tempo de estática e eu posso ouvir um "Corra!" Antes do chiado começar.
-Mais alto!
Ouço alguém dizer para os meninos enquanto tentam erguer a lona da barraca.
-Não há tempo a tempestade está vindo.
-Temos que entrar!
-Andem!
Estou quase entrando no abrigo quando percebo que Gabe não está ali.
-Alguém viu o Gabe?
-Não. Ele deve estar lá dentro.
Lucas diz, ele estava tão irritante depois que salvamos a Bia, não entendia nada daquilo.
-Vou procurar por ele.
Eu grito em meio aos ventos, a tempestade está mais próxima do que imaginávamos.
-É suicídio!
Ele grita mas eu já estou longe. Onde diabos aquele garoto se meteu? Estou olhando para o chão e cobrindo o rosto por causa do vento. Trombo em alguém.
-Aí está você!
Eu digo puxando seu braço mas ele não vem.
-Gabe?
-Temos que sair daqui.
Estava prestes a perguntar o porquê quando vejo um bando de mais ou menos vinte zumbis vindo em nossa direção. Meu olhar se volta para Anne que vem correndo em nossa direção.
-Não estamos salvos!
Ela grita e passa por nós.
Estou os seguindo para tirar todo mundo daqui, quando vejo uma garota, muito parecida com a Bia, andando em nossa direção.
Estamos perdidos.
Corro tentando reunir o máximo de pessoas para lutar, agarro a mão de Phe antes que ele pergunte alguma coisa, coloco um revólver em sua mão e corro para avisar os outros.
-Isso é loucura!
Lucas diz enquanto o caos nos controla.
-Cala a boca e ajuda seu moleque!
Eu grito e corro até Anne para tentar deter os zumbis que se aproximam. Como que queria que a Bia acordasse.