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sexta-feira, 16 de março de 2012

Um ultimo encontro Parte II

-Eu te conheci antes de tudo isso, foi assim que eu soube.
Sabe quando você dá de cara com uma porta de vidro? Foi o que eu senti.
-Como assim. Ele não estava não estava inseguro, travando ou com dificuldade de explicar como ele me conhecia. Não tinha lugar algum que eu poderia ter conhecido o Lucas.
Ele me encarava.
-Me explica, por favor. Eu realmente não lembro.
Ele suspirou.
-Eu imaginei que você diria isso. Você se mudou para um apartamento na Pitangueiras, ou sua avó. Sei lá. Eu tinha um apartamento lá também, eu vía você com os meninos, mas nunca tive chance de falar com você até que...
-O dia em que jogamos verdade ou desafio. Minha voz era um sussurro, não podia ser o mesmo menino.
Então eu me lembrei.
Faltava uma semana para o ano novo, eu estava jogando cartas com a galera do condomínio.
-Truco!
-Não é justo, eu não sei como esse jogo funciona.
Eu não sabia mesmo como jogar essa porcaria de jogo.
-Por que não jogamos 21?
Milena era a minha amiga do condomínio, mas nada me faria esquecer o velho prédio. Ele estava com as minhas lembranças, a minha infância. Minha vó mudou para cá porque estava com medo da criminalidade na Enseada, só que ela acha que um morrinho vai separar tudo isso.
-Por que vocês jogam então? Vão brincar de fofocar, sei lá.
Victor era o metido do prédio, morava aqui desde os 8 anos e achava que mandava em tudo.
-O baralho é meu seu mané. Vocês só jogam se eu quiser.
Eu mostrei a lingua para ele. Ele bufou.
-Só porque minha mãe não gosta que eu desça as coisas de casa.
E olhei para o céu, como de costume todo estrelado. Essa era a minha ilha, o meu paraíso.
-Vou beber água. Sem olhar minhas cartas em!
Eu me levantei, o bebedouro não era tão longe, mas ficava num canto escuro. Era sinistro, se a noite não estivesse tão bonita eu poderia contar as antigas lendas do meu velho condô. Eu ouvi passos, não que eu estivesse assustada, desde que pisei aqui os meninos tentam me assustar.
-Saiba que isso não vai funcionar meninos, eu sei todas as regras de terror que vocês nunca vão decorar.
Os passos continuavam vindo mais perto.
-Já sei, vocês tem alguma lanterna aí?
Eu estava rindo. Era patético.
-Oi?
A voz era estranha, rouca. Como se não fosse usada a pouco tempo.
-Quem tá aí?
Não que eu estivesse assustada mas não era ninguém que eu conhecesse então era meio estranho.
O menino chegou mais perto, estava a alguns centímetros de mim.
-Nossa como você tá aguentando com esse moletom?
Ele riu.
-To acostumado.
Eu estava de shorts e uma regata, estava quase pulando na piscina de tanto calor e o menino estava de calça jeans e moletom com o capuz sobre o rosto. Ele era estranho.
-Bia!
Gritaram meu nome e Milena estava lá com os meninos. Pedro, Matheus e Gabriel desceram também.
-Vamos jogar Verdade ou Desafio? Eles que deram a idéia. Ah! Oi Estranho.
Ela zombava do menino á minha frente, sem ao menos conhecê-lo.
-Vamos?
-Tá.
Eu olhei par ao menino.
-Quer vir?
Ele se assustou, deu um passo para trás. Milena puxou meu braço e sussurrou no meu ouvido.
-Cara, esse menino é muito estranho, nunca disse uma única palavra toda vez que vem pra cá. Você não vai convidar ele, vai?
-Vou sim.
Eu andei até o menino e o puxei pela mão, ele estava frio. Estranho.
-Bom, já sabem né? Quem não aceitar o desafio vai cumprir algo bem pior.
O jogo continuou até todo mundo cansar e subir. Eu fiquei com o menino estranho até o silêncio tomar conta de tudo.
-Eu te desafio a me contar um plano maluco seu.
Eu sorri e contei para ele sobre meu plano sobre o apocalipse zumbi, ele riu.
-Isso sim é maluco.
Ele me encarou por alguns minutos, o rosto dele estava escuro pela sombra
do capuz.
-TIRA  esse capuz menino!
-Não.
Ele riu. Eu estava prestes a arrancar aquele negócio da cabeça dele quando eu ouço um Bia estridente.
-SOBE AGORA!
-Desculpa.
 Eu disse para o menino e sai correndo antes que minha mãe me matasse.
Eu nunca mais vi aquele menino. E agora o reencontrei.
-Tudo bem?
O Lucas pegou a minha mão.
-Você é aquele menino, o do condomínio. Porque você não me falou antes?
Ele colocou a mão na cabeça.
-Eu não sabia se você ia lembrar de mim.
Ele deu um riso tímido tão fofo.
Eu ouvi um barulho.
-Eu tenho que ir.
Ele pegou minha mão.
-Eu te vejo amanhã.
Quando eu saí o Vinicius estava olhando a cena lá dentro. Foi estranho, mas eu não me senti mal.
Eu deitei no capô do carro, estava cansada demais para procurar o meu celular, cansada demais para dar atenção para o Vinicius e cansada demais para tentar lembrar outra ocasião onde eu tenha visto o Lucas. Eu estava cansada. E eu adormeci com o céu estrelado do meu paraíso e com tantas coisas na cabeça que eu tenho preguiça até de contar.

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