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sábado, 5 de maio de 2012

Fora de Rumo Parte III

Caroline abriu o portão e os homens foram entrando na casa branca desgastada. Depois foi a nossa vez. A casa em si era comum, móveis velhos e empoeirados, alguns porta-retratos com os vidros quebrados e as fotos em preto e branco, o primeiro cômodo a sala, era pequena e mal iluminada já que toda a iluminação presente era proveniente de velas. Me perguntei se tantas velas não causariam um incêndio. Passamos pela cozinha que parecia tão abandonada quanto a sala e Caroline abriu a porta para o quintal. Ela estava com a roupa militar que os homens que a acompanhavam estavam usando, só que o seu cabelo loiro estava preso em um rabo.O quintal era uma  zona de poucos metros com um gramado verde e alguns canteiros com legumes. A área toda era cercada e eletrificado, o que não era tão eficaz já que a eletricidade parecia não chegar ali há muito tempo. Passamos pelo canteiro de cenouras, o que reconheci por uma placa pintada á mão que tinha o desenho do tal legume. Poucos metros dali havia uma casinha de cachorro, o teto pintado de vermelho, o nome Max pintando em letra cursiva com tinta preta. Essa imagem me lembrou da minha cadelinha, que eu deixara morar com meu avô no sul. Eu desviei o olhar, já era muita coisa pra se pensar, não precisava me atordoar com outras lembranças. Caroline esperou até que o homem, que para mim parecia seu braço direito, levantasse uma porta de madeira que estava no chão, daquelas que levam para porões nos filmes. Alguém ficou ombro a ombro comigo.
-Você não acha tudo isso estranho demais?
Lucas estava andando enquanto sussurrava ao meu lado.
-Acho, mas por enquanto a gente só olha. Eu só vou ficar tempo o bastante pra não causar nenhuma má impressão. Enquanto isso mantenha isso aqui - eu apontei para a mochila que ele trazia da delegacia- bem longe das mãos de qualquer um.
Ele concordou uma vez com a cabeça e se afastou um pouco, mas não tão longe.
Os homens que acompanhavam Caroline desceram primeiro, ela foi depois de lançar um " Venham depois de mim" para nós. Eu estava na beira da escada escura que nos levaria até um lugar que não sabíamos.
-Eu acho melhor você não entrar aí.
Eu olhei para Lucas que estava encarando a beira da escada.
-Ei, causar uma boa impressão se lembra? Eu vou, vocês esperam aqui.
Ele segurou meu braço.
-Nada disso. Você não vai descer lá sozinha e desarmada. Eu vou com você.
Eu me virei para o grupo, eles estavam colados nos ombros dos outros como se eles se recusassem a ir mais longe.
- Eu vou descer, só para agradecer a hospitalidade de Caroline e dar o fora daqui. Depois podemos seguir com a viagem até a praia.
Eles concordaram. Gabe veio até mim.
-Você vai precisar disso.
Eu sorri, ele me entregou a arma.
-Obrigada.
Me virei para descer a escada, estava apenas á um passo da escuridão quando ouvi a voz de Caroline.
-Vamos criança, não temos o dia todo.
Olhei para Lucas que me olhou de volta. Tínhamos que entrar, ou eles nos perseguiriam até Deus sabe onde. Eu desci, ciente da mão de Lucas no meu ombro, ciente da arma carregada em minhas mãos e pronta para o que quer que acontecesse.
Não estava pronta. Quando cheguei no último degrau, entrei num ambiente tão claro que pisquei várias vezes para que meus olhos se acostumassem. Daí alguém me puxou para a direita, obviamente para me separar do Lucas. Eu ainda via tudo um pouco embaçado quando abri completamente os olhos. Todos os homens que acompanhavam Caroline estavam em círculo ao meu redor, ela estava sentada em uma cadeira dourada com estofamento vermelho, claramente se divertindo com a cena. Lucas estava em algum lugar no meio dos homens, todos apontavam facas e pedaços de madeira e ferro. Caroline riu.
-Seria muito injusto deixá-los armados contra você criança. Aposto que você sabe algumas coisas. Nunca teria passado pelo nosso comboio com aquele bando de toupeiras que está no seu grupo. Ah, não se preocupe com eles criança, eles serão muito bem hospedados. Assim como os outros.
-E o que você planeja? Me forçar a lutar com seus homens até que eu morra? E depois vai fazer o que?
Ela ponderou um pouco.
-Vou fazer você ver seus amiguinhos morrerem, um a um, isso não será divertido criança?
Eu avancei nela, infelizmente seus homens colocaram-se ombro a ombro para protegê-la. Ela riu de novo.
-Sim! Isso será muito divertido.
Ela estalou os dedos e alguém empurrou Lucas para o meio do círculo formados pelos homens de Caroline. Ele caiu de joelhos eu fui ajudá-lo a levantar, assim que ele ficou de pé, dois homens de Caroline vieram em nossa direção. Um deles ergueu a barra de ferro tentando me acertar, eu pulei para a esquerda, ele continuou avançando. Me perseguindo até eu ficar encurralada. Sabia que não podia chegar perto da barreira formada pelos homens de Caroline, e avançar contra aquele soldado seria certamente um suicídio. Eu apontei a arma para ele, mas o homem não parou. minha última escolha foi atirar. Ele caiu no chão ainda tentando chegar em mim. O buraco do tiro, manchava de sangue o ponto vital de qualquer humano.
-Lucas!
Ele estava tentando alcançar uma arma que deixaram no chão quando viu o sangue e o zumbi domesticado ainda avançando contra mim.
-Na cabeça!
Eu disse.
-Na cabeça!
Ele concordou. Assim que o zumbi caiu no chão, outros dois vieram contra mim. Eles estavam mais rápidos e motivados do que o primeiro. Lucas já estava com quatro o atacando, ele havia disparado apenas duas vezes. Eu continuava atirando nos zumbis de Caroline, algumas vezes errava o alvo mas acertava alguém da barreira quase-humana de Caroline. O zumbi não se mexia, não reagia. Assim que eu matava um dos soldados dela, outros dois corriam da barreira que se estreitava cada vez mais. nos deixando sem tempo para pensar em algo que não fosse atirar e correr. Então eu entendi, isso tudo era apenas um jogo para Caroline, um jogo doentio e elaborado. Para cada soldado morto, outros dois vinham o substituir, de modo que a barreira diminuía toda vez que mais soldados avançavam. Estávamos no ponto de que Lucas estava lutando com seis soldados de Caroline e eu com quatro. Um barulho. Click-Click. Eu não tinha mais balas, não havia carregado a arma desde o pátio dos carros e a deixara nas mãos de Gabe que podia muito bem ter disparado algumas vezes. Larguei a arma. E corri na direção dos zumbis, um deles estava com uma faca, o outro com um pedaço de metal afiado e os outros dois estavam desarmados. Tentei derrubar um zumbi, agachei no chão e dei uma rasteira no zumbi que caiu e bateu a cabeça com tanta força que até eu teria morrido. Ele não se levantou, infelizmente outros dois correram na minha direção. Eu estava tentando fazer o mesmo com outro zumbi quando senti a lâmina da faca no meu braço direito, dei um breve grito e me virei bem a tempo de desviar de outro golpe. Eu segurei a mão do zumbi que deixou cair a faca, eu a peguei rapidamente e cravei-a em sua cabeça. O que não foi nada bonito de se ver. O sangue espirrou no meu rosto e a faca ficou presa lá de modo que eu estava desarmada outra vez, enquanto eu tentava retirar a faca dali algum zumbi, provavelmente o que estava com o pedaço de metal afiado, me acertou nas costas, eu caí por cima do corpo do zumbi, era tarde demais para me levantar ainda assim o fiz, eles continuavam atacando, minhas mãos, minha coxa, meu braço já cortado e minha testa. Eu estava de joelhos, dois deles me levantaram  e um deles me deu um soco na barriga. Eu fiquei sem ar, estava exausta, machucada e via pontos roxos em todo o lugar. Caroline bateu palmas duas vezes. Eles levantaram meu corpo de modo que eu ficasse quase em pé, mas estava cansada demais para olhá-la, ou para olhar Lucas. Minha cabeça estava abaixada, eu estava quase caindo dos braços dos zumbis.
-Ora ora criança, até que foi uma bela diversão que você me trouxe,hã!
Ela se levantou, eu vi os seus coturnos militares passarem por mim.
-Bom, até que você leva jeito.
Eu tentei olhar, ela estava parada na frente de Lucas, que estava no chão, arfando de cansaço, com algo prateado em mãos. Todos os zumbis que estavam o atacando, estavam parados imóveis do seu lado. Ele tentou de algum modo atacar Caroline que apenas deu um passo para trás e fez um barulho de reprovação com a boca.
-Não não criança, não devemos tratar os mais velhos assim.
-O que me importa sua vaca!
Ela deu uma risadinha. Fui arrastada até ela. Caroline pegou meu rosto com as duas mãos e deu uma boa olhada.
-Uma pena mesmo, desperdiçar um rosto bonito como o seu.
Me deram um soco. O gosto de sangue ficou na minha boca, e não era só o gosto havia muito sangue na minha boca. Eu cuspi, também não foi nada bonito de se ver. O sangue vermelho fez uma pequena poça no chão branco. Minha cabeça doía, a boca sangrava, tinha algum lugar do meu corpo que ardia muito e eu estava cansada, muito cansada. Caroline continuava falando com Lucas.
-Viu,criança? Tudo o que você fizer vai acabar com a pobrezinha aqui- Ela apontou para mim- então, não faça nenhuma gracinha.
Caroline saiu da frente dele. Lucas estava ajoelhado, seu rosto estava com alguns pequenos cortes, ele estava quase chorando, foi o bastante pra me deixar com raiva. Os zumbis que me seguravam mal viram o que os acertou, eu já estava correndo. Caroline só soube que eu estava atrás dela quando sua cara foi de encontro ao chão, eu a derrubei e estava em cima dela com o objeto brilhante que Lucas estava segurando. Em algum ponto lá atrás eu devo ter pego, o objeto era uma adaga mais ou menos do comprimento da minha mão, com uma pedra vermelha incrustada. A adaga brilhou quando eu a levantei e ameacei matar Caroline. Ela não fechou os olhos, não implorou por sua vida, não fez nada além de ficar com um sorriso malicioso na boca.
-Vamos criança, mate-me.
Eu a encarei.
-Você estava esperando por isso não é? Sua doente!
Ela deu uma risada histérica, eu havia perdido a raiva em mim. Não tinha como matá-la agora. EU não conseguiria. Caroline parou de rir, meus joelhos estavam pressionando os seus braços contra o chão frio, seu movimento com a mão foi passou quase despercebido. Quase. Quando seus zumbis pegaram Lucas, a adaga já estava em seu pescoço.
-Mande soltá-lo.
Ela apenas riu.
-Anda!
Eu apertei a adaga até que a linha escarlate começou a sair.
Ela berrou.
-Soltem! Soltem ele!
Eles não o fizeram. Infelizmente era tarde demais para Caroline. A adaga deslizou tão facilmente por seu pescoço que, de início achei que nada tivesse acontecido, mas aí gotas de sangue vermelho começaram a escorrer, depois linhas, e depois disso o sangue começou a espirrar. Os olhos de Caroline se fecharam, e ela parou de se debater. Ela havia morrido, incrivelmente os seus zumbis domesticados pareciam fazer o mesmo. Eles caíam inconscientes enquanto o sangue vital de Caroline formava uma grande poça no chão.
-Vamos sair daqui!
Lucas e eu corremos escada acima, o mais rápido que conseguíamos, com as pernas machucadas e os múltiplos ferimentos. Lá em cima, as coisas estavam melhores. Eles pareciam ter cuidado muito bem dos poucos soldados que Caroline mandara.
-Vamos dar o fora daqui!
Eles se apressaram em nos acompanhar. Assim que entrei no carro pude sentir a gravidade dos ferimentos. Tudo doía, tudo ardia, tudo rodava e eu ainda via os pontos roxos em todo o lugar.
-Vamos dar uma olhada nisso depois.
Eu ouvi a Lala dizer, e então, tudo virou escuridão.

2 comentários:

  1. omg, mulher louca 'o' parabéns \õ/ adorei o capítulo (:

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  2. *leitora nova* e ualll eu ammmeiii sua historia continuaaaaaa e concordo com a menina de cima q ute mulher doida e continuaaa

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